Indecisão dos governos europeus pode arrastar todo o mundo para a crise, alerta Lawrence H. Summers

Os países europeus precisam adotar ações mais efetivas para combater a crise financeira na região

Os países europeus precisam adotar ações mais efetivas para combater a crise financeira na região. Caso contrário, as consequências serão desastrosas e atingirão todo o mundo. O alerta foi feito pelo economista Lawrence H. Summers, ex-diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, nesta quarta-feira, 26 de outubro, na palestra de abertura do 6º Encontro Nacional da Indústria (ENAI).

"Os efeitos da indecisão dos governos europeus serão severos para todos", advertiu Summers, no evento organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que reúne cerca de 1.500 empresários no Transamérica Expo Center, em São Paulo.

Na avaliação de Summers, apesar das reformas que fortaleceram a economia nos últimos anos, o Brasil não está imune às crises externas. Lembrou que, mesmo com a expansão do mercado interno e a redução da vulnerabilidade da economia na última década, o crescimento do Brasil também depende do cenário internacional. “Se os governos europeus não resolverem a crise financeira e restabelecerem a confiança dos mercados e os Estados Unidos não voltarem a crescer, o Brasil enfrentará problemas”, disse o economista.

Para ele, a retomada do crescimento econômico nos Estados Unidos depende de medidas fiscais que estimulem o consumo das famílias, do aumento dos investimentos em infraestrutura, de políticas de incentivo à criação de empregos e ao crédito. "É o momento de aceitar mais riscos, de fortalecer a confiança e evitar regulamentações que não sejam essenciais", destacou Summers.

Ao ser questionado sobre o impacto desse tipo de medida sobre as contas dos governos, o ex-secretário do Tesouro ponderou que as políticas de redução do déficit público são efetivas para a redução dos juros, mas não são eficientes quando os juros estão muito baixos, como nos Estados Unidos. Summers acrescentou que a retomada do crescimento norte-americano também depende  do reconhecimento que os maiores riscos estão na desaceleração da economia e na deflação.

Apesar do pessimismo em relação a atual crise na Europa e à retração dos Estados Unidos, destacou que o Brasil está vivendo um bom momento e reúne as condições necessárias para ganhar importância no cenário econômico internacional. “O país tem recursos naturais abundantes e foi abençoado com uma grande reserva de petróleo”, enumerou, explicando que a demanda por  matérias primas e energia aumentará muito assim que os problemas externos forem superados.

O 6º ENAI prossegue nesta quarta-feira e amanhã com debates sobre os desafios da indústria brasileira na economia globalizada, a complexidade do sistema tributário, a qualidade da educação, a conservação do meio ambiente e a modernização da infraestrutura.

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