O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) lançou, nessa quinta-feira (15), em Florianópolis, a plataforma SENAI 4.0, na qual os empresários poderão fazer o diagnóstico online do estágio tecnológico de suas empresas. A avaliação servirá de base para elaboração de um plano individualizado de inserção na indústria 4.0 – termo que define o uso de tecnologias digitais nos processos produtivos desde o desenvolvimento até o uso. O teste de maturidade e o plano de evolução tecnológica são gratuitos a empresas de todos os portes e setores.
Os empresários interessados no tema também terão a oportunidade de participar de workshops e cursos rápidos e gratuitos para entender conceitos, oportunidades e riscos da quarta revolução industrial. O lançamento das iniciativas do SENAI nesse campo foi feito pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, e pelo diretor-geral do SENAI, também superintendente do Serviço Social da Indústria (SESI), Rafael Lucchesi, durante a inauguração do Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Embarcados e do Centro de Inovação SESI em Tecnologias para Saúde, em Santa Catarina.
Conheça como funcionam o Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Embarcados e o Centro de Inovação SESI:
Neste ano, o SENAI vai ofertar ainda 11 cursos de aperfeiçoamento para qualificar os profissionais que vão trabalhar com tecnologias da indústria 4.0. Os alunos terão conhecimentos introdutórios em temas como inteligência artificial, big data, internet das coisas, segurança cibernética, entre outros. Na lista está o curso online “Desvendando a Indústria 4.0”, que será ofertado gratuitamente. A instituição já possui cursos de pós-graduação ligados ao conceito, como o MBI em Indústria Avançada, em Santa Catarina, e o MBI em Confecção 4.0, no Rio de Janeiro, oferecido pelo SENAI Cetiqt.
PRODUTIVIDADE - Durante o evento, Robson Braga de Andrade leu a “Carta Indústria 4.0”, na qual a instituição avalia que a também chamada manufatura avançada é a “grande oportunidade que a indústria brasileira precisa para se tornar mais produtiva. Processos mais ágeis representam maior produtividade, que, por sua vez, reflete-se em maior investimento e mais empregos. É o caminho para o desenvolvimento do País”, afirma o documento. “É preciso ver este momento não como ameaça, mas como uma grande oportunidade de tornar o setor industrial mais produtivo e inovador e, consequentemente, mais competitivo”, completa.
De acordo com o presidente da CNI, a iniciativa busca estimular a atualização tecnológica no Brasil o mais rápido possível. “O Sistema Indústria tem uma preocupação nesta nova fase, que é a 4.0 e alguns já falam em 5.0, que é ajudar a indústria brasileira a se inserir de uma forma muito rápida. As indústrias que vão sobreviver são as que vão investir em tecnologia e inovação”, afirmou Robson Braga de Andrade.
Ao lançar a plataforma online, o diretor-geral do SENAI afirmou ser importante que as empresas entendam onde estão situadas em termos de maturidade na adoção de métodos, técnicas e estratégias em indústria 4.0. Com base no diagnóstico, serão traçados planos de digitalização específicos a cada uma. Segundo ele, mais de mil consultores e mais de 500 pesquisadores, presentes em todo o Brasil, estarão disponíveis para prestar consultoria às empresas interessadas na atualização tecnológica.
“O maior desafio da indústria brasileira é se preparar para as transformações da indústria 4.0. A indústria precisa ser a protagonista desse processo no Brasil e o SENAI está pronto para ser seu principal parceiro nessa trajetória, seja na formação de recursos humanos ou na oferta de serviços técnicos e tecnológicos”, explica Lucchesi.
A carta do SENAI sobre indústria 4.0 aponta quatro passos para as empresas brasileiras se atualizarem tecnologicamente:
1) Enxugar processos: a recomendação é que, antes de digitalizar seus processos, a empresa adote métodos gerenciais e práticas organizacionais, como eficiência energética, produção limpa e lean manufacturing, técnica que reduz desperdícios com medidas de baixo custo, com excelentes resultados no aumento de produtividade.
2) Qualificar trabalhadores: é fundamental qualificar os profissionais das empresas em técnicas como programação, robótica colaborativa e análise de dados, assim como desenvolver competências socioemocionais com métodos para estimular a criatividade, o empreendedorismo, a liderança e a comunicação.
