O alto custo da tarifa do gás natural no Brasil tira a competitividade da indústria brasileira. Para discutir alternativas a este problema e os desafios da abertura deste mercado, a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), por meio do Conselho de Infraestrutura (Coinfra), a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia e dos Consumidores Livres (Abrace), promoveram nesta segunda-feira (15) o workshop Gás Natural: Preços Competitivos e Disponibilidade, em Porto Alegre.
“Percebe-se, nesse momento, a necessidade de um novo modelo de desenvolvimento do setor, para tornar o mercado de gás mais eficiente e competitivo. O setor industrial é um dos principais interessados na modernização desse mercado, já que consome metade do total de gás natural produzido”, disse o diretor da FIERGS e coordenador do Conselho de Infraestrutura da entidade, Ricardo Portella. Ele lembrou que, recentemente, o estado perdeu um projeto de instalação de terminal de GNL, a partir do Porto de Rio Grande, que teria potencial para injetar 14 milhões de metros cúbicos diários de gás natural.
O gerente executivo de Infraestrutura da CNI, Wagner Cardoso, também defendeu uma modernização no setor. Segundo ele, a CNI trabalha em conjunto com o governo federal para alterar o atual quadro, pois aqui o gás é muito mais caro se comparado com concorrentes internacionais. Segundo o diretor técnico da Abrace, Filipe Soares, o Brasil precisa de uma agenda de crescimento, e é “inegável” que o setor de gás natural faz parte desta agenda.
TARIFA MÉDIA – De acordo com dados da Abrace, a tarifa média do gás natural para a indústria no Brasil, no ano passado, foi de US$ 11 por milhão de BTU, enquanto no México ela foi um pouco superior a US$ 5, no Reino Unido, US$ 7,7 e nos Estados Unidos, US$ 4,1. “Atacar a tarifa é fazer mudanças legais e regulatórias que criem mercado e competição”, observou o coordenador da área de gás natural da entidade, Adrianno Lorenzon.
A diretora de gás natural do Ministério de Minas e Energia (MME), Symone Christine Araujo, reforçou que a abertura do mercado de gás é uma questão de política pública porque se trata de um fator de competitividade. “Precisamos harmonizar as regras federais com as estaduais, aproximar de uma regulação federal”, afirmou. “Todos os países desenvolveram sua indústria de gás a partir de um incumbente. Mas, em um determinado momento, é preciso abrir mercado e ampliar. Temos de superar essas barreiras”, justificou.
Symone projeta um grande crescimento do setor de gás no Brasil nos próximos anos com a abertura do mercado. O programa do novo mercado de gás, coordenado pelo Ministério de Minas e Energia, visa à formação de um mercado dinâmico e competitivo, garante a diretora. Com isso, ela prevê que a oferta do produto subirá 70% até o ano de 2027, com mais de R$ 50 bilhões de investimentos até 2030.
A especialista em Políticas e Indústria da CNI, Andrea Haggstram, abordou no evento a tramitação do projeto de lei do gás natural no Congresso Nacional.