Brasil precisa de plataforma industrial moderna para assegurar lugar entre países desenvolvidos

Segundo Rafael Lucchesi, estruturar educação e qualificar mão de obra para a Indústria 4.0 devem ser prioridade para que país esteja entre as nações mais modernas, nos próximos anos

“Não vamos ter alternativa de futuro se não priorizarmos a educação e um plano de país para a Indústria 4.0” - Rafael Lucchesi (à esq)

O Brasil não terá um lugar no mundo desenvolvido, no futuro próximo, se não tiver a ambição de consolidar uma plataforma moderna de manufatura. Segundo o diretor de Educação e Tecnologia da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Rafael Lucchesi, os países que mais se desenvolveram nos últimos 40 anos foram aqueles que abraçaram um projeto nacional de industrialização e investiram em políticas públicas de educação e de qualificação.

“Não vamos ter alternativa de futuro se não priorizarmos a educação e um plano de país para a Indústria 4.0”, alertou Lucchesi durante o painel Tecnologias digitais: nossas empresas e mão de obra estão preparadas?, realizado durante o evento EXAME Fórum 2017. No debate, ao lado do sócio da consultoria BCG no Brasil Julien Imbert, foram analisados os desafios para o Brasil adentrar a nova era de manufatura avançada, a chamada Indústria 4.0.

Entre eles, o de consolidar uma força de trabalho qualificada, capaz de absorver e dominar novas tecnologias e formas de produção que estão sendo incorporadas na indústria e outros setores, em ritmo cada vez mais acelerado. “O principal desafio na implementação da Indústria 4.0, nos próximos anos, será a qualificação de mão de obra, mais do que o investimento”, lembrou Imbert, citando pesquisa realizada na Alemanha, um dos países que mais avançaram nesta agenda.

Lucchesi destacou que o Brasil enfrenta o grande desafio de, além de melhorar a qualidade da educação básica, ampliar o alcance da educação profissional na população. Ele ressaltou que a qualificação técnica contribui para evitar a exclusão de enorme parcela da população que, sem um diploma de nível superior, tem grandes dificuldades para ocupar espaços no mercado de trabalho.

FUTURO – Em relação ao futuro de muitas profissões, o debate apresentou as possibilidades de evolução do mercado de trabalho, com o advento de novas ocupações. Lucchesi falou dos 28 observatórios mantidos pelo SENAI para prospectar a evolução das ocupações, de forma a garantir uma transição na qualificação da mão de obra ao longo do processo de transformação da indústria e das formas de se produzir. “Temos algumas experiências e cursos já estruturados, como a supervisão de robôs e tecnologia da informação orientada para a Indústria 4.0”, destacou.

Imbert relembrou o recente processo de reindustrialização experimentado pelos Estados Unidos, com a retomada de processos de manufatura que haviam sido realocados para países asiáticos. Entre eles, um na indústria automotiva, no qual uma montadora optou por criar uma nova fábrica em solo norte-americano, baseada num modelo de Indústria 4.0, em vez de um modelo tradicional, no México. “O diferencial foi a mão de obra qualificada. O investimento teria de ser maior, mas o retorno ocorreria em 18 meses, o que nos faz repensar o modelo de produção competitiva baseado em mão de obra barata”, contou.

O EVENTO – Patrocinado pela CNI, o Exame Fórum 2017 reuniu representantes da classe política e empresarial e membros da academia para discutir o cenário político e econômico do Brasil e as perspectivas para 2018. O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, participou do evento que, ao longo do dia, discutiu os desafios para a superação definitiva da crise e o que precisa ser feito para o Brasil inaugurar um novo ciclo de crescimento sustentado.

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