´Dificuldades de obter financiamento não afetam apenas as empresas que miram o mercado doméstimo. Um estudo inédito da Confederação Nacional da Indústria (CNI) sobre políticas de financiamento e garantias às exportações no mundo mostra um descompasso entre o Brasil e os 13 países que operam os maiores volumes de financiamento às exportações de bens e serviços no mundo. Enquanto os principais competidores do Brasil ampliam e sofisticam seus instrumentos de apoio às exportações, essas políticas têm perdido protagonismo na economia brasileira nos últimos anos.
A CNI pesquisou como funciona o financiamento público aos bens de alto valor agregado na Alemanha, Bélgica, China, Coreia do Sul, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Holanda, Índia, Itália, Japão e Reino Unido. Essas economias têm em comum políticas previsíveis e consistentes de apoio oficial de crédito às exportações, para fortalecer as empresas do país na competição internacional, além de alavancar as vendas externas.
“A ideia do estudo é colaborar com a modernização do nosso sistema de incentivo às vendas externas, para assegurar que as empresas brasileiras possam competir em condições de igualdade com seus concorrentes no comércio exterior”, diz o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi.
O estudo mostra que é preciso manter e fortalecer o sistema oficial brasileiro de financiamento às exportações. As empresas apoiadas chegam a exportar em média 14,7% a mais, ampliam seus mercados em até 70% e aumentam o número de funcionários em até 10%, com impacto positivo a economia e a geração de empregos no Brasil.
Com exceção da China e da Índia, todos os outros países do estudo estão alinhados com o arranjo de crédito da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Esse acordo evita que o uso do financiamento público às exportações configure um subsídio como instrumento de concorrência entre os países exportadores.
TENDÊNCIA – O estudo mostra que o Brasil está alinhado às normas da OCDE. No entanto, os países da OCDE, seguidos por China e Índia, estão sofisticando suas operações com instrumentos mais complexos como project finance, cofinanciamentos e operações estruturadas. Ao contrário do Brasil, os países oferecem uma modalidade de crédito chamada de untied credit.
Nesse tipo de operação, o financiamento não está amarrado a exigências de compra de bens ou serviços. O Japão, por exemplo, financia projetos e importação de bens por países em desenvolvimento, quando esses recursos contribuem para garantir o suprimento estável de energia e de recursos minerais para o Japão, promovem os negócios de empresas japonesas, mantém ou expandem o comércio e o investimento direto no Japão.
Nove dos 13 países analisados, a exceção do Brasil, concedem apoio financeiro ao processo produtivo do exportador, com financiamento para capital de giro (Alemanha e Coreia do Sul) ou oferta de garantias a operações de crédito pré-embarque com outras instituições financeiras (Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Holanda, Índia e Itália).
Há ainda modalidades em expansão para financiar ou conceder garantias de crédito à expansão da capacidade produtiva das empresas exportadoras. Além do apoio ao crédito às exportações, os países têm oferecido também garantias e seguranças associados à atividade exportações e não apenas às operações de crédito à exportação.
Essas garantias são bastante diversificadas, ao cobrir riscos comerciais ou políticos de empresas exportadores, de empresas prestadoras de serviços no exterior ou de instituições financeiras que emitiram apólices ou concederam garantias associadas à atividade de exportação de bens e serviços.
No Brasil, o financiamento tem demonstrado pouca diversidade na operação de suas linhas tradicionais de financiamento e de concessão de garantias. “As exportações são elementos importantes para as economias dos países e cumprem papel relevante no seu processo de desenvolvimento.
Elas impulsionam a geração de