3) Empregar tecnologias disponíveis e de baixo custo: o SENAI recomenda que as tecnologias da indústria 4.0 sejam empregadas, em um primeiro momento, para as empresas aprenderem o que está ocorrendo no seu chão de fábrica e sejam mais ágeis nas decisões. A sugestão é a utilização de soluções de baixo custo, como sensoriamento, internet das coisas, computação em nuvem e big data para melhor compreensão do processo produtivo, e de técnicas como “advanced analytics” e inteligência artificial para prever problemas que afetam a produtividade, como quebras de máquinas.
4) Investir em pesquisa, desenvolvimento e inovação: a fim de serem mais competitivas e oferecerem melhores produtos, as empresas precisam investir em inovação. A recomendação é que os empresários tenham como objetivo a implantação de fábricas inteligentes, flexíveis e ágeis, conectadas com suas cadeias de fornecimento e com capacidade de customização em massa de seus produtos, estágio mais avançado da indústria 4.0.
Leia a Carta na íntegra:
PILOTOS – A fim de oferecer soluções para as empresas em digitalização, o SENAI realiza pilotos com 56 pequenas, médias e grandes empresas em todos os estados brasileiros. O objetivo da experiência, chamada de “Indústria mais Avançada”, é refinar um método de baixo custo, alto impacto e de rápida implementação. São testadas técnicas de internet das coisas, sensoriamento, computação na nuvem e analytics que permitam intervir nos processos produtivos com maior agilidade.
A instituição já realizou pilotos em duas pequenas indústrias do ramo alimentício de Santa Catarina. As fábricas receberam sensores e equipamentos digitais, de baixo custo, que monitoram em tempo real a produção de massas e de biscoitos. As informações são acessadas em telas de smartphones ou tablets e, a partir dos dados, os empresários e supervisores podem tomar decisões. Foram obtidos ganhos em termos de agilidade na detecção de problemas e redução de perdas, com impactos positivos sobre a produtividade.
O SENAI também planeja lançar, ainda este ano, experiências chamadas “Test Beds”, que são ambientes para testes e demonstração de tecnologias da indústria 4.0. Problemas reais serão recebidos para serem solucionados em um ambiente neutro e controlado. Após entender os benefícios, riscos e o retorno do investimento, a empresa poderá utilizar a solução em sua indústria com apoio de consultores do SENAI.
A iniciativa tem a parceria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). O objetivo é somar esforços entre as instituições e ofertar recursos para a solução rápida em curto período (entre seis e nove meses). A estrutura dos Institutos SENAI de Inovação, rede nacional de 25 centros de pesquisa aplicada, e dos Institutos SENAI de Tecnologia estarão a serviço do projeto.
O QUE É INDÚSTRIA 4.0
A indústria 4.0 é a nova fronteira da produção industrial e tornará a forma como se produz hoje obsoleta. Neste modelo, tecnologias ganham maior integração e há uma fusão entre os mundos físico e virtual, criando sistemas chamados ciberfísicos. A principal diferença em relação às demais revoluções industriais está na velocidade das transformações produzidas pela digitalização.
As principais tecnologias envolvidas são: internet das coisas, robótica avançada, impressão 3D, manufatura híbrida, big data, computação em nuvem, inteligência artificial e sistemas de simulação virtual. A combinação entre as tecnologias abre um leque inédito de possibilidades, novos negócios e solução de antigos problemas, como acesso remoto à saúde, cidades inteligentes, mobilidade urbana, geração de energia a partir de novas fontes, entre outros.
O QUE É A REDE NACIONAL DE INSTITUTOS SENAI DE INOVAÇÃO
Criados em 2013, os 25 Institutos SENAI de Inovação, dos quais 21 já funcionam plenamente, trabalham com pesquisa aplicada – o emprego do conhecimento de forma prática e no prazo exigido pelo mercado. Possuem mais de 500 colaboradores, que desenvolvem novos produtos e soluções customizadas para as empresas ou de ideias que geram oportunidades de negócios.
A rede, que pode ser acessada a partir de qualquer um dos seus institutos, identifica e se organiza para atuar integrada a tendências globais, como mobilidade, saúde, energia, cidades inteligentes, manufatura avançada, bioeconomia e tecnologias da informação e comunicação, entre outras. Os institutos estão credenciados pela Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e suas iniciativas contam com verba diferenciada para financiamento de projetos estratégicos de pesquisa e inovação.