O que você precisa saber sobre capital de giro

Esse recurso merece atenção porque, apesar de ser mais utilizado para pagar contas e dívidas, também pode servir para aumentar a capacidade do negócio

Para manter um bom capital de giro precisa identificar, cortar gastos e negociar com parceiros quando necessário

Sabemos que nas micros e pequenas empresas, o dono do negócio também cuida do estoque, da venda e da administração dos pagamentos. Nesse contexto, o capital de giro é um dos pontos que exige ainda mais cuidado, já que é o dinheiro utilizado para manter as atividades diárias.  

É esse recurso que demonstra quanto a empresa tem disponível em seu ativo de alta liquidez - bens e direitos que podem ser convertidos rapidamente em dinheiro - para pagar as obrigações de curto prazo como fornecedores, impostos e salários de funcionários. 

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Fatores como problemas de gerenciamento e aspectos econômicos do mercado podem fazer com que a empresa sinta a necessidade de recorrer a empréstimos voltados diretamente para o capital de giro. Porém, o recurso não serve apenas para essas questões e pode ser benéfico desde que bem ponderado para não prejudicar a saúde financeira da empresa. 

“Empréstimo para capital de giro pode ser usado não somente para pagar contas e compromissos do dia a dia, mas também para expandir e aumentar a capacidade do negócio. MPEs, por exemplo, acabam tendo mais gastos do que ganhos no início do negócio. Assim, recursos extras são fundamentais para impulsionar a empresa. O empréstimo, nestes casos, pode ser uma boa opção”, conta a gestora do Núcleo de Acesso ao Crédito da Bahia, Ana Paula Almeida.  

A seguir, o NAC e a gestora da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB) respondem as principais dúvidas dos empresários sobre capital de giro e linhas de crédito para essa finalidade:

1. É possível criar uma empresa sem capital de giro? 

Inúmeros são os casos de pessoas que desejam abrir um negócio, mas esbarram com a falta de recursos financeiros para começar. Um dos grandes empecilhos apresentados pelos empreendedores para iniciar o seu negócio, de fato, é a falta de capital disponível para investir.  

A melhor opção é estruturar um bom plano de negócio, fazer todos os relatórios de viabilidade econômica e apresentar isso para algum sócio investidor, instituição financeira ou avalista que possa financiar o projeto. Lembrando que a empresa vai precisar de mais tempo para quitar os débitos e alcançar um ponto de equilíbrio no fluxo de caixa.  

Por fim, vale destacar que apresentar capital de giro negativo nem sempre é ruim. Quando ocorre por um curto período, não é tão preocupante. Se o negócio ainda está no começo ou crescendo, é normal haver mais investimento e custos. Muitas vezes nos primeiros meses ou anos os ganhos não correspondem aos gastos.

2. Como guardar dinheiro para ter capital de giro? 

Os principais motivos que levam a variação de recurso ou “capital próprio” são a redução nas vendas, aumento na inadimplência por parte dos clientes, despesas não esperadas que excederam as previsões, ou seja, tudo o que não estava previsto e que demandará aumentos de saídas de dinheiro ou redução nas entradas programadas. 

O gestor financeiro precisa conhecer os prazos e como a operação funciona para poder quantificar a necessidade de capital. É fundamental entender os períodos entre a compra da matéria-prima até a venda dos produtos. O ciclo de caixa da empresa compreenderá o período entre o pagamento da matéria-prima até o recebimento das vendas.

3. Como cuidar do capital de giro da sua empresa?  

Para manter um capital de giro satisfatório é importante que o empresário siga algumas recomendações: 

Identificar e cortar gastos: É preciso acompanhar todos os gastos fixos, assinaturas, ferramentas, dívidas, entre outros, analisar cada um deles e pontuar aqueles que podem ser cortados ou reduzidos.

Controle e acompanhamento: Disciplina para evitar alguns erros comuns, como utilizar o capital de giro para cobrir despesas que não são da empresa.  Manter sempre uma reserva para eventualidades.

Negociação com parceiros: É importante dialogar com os fornecedores, procurando formas de pagamento mais confortáveis, solicitando aumento de prazo ou desconto no preço à vista. Por outro lado, para os clientes, sempre que possível reduzir os prazos de financiamento.

