Propostas da indústria para atenuar os efeitos da pandemia

Revista Indústria Brasileira mostra todas as sugestões que a CNI apresentou ao governo federal para amenizar os efeitos da crise provocada pelo coronavírus

Propostas foram apresentadas pela CNI ao governo federal

Em marco, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) encaminhou ao Presidente da República, Jair Bolsonaro, e ao Ministro da Economia, Paulo Guedes, um conjunto de propostas – elaboradas em parceria com Federações da Indústria e Associações Setoriais –, nas áreas de tributação, política monetária, financiamento, normas regulatórias e legislação trabalhista, voltadas ao enfrentamento e à atenuação dos efeitos da crise econômica decorrente da pandemia da Covid-19. “O objetivo é assegurar a sobrevivência das empresas e, consequentemente, a manutenção dos empregos dos cerca de 9,4 milhões de trabalhadores do setor”, pontua um dos trechos do documento.

Até o dia 17 de abril, das 39 propostas apresentadas, 21 já tinham sido adotadas pelo governo. Entre elas, a possibilidade de redução proporcional de jornadas de trabalho e salários ou a suspensão do contrato de trabalho; a prorrogação do prazo de pagamento de financiamentos com bancos públicos e de desenvolvimento; o adiamento da entrega das declarações de Imposto de Renda; e a prorrogação automática, por 90 dias, da Certidão Negativa de Débito (CND).

Outras dez propostas tinham sido parcialmente adotadas, como o adiamento do pagamento de tributos federais, como PIS/ Cofins, Contribuição Previdenciária e Simples Nacional, e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Apenas oito ainda aguardavam decisão, como a redução temporária de tarifas de energia elétrica por meio da redução de encargos setoriais e a melhoria do sistema de garantias para obtenção de financiamentos. Para o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, as medidas anunciadas pelo governo são positivas, mas é preciso avaliar o real impacto delas. “Em termos de efetividade, ainda faltam ações, em especial na disponibilidade de garantias para que as empresas tenham acesso aos novos recursos disponíveis para financiamento e o adiamento do pagamento de outros tributos federais, como IPI, Imposto de Renda Pessoa Jurídica e CSLL”, explica. 

Facilitação do crédito

Robson Andrade destaca, também, que a maior oferta de crédito e a redução dos custos de financiamento são outras ações fundamentais para que as empresas consigam atravessar o período de baixa atividade econômica, provocada pelas ações de combate à pandemia. Ele chama atenção, ainda, para três ações que, na visão da indústria, fariam a diferença na obtenção de capital de giro para as empresas que terão o faturamento drasticamente reduzido: autorização para que o Banco Central opere com títulos privados e direitos creditórios, como forma de financiar diretamente as empresas; ampliação dos índices de cobertura da carteira do agente financeiro (stop loss) do BNDES FGI e do Fundo Garantidor de Operações; e suspensão, por 90 dias, da exigência de regularidade previdenciária e da Certidão Negativa de Débitos (CND) para financiamentos com recursos públicos.

Consulta feita pela CNI, nos últimos dias de março, levantou informações sobre os prejuízos das indústrias que, com o passar dos dias, ficam ainda mais evidentes. Mais da metade das 734 empresas entrevistadas registrava uma intensa queda na demanda provocada pela covid-19. Como consequência, os industriais relataram a redução expressiva do faturamento e da produção.

Diante desse cenário, lideranças do setor industrial defendem que é preciso adotar estratégias extremas para fazer com que o crédito chegue mais rápido às empresas e a um custo baixo. “Uma das alternativas é o Tesouro Nacional assumir grande parte do risco dos financiamentos. Isso já foi feito na Europa e nos Estados Unidos e é o único modo de evitar os pedidos de falência e o aumento do desemprego”, afirma presidente da CNI.

Nesse sentido, a entidade elaborou um novo conjunto de medidas destinadas a garantir o acesso ao crédito, que incluem empréstimos diretos da União, via Banco Central e bancos públicos. As propostas foram construídas a partir de uma ampla consulta aos líderes do setor e contemplam pequenas, médias e grandes empresas.

Em outra frente, a CNI apresentou, a autoridades dos Três Poderes, uma proposta para a realização de um planejamento estratégico com vistas a uma retomada gradual e segura das atividades industriais no país, a ser adotada no momento em que as autoridades sanitárias considerarem mais adequado.

A sugestão – que tomou como base estudo do Imperial College of London sobre a experiência bem sucedida da Coreia do Sul e da Alemanha no combate à pandemia do coronavírus – prevê que, durante o período de retomada gradual das atividades industriais, sejam realizados testes rápidos para detecção do coronavírus nos trabalhadores a cada 15 dias. A operação seria escalonada, aumentando a cada mês, até que os 9,4 milhões de trabalhadores da indústria pudessem retomar suas atividades.

“A estratégia é complexa, mas possível de ser realizada. É dever da indústria ter um olhar cuidadoso para com os trabalhadores do setor, bem como o oferecimento de propostas que ajudem o Brasil a se planejar para a retomada das atividades produtivas, fundamental para a garantia de emprego e renda aos brasileiros”, defende o presidente da CNI.

A Indústria contra o coronavírus: vamos juntos superar essa crise

Acompanhe todas as notícias sobre as ações da indústria no combate ao coronavírus na página especial da Agência CNI de Notícias.

Relacionadas

Leia mais

Empresas doam suportes em alumínio para respiradores de UTIs de São Paulo
VÍDEO: A indústria é essencial
VÍDEO: SENAI, indústria e governo do Rio Grande do Sul se unem para consertar respiradores

Comentários