A nota da redação foi decisiva para que Lucas Ronega fosse aprovado em enfermagem em duas faculdades
Um ditado antigo diz que a prática leva à perfeição. No caso de Lucas Ronega Oliveira, a perfeição está bem próxima. O ex-aluno do Serviço Social da Indústria (SESI) de Imperatriz (MA) anotou 980 pontos na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que, em 2021, convidou os estudantes a refletir sobre o tema Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil. A nota foi decisiva pra ele ser aprovado em enfermagem em duas universidades: a Estadual do Tocantins (Unitins) e a Federal do Maranhão (UFMA), fazendo dele o primeiro da família a chegar ao ensino superior.
O tocantinense de 19 anos está num grupo cada vez menor de estudantes que se aproximam ou chegam à nota máxima na redação: só 22 entre os 2,2 milhões de alunos que fizeram a prova chegaram aos 1 mil pontos na edição de 2021, segundo o Ministério da Educação. A média foi de 634 pontos.
Pra Lucas, seu desempenho reflete a dedicação. “Não existe receita pronta. O segredo é colocar a escrita em prática e sempre manter a rotina de estudo de olho nos noticiários e no que se passa no mundo”, explica o estudante.
A escolha da profissão é vontade antiga. “Desde pequeno, quero trabalhar com saúde, ajudar as pessoas. Vibrei bastante com minha aprovação em enfermagem", conta. A intensão é seguir estudando pra entrar em medicina. "Pretendo vibrar mais ainda.”
Morador da cidade de São Miguel (TO), Lucas estudou em escolas públicas durante o ensino fundamental. Aprovado como bolsista na unidade do Serviço Social da Indústria (SESI) de Imperatriz (MA), ele concluiu o ensino médio em 2021, do qual saiu formado como técnico em Eletromecânica, por ser um dos alunos que já cursam o Novo Ensino Médio na instituição.
No caminho, tinha um rio
Lucas é o segundo filho de dois irmãos e conta que sempre teve o desejo de estudar no SESI Imperatriz, apesar de morar no estado vizinho. Quando o pai soube, por comentários, do processo seletivo para a escola, correu pra inscrever o filho.
A rotina pra frequentar a escola começava saindo de casa às 5h30 pra ir de ônibus até o porto. Lá, ele embarcava numa balsa pra Imperatriz atravessando o Rio Tocantins, o divisor entre o Tocantins e o Maranhão. Após o desembarque no outro estado, outros 3km o separavam da escola. “Certas vezes, não dava para evitar o atraso, mas tentava aproveitar meu tempo lá ao máximo”, conta.
A mãe de Lucas, Luzinalva Oliveira, conta que o filho sempre foi esforçado e vê-lo alcançando um de seus sonhos é gratificante. “Graças ao esforço dele e, também, ao SESI, por meio de suas metodologias inovadoras, ele pôde ser motivo de destaque e nós estamos muito felizes, pois sabemos que ele ainda irá alcançar mais esse sonho, o de cursar medicina”.
Futuro na saúde
Lucas optou por estudar na UFMA, por conta disso, ainda precisa fazer a travessia de balsa. Já cursa o primeiro semestre de enfermagem e, atualmente, divide a sua rotina entre a faculdade e o cursinho preparatório para a próxima edição do Enem, quando tentará uma vaga em medicina.
“Estou amando meu curso e o motivo de continuar tentando, agora, é apenas por realização pessoal, para provar pra mim mesmo que sou capaz. Já estou satisfeito com meu curso, ainda vou decidir se vou trocar ou não, caso passe pra medicina”, destaca.
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