Produtores de cacau do ES conseguem indicação geográfica com ajuda do Sebrae

O objetivo é que os produtores que conquistarem a IG, no final de quatros anos, vendam a matéria-prima por um maior valor agregado

A excelência do chocolate depende da sua matéria-prima. Nesse quesito, o município de Linhares – situado ao Norte do Espírito Santo, divisa com a Bahia – já é reconhecido pelo Instituto Nacioanal de Propriedade Industrial (Inpi), desde 2012. Linhares produz o cabruca, espécie de cacau plantado no sistema agroflorestal, que consorcia o fruto com mata nativa, dando-lhe características especiais. Com isso, Linhares conquistou a Indicação Geográfica (IG) do cacau.

Mas o reconhecimento veio em uma época em que os produtores estavam desolados com a vassoura de bruxa, doença que entrou na região em 2001 e fez a produção capixaba cair de 14 mil toneladas/ano para 3 mil toneladas em 2012. “O fungo prejudica não só a parte vegetativa da árvore, mas o fruto em qualquer idade”, explica Maurício Buffon, presidente da Associação dos Cacauicultores de Linhares (Acal), que congrega 200 produtores.

A única preocupação era eliminar os pés de cacau contaminados e substituir por variedades resistentes à vassoura de bruxa. “Quem fez isso naquela época, agora está sorrindo porque a saca do cacau recuperou o preço e está quase 500 reais”, diz Buffon. O trabalho de renovação das lavouras continua e conta com a ajuda governamental que distribui 100 mil mudas de cacau por ano.

Metas

Neste novo cenário, o Sebrae começou a trabalhar com os produtores para a efetiva implantação da IG do cacau de Linhares. A instituição tem a Acal como parceira e organizou um simpósio para a promover a renovação da lavoura cacaueira e o investimento em qualidade. Juntos, Sebrae e Acal traçaram um Plano de Ação para os próximos quatro anos. “No primeiro ano, vamos trabalhar num projeto piloto para certificar 50 produtores de cacau”, diz Nelsimar Bastos, gestor dos projetos de IGs e Marcas Coletivas do Sebrae no Espiríto Santo.

Os agricultores passarão por uma reciclagem do aprendizado. Eles terão que adequar não só a infraestrutura, mas também os procedimentos para atingir os padrões de sustentabilidade que uma IG demanda. “O fato do produtor estar no território de Linhares não significa que ele terá o selo. Só conquistará a certificação quem respeitar os critérios de qualidade exigidos”, diz Buffon.

Segundo o presidente, a vassoura de bruxa deixou os cacauicultores em dificuldade financeira. Sem recursos, muitos descuidaram das estruturas: cocho de fermentação das amêndoas, locais de secagem e armazenagem. Eles precisarão investir em melhorias para alcançar o padrão exigido pela certificacão. A boa notícia é que grandes empresas do mercado de cacau gostaram da iniciativa e sinalizaram ajuda. Entre eles estão: Nestlé, Mars, Barry Callebaut e Mondelez.

O objetivo é que os produtores que conquistarem a IG, no final destes quatros anos, vendam a matéria-prima por um maior valor agregado. Para a região de Linhares, a IG é uma promessa de que novos tempos bons virão para o cacau, produto que foi uma das maiores fontes de renda e empregos do município. A cidade chegou a ter 1.000 cacauicultores, hoje são 300.

O Sebrae trabalhará a promoção do Cacau com a IG de Linhares, bem como estratégias para comercialização do produto. “Na Europa, as IGs são bastante reconhecidos. Esperamos abrir novos mercados por conta dos critérios de qualidade que a certificação exige”, diz Bastos.

* Disponível em http://revistagloborural.globo.com/Empreender/noticia/2015/03/produtores-de-cacau-do-es-conseguem-indicacao-geografica-com-ajuda-do-sebrae.html

 

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