Antecipação dos pagamentos a receber: Procurar instituições financeiras e antecipar os valores que teria somente no futuro, estando sempre atento às taxas de juros cobradas e verificar se, de fato, vale a pena para empresa. 

Solicitação de empréstimo: Em caso de a empresa necessitar pagar compromissos e não ter recurso em caixa, o empréstimo é uma alternativa. Contudo, é importante que haja planejamento e pesquisa dos menores juros do mercado. 

4. Linhas de crédito para capital de giro tem valor mínimo? E valor máximo?   

O valor liberado varia de acordo com o faturamento da empresa e as análises efetuadas pelas instituições financeiras (bancos, agências de fomento).  

O limite de crédito é librado de acordo com a capacidade de pagamento da empresa, tomando por base o faturamento fiscal anual e outras variáveis analisadas para o risco de crédito. 

No geral, valores de até R$ 100 mil para capital de giro, as liberações ocorrem com aval dos sócios e, acima desse valor, com a apresentação de garantias ou utilização de fundos garantidores.  

O crescimento ou nível de endividamento da empresa influencia na capacidade de pagamento frente ao mercado financeiro que impacta nos limites disponibilizados. Operações de crédito, que ainda estão com saldo devedor em andamento, podem repercutir no crescimento das empresas. 

5. Quais são os principais erros que as empresas cometem com capital de giro? Ou na hora de tomar empréstimo com essa finalidade? 

Fazer um empréstimo para empresa sem a real necessidade: Em especial as empresas de pequeno porte por falta de habilidade ou de experiência no assunto. Nesses casos, a decisão de contrair um empréstimo para empresa pode ser prematura se não for corretamente analisada. É importante avaliar os indicadores de liquidez, endividamento, rentabilidade sobre venda, por exemplo, para verificar se o empréstimo é uma opção viável para o cenário em que a empresa se encontra. 

Não pesquisar as alternativas de crédito no mercado: Existem outras possibilidades além do banco onde a empresa possui conta, sendo muitas vezes até mais atrativa. Importante realizar uma pesquisa detalhada em outras instituições financeiras para ampliar as alternativas de crédito. 

Comparar apenas as taxas de juros: Ficar atento aos encargos, taxas administrativas e condições de pagamento são alguns deles. Afinal, podem elevar o valor total que será necessário para pagar empréstimo. Então, se o objetivo é garantir um bom negócio, deve-se comparar o Custo Efetivo Total (CET) da operação e o saldo final do devedor.  

Usar a conta pessoal no empréstimo para empresa: Esse erro é um dos mais cometidos por empresários de pequeno porte e aqueles menos informados, misturando o capital pessoal com o da empresa e comprometendo a organização financeira. Outro ponto é o mal uso do CNPJ, em relação a destinação do uso do recurso para pessoa física. 

Não definir o destino do recurso: Ao solicitar um empréstimo é importante ter definido um destino para o montante, para não se desviar dos objetivos principais da empresa naquele momento. Sem essa definição, quando se consegue fazer empréstimo e o saldo fica disponível na conta corrente, pode tirar o foco das prioridades. 

Não atualizar as previsões orçamentárias: Após conseguir o empréstimo, algumas empresas se acomodam e esquecem que a cobrança do pagamento em algum momento irá chegar. Para evitar desencontros financeiros, é importante que as previsões orçamentárias sejam atualizadas e não haja risco de endividamento. Honrar as parcelas é uma maneira de nutrir o relacionamento com as instituições financeiras e possibilitar novos créditos no futuro.

Tem dúvidas? O NAC Responde! 

Todo mês, o NAC Responde, produzido pela Agência de Notícias da Indústria, tira as dúvidas mais frequentes de empresários e gestores na hora de buscar crédito para os negócios 

“Por meio das orientações, o NAC facilita o acesso ao crédito de micros, pequenas e médias empresas industriais. O crédito é essencial para o funcionamento das empresas, seja para viabilizar novos investimentos ou para atender às necessidades rotineiras de caixa”, pontua o gerente de Política Econômica da CNI, Fábio Guerra. 

Desde 2015, o NAC assessora MPEs industriais sobre as linhas de crédito disponíveis no mercado, dando suporte com informações sobre documentação, taxas de juros, garantias, número de parcelas, itens financiáveis, entre outras. Saiba mais pelo site do Núcleo de Acesso ao Crédito (NAC) ou entre em contato com a federação das indústrias do seu estado. 

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