Indústria reduz excesso de estoques e eleva produção em agosto, mostra pesquisa da CNI

Sondagem Industrial aponta que ajuste dos estoques foi parcial e que a atividade industrial segue próxima à observada ano passado. Expectativas sobre temas como demanda e quantidade exportada caem

Após uma sucessão de aumentos, o nível de estoques da indústria brasileira manteve-se estável em agosto. A Sondagem Industrial, divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta segunda-feira (23), mostra que o índice de evolução dos estoques ficou em 50,1 pontos no mês passado. Essa estabilidade ocasionou um ajuste parcial dos estoques, revelado pelo índice de nível de estoque efetivo em relação ao planejado, que recuou de 52,8 pontos para 51,7 pontos. Numa escala que vai de zero a 100, valores acima de 50 pontos indicam crescimento do nível de estoques ou estoque efetivo acima do planejado.

 “Ainda há estoques indesejados, mas o excesso não planejado diminuiu na comparação com o registrado em junho e julho. Esse resultado sugere que futuros aumentos da demanda, quando acontecerem, poderão gerar maior estímulo à produção”, afirma o economista da CNI Marcelo Azevedo.

 

PRODUÇÃO INDUSTRIAL - A produção industrial, por sua vez, cresceu em agosto. O índice de evolução da produção registrou 51,4 pontos, mantendo-se acima da linha divisória de 50 pontos. Mais uma vez, valores acima de 50 pontos indicam crescimento da produção.

Ressalte-se, contudo, que o movimento de alta na produção é comum para o mês e que o índice de agosto de 2019 é inferior ao registrado no mesmo período dos últimos anos. Isso significa que o crescimento deste ano, na passagem de julho para agosto, foi menor e menos disseminado que em anos anteriores.

“O excesso de estoques indesejados é uma das razões para o crescimento da produção em nível menos acelerado em agosto, na comparação com o mesmo mês dos últimos anos”, diz Azevedo.

Diante do cenário, a atividade industrial, medida pela Utilização da Capacidade Instalada (UCI), segue próxima à de 2018. Em agosto, a UCI aumentou um ponto percentual, para 69%. O índice continua em trajetória muito similar à observada no ano anterior – com notável exceção de maio de 2018, ocasião da greve dos caminhoneiros. No entanto, a UCI continua longe do patamar observado nos anos pré-crise. Para se ter ideia, o indicador está cinco pontos percentuais abaixo da média do mês de agosto, considerando o período de 2011 a 2014.

Já o índice de evolução do número de empregados atingiu 48,6 pontos em agosto, um aumento de 0,2 ponto em relação a julho. O indicador abaixo de 50 pontos sinaliza queda no emprego.

EXPECTATIVAS EM QUEDA – A pesquisa mostra ainda que, embora os empresários permaneçam otimistas com relação aos próximos seis meses, todos os índices de expectativas dos industriais recuaram ligeiramente em setembro. Os índices de expectativa de demanda e de quantidade exportada caíram em 0,6 ponto; o índice de expectativa de compras de matérias-primas caiu em 0,9 ponto; e o índice quanto ao número de empregados caiu 0,1 ponto.

Mesmo apresentando variações negativas, todos os índices permanecem acima dos 50 pontos, indicando otimismo para o setor.

Em setembro, os empresários reduziram também seu apetite por investimento. O índice caiu em 0,6 ponto na comparação mensal, atingindo 53,5 pontos. Apesar da queda, está acima do registrado no mesmo período de 2018, em 2,7 pontos, e da média histórica, em 4,3 pontos.
 

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