Participação da indústria brasileira no mundo cai para menor patamar da série histórica

Tendência de queda foi agravada pela pandemia e indicador chegou a 1,32% em 2020, pior desempenho desde 1990, início da série histórica. Brasil foi superado pela Rússia e ficou em 14º lugar

Mão segurando tablet no depósito de uma fábrica. Conceito de tecnologia para controle de estoque e logística para importação e exportação
O Brasil registrou a menor participação tanto na produção como nas exportações mundiais da indústria de transformação

A indústria brasileira registrou a menor participação tanto na produção como nas exportações mundiais em 2020. Esse é o pior desempenho dos dois indicadores desde o início das duas séries históricas, em 1990. Os resultados reforçam a trajetória de perda de importância da manufatura brasileira na economia mundial e refletem a recessão global decorrente da pandemia de Covid-19. Os dados são do estudo "Desempenho da indústria no mundo", da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

A participação no valor adicionado da indústria de transformação mundial ficou em 1,32% em 2020, abaixo do 1,35% registrado em 2019. Com isso, o Brasil foi ultrapassado pela Rússia e caiu para a 14ª posição no ranking dos maiores produtores industriais. A participação brasileira está em queda desde 2009, mas até  2014 o país se manteve entre os 10 maiores produtores industriais do mundo.

Exportações perdem competitividade

Os dados de exportações também indicam perda de competitividade. A participação do Brasil nas exportações mundiais da indústria de transformação em 2020 deve ser de 0,78%. O indicador ficou em 0,83% em 2019 e vem de uma trajetória de queda desde 2017. A CNI estima que o valor das exportações mundiais tenha caído em torno de 6,5% em 2020, ano em que a  queda no Brasil foi de 12,6% — projeção feita com base nos dados internacionais disponíveis. Em 2019, o  recuo mundial no indicador foi de 3,3%, enquanto no país foi de 7,6%.

O percentual de 2019 mantém o Brasil na 30ª colocação no ranking mundial dos exportadores de bens da indústria de transformação. Em 2020, o Brasil deve ser ultrapassado pela Indonésia, caindo para a 31ª colocação.

Antes da pandemia, a indústria de transformação brasileira já enfrentava dificuldades para exportar, relacionadas à alta volatilidade do câmbio, à recessão na Argentina e às tensões comerciais entre Estados Unidos e China. A situação foi agravada pela crise sanitária. 

  • Confira a análise da gerente de política industrial da CNI, Samantha Cunha:

“Em 2020, as exportações do Brasil de produtos manufaturados foram mais impactadas pela recessão global que as exportações de produtos com grau de elaboração menor. Apenas no final do ano houve alguma reação das exportações desses bens, puxada pela recuperação rápida das principais economias do mundo no terceiro trimestre de 2020. Os novos surtos de Covid-19, no entanto, reduziram o ritmo de recuperação”, afirma a gerente de política industrial da CNI, Samantha Cunha.


China, Coreia do Sul e Países Baixos registram melhor desempenho

Entre os 11 principais parceiros comerciais do Brasil, apenas China, Coreia do Sul e Países Baixos não perderam participação na produção e nas exportações mundiais da indústria de transformação em 2020.

Os dois países asiáticos registraram ganho de participação na produção mundial no último ano. A participação chinesa subiu de 29,43%, em 2019, para 31,28%, em 2020, ano em que o país obteve seu melhor desempenho, se mantendo como o maior produtor industrial do mundo. Já a Coreia do Sul ultrapassou a Índia no ranking mundial, subindo para a 5ª colocação. A participação sul-coreana cresceu de 3,12%, em 2019, para 3,26%, em 2020.

Em relação à participação nas exportações mundiais, a China deve alcançar 17,26% em 2020, acima dos 15,65% em 2019, de acordo com estimativa da CNI. Além da China, apenas Coreia do Sul e Países Baixos devem registrar aumento da participação.

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