Aumentam perdas da indústria brasileira diante da concorrência chinesa

Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que 16% das empresas perderam participação no mercado interno em função das importações; no levantamento anterior, de 2010, o percentual era de 14%

A concorrência dos produtos chineses está afetando cada vez mais as empresas brasileiras. Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) com 2.146 empresários de 15 setores mostra que 16% das indústrias perderam participação no mercado interno em função das importações da China. No levantamento anterior, feito em 2010, o percentual era menor, de 14%. Em 2006, primeiro ano em que foi feita a pesquisa, 13% diziam perder mercado.

A disputa também é acirrada no mercado internacional. Mais da metade das empresas exportadoras do Brasil concorrem com a China em outros países (54%) e o percentual das que deixaram de exportar em função da concorrência com o país aumentou de 7% para 11%. Em 2006, o número das que interromperam as exportações por causa da disputa foi bem menor, de 5%. As pequenas são as que mais sofrem. Das entrevistadas, 26% deixaram de exportar, contra 12% das médias e 7% das grandes.

Para a CNI, o Brasil deve se tornar mais competitivo para que as indústrias não continuem perdendo espaço para produtos de outros países. A confederação entregou ao governo federal 120 propostas de baixo impacto fiscal que podem melhorar o ambiente de negócios do país e a capacidade de competição das empresas brasileiras. O conjunto de medidas tem como principal foco a redução e a simplificação da burocracia, o que pode trazer benefícios às empresas e à economia em curto prazo. O pacote de recomendações elenca prioridades em quatro grandes áreas: tributária, infraestrutura, relações de trabalho e comércio exterior, onde há janelas de saída para o cenário de baixo crescimento.

"O ajuste fiscal é necessário, mas precisamos avançar na agenda de competitividade. Neste momento devem ser priorizados os investimentos em infraestrutura, por meio do setor privado, a desburocratização e os estímulos às exportações, como a negociação de acordos comerciais. Temas que podem ser atacados de imediato e sem aumento dos gastos públicos", afirma o gerente-executivo de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca.

Dos 15 setores com número significativo de empresas que concorrem com a China no mercado doméstico, em seis deles a perda de participação no mercado doméstico atingiu mais de 30% das empresas. No grupo classificados como produtos diversos, a perda foi apontada por 40% dos empresários. Em seguida aparecem os fabricantes de têxteis (39%), do segmento de metalurgia (39%), de vestuário (36%), informática, eletrônicos e ópticos (35%) e máquinas e equipamentos (32%).

IMPORTAÇÕES - O percentual de empresas que disseram importar da China aumentou, apesar de mais de 60% declararem não comprar produtos chineses. Em 2006, 11% importavam matéria-prima. Em 2010, o percentual saltou para 17% e, em 2014, passou para 18%. A proporção de indústrias que compram produtos finais da China passou de 6%, em 2006, para 9%, em 2010, e ficou estabilizada na última pesquisa. As companhias que disseram adquirir máquinas e equipamentos fabricados no país passou de 5%, em 2006, para 8%, em 2010, e 9%, em 2014.

Apenas 3% das empresas industriais brasileiras possuem fábrica própria na China. E outros 2% terceirizam parte da produção para companhias chinesas. Ou seja, no total, 5% produzem na China. O percentual é igual ao de 2010. Em 2006, era de 3%. As brasileiras dos setores de informática, eletrônicos e ópticos são as que mais terceirizam parte da produção, empatados com os de calçados (9% do total). Já 16% dos que produzem equipamentos de transporte dizem implementar unidades em solo chinês.

ESTRATÉGIAS PARA GANHAR MERCADO - Das indústrias brasileiras, 30% adotam estratégias diante da concorrência com produtos chineses. Entre as estratégias, as mais citadas são o investimento na qualidade e no design dos produtos (51%), redução de custos e/ou ganhos de produtividade (50%), diferenciação de marca/imagem/marketing (40%). Para 15% dos entrevistados, a redução drástica de preços ou da lucratividade é uma estratégia utilizada.

SAIBA MAIS - Acesse a página da Sondagem Especial China e veja os detalhes da publicação.

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