Empresários sugerem mudanças para aumentar competitividade da indústria

Presidente da Siemens alertou, durante o lançamento do Mapa Estratégico da Indústria 2013-2022, sobre os gargalos em logística e a complexidade do ambiente jurídico e administrativo brasileiro

Pergunte a qualquer empresário o que é necessário para ser competitivo e sua resposta será automática. Há muito a fazer da porta da fábrica para fora, como investir em infraestrutura e logística e eliminar impostos em cascata, além de melhorar a segurança jurídica com fiscalizações mais transparentes. No chão de fábrica, o empresariado sente falta de mão de obra qualificada, obstáculo a ser vencido com investimentos em educação. Sem essas mudanças básicas, o Brasil continuará com dificuldades para competir no mercado mundial.

Nesta terça-feira (21), durante o lançamento do Mapa Estratégico da Indústria 2013-2022 na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI) em Brasília (DF), o presidente da Siemens, Paulo Ricardo Stark, contou que ficou perplexo ao comparar uma unidade típica de transformação da empresa no Brasil com outra no exterior. A diferença no custo foi 2,5 vezes maior, devido aos gargalos em logística e à complexidade do ambiente jurídico e administrativo brasileiro.

"No Canadá, o nosso departamento jurídico e tributário tem 15 pessoas. Aqui nós temos 81. E eu garanto que essas pessoas não estão tranquilas. O Imposto Sobre Serviço (ISS) sempre gera dúvida. Pagamos na origem ou no destino? Na dúvida, paga-se os dois para evitar a autuação no município", disse Stark.

José Rubens de La Rosa, CEO da Marcopolo, lembra de situações delicadas em que perde boa parte de seu lucro com problemas logísticos. A empresa produz o ônibus no Brasil, mas monta o chassi no México. Há casos em que o navio parte em direção ao México sem que a Marcopolo tenha embarcado seus ônibus. "Vira o caso do ônibus que persegue o navio. Às vezes, corremos mil quilômetros para encontrá-lo em outro porto. E só para cumprir o contrato, porque a margem já foi", revelou La Rosa.

PRODUTIVIDADE - Para o economista e assessor da presidência do BNDES, Jorge Arbache, há um grave problema relacionado à produtividade, tanto de baixa produtividade quanto de dispersão. De acordo com Arbache, o ato de agregar valor a um produto é coletivo e envolve o setor de serviços. Embora a produtividade industrial seja alta, no setor de serviços ela é baixa. "O setor de serviços representa cerca de 30% da agregação adicional de valor. Como ele é o menos produtivo, cai a produtividade agregada do Brasil", explicou.

Arbache disse ainda que o avanço da produtividade também pode estar associado à inovação. Quando a Coréa do Sul passou pela sua última grande crise, o governo foi às ruas e disse que a melhor forma de evitar o problema seria investir pesado em ciência, tecnologia e inovação. Os coreanos seguiram à risca e hoje a Coréia do Sul é referência mundial. "Eles souberam aproveitar tecnologias disponíveis e adaptaram à realidade da Coréia", destacou Arbache.

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