Cotas para exportação e importação de algodão, fundos especiais para investimentos em inovação na indústria têxtil, facilidades no acesso ao crédito para o setor de calçados e incentivos para a população comprar televisores e computadores. Essas são algumas das estratégias usadas pelo governo chinês para estimular a produção interna.
Mas há outros mecanismos de apoio às empresas, conforme identificou o estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Relatório sobre a Política Industrial Chinesa, ao avaliar dez setores econômicos. Confira abaixo o detalhamento da política adotada para cada produto:
Algodão: A produção chinesa para 2013 é estimada em 7,3 milhões de toneladas, 1% a mais do que em 2013. O algodão está sujeito a negociação do Estado, com cotas para importações e exportações. Há questionamentos na OMC contra a estatal chinesa por intervir no mercado para estabilizar preço e fornecimento.
Têxtil e vestuário: A meta é aumentar as exportações em 7,5% ao ano para US$ 300 bilhões e empregar 20 milhões de pessoas. Há fundos especiais para investimentos em inovação tecnológica e renovação do parque industrial, empréstimos facilitados, doação e terra e compras governamentais. A China possui oito empresas têxteis com receita de US$ 1,6 bilhão e 30 indústrias com receita de US$ 800 milhões ao ano.
Calçados: Os calçados foram incluídos no plano de revitalização da indústria leve no período de 2009 e 2011 e o setor recebeu apoio do governo por meio de terras, créditos e promoção da marca no mercado externo com financiamento preferencial e políticas fiscais. Os governo das províncias de Anhui, Chongqing, Fujian e Zhejiang construíram pólos calçadistas com políticas de terra e crédito.
Bioquímicos: Dentro da estratégia de ampliar o bem-estar da população, com investimentos em saúde, o governo impôs a meta de crescimento da indústria bioquímica de 20% ao ano. Para alcançar o objetivo, a indústria farmacêutica nacional receberá incentivos fiscais e empréstimos facilitados. O governo mantém uma lista de medicamentos que devem ser fabricados e programa de compras governamentais.
Bens de capital: O setor de máquinas e equipamentos aparece no 12º Plano Quinquenal como setor estratégico e símbolo da força global da nação. Por isso, tem como alvo alcançar receitas de US$ 1 bilhão até 2015. O governo vai lançar mão de incentivos fiscais, subvenções, empréstimos bancários e redução do imposto de exportação e do IVA. O plano da província Zhejiang, por exemplo, identifica 14 prioridades como equipamentos para geração de energia e máquinas digitalmente controladas.
Aparelhos eletrônicos: O governo mantém uma espécie de bolsa eletrônica, em que paga para a população do meio rural consumir televisões, computadores, condicionadores de ar e outros produtos. A política é praticada em diversas províncias para manter o crescimento do setor entre 8% e 10% ao ano. Para cada televisão comprada, o governo reembolsa até US$ 560. Refrigeradores chegam a US$ 400, telefones celulares até US$ 160, computadores até US$ 560 e micro-ondas até US$ 160.
Tecnologia verde: O governo chinês planeja investir quase US$ 600 bilhões em projetos de tecnologia sustentável até 2015. Há pelo menos três políticas destinadas a financiar a instalação de fontes de energia renováveis e plano de desenvolvimento para empresas com vendas superiores a US$ 16 bilhões. Há metas e benefícios para a produção de equipamentos de controle e monitoramento da poluição.
Indústria do petróleo: O governo chinês está preocupado com a segurança energética e tem implementado projetos de infraestrutura para desenvolver a indústria de máquinas e equipamentos usados na produção e transporte de petróleo e gás. O 12º Plano Quinquenal enfatiza a necessidade de reforçar a exploração e o desenvolvimento de petróleo e gás natural e dá prioridade à construção de zonas estratégicas, à integração da indústria e à construção de gasodutos.
Aço: O aço é considerado um insumo estratégico para o governo chinês. Entre 2009 e 2011, recebeu descontos do IVA de exportação, programas específicos de seguro de créditos e subsídios para melhoria tecnológica. O 12º Plano Quinquenal, para o ferro e o aço, diz que a indústria nacional deve ser forte e influenciar os mercados mundiais.
Energia eólica: O plano orienta para o desenvolvimento e o projeto de geradores eólicos com capacidade de 3 a 5 megawats, 7 megawatts e 10 megawatts cada. Indica a intenção do governo de investir na energia eólica para consumo interno e estimular a fabricação de equipamentos. Prevê ainda a formação de pessoal especializado e a construção de laboratórios e centros de tecnologia.
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Relatório sobre a Política Industrial Chinesa (Documento .PDF em inglês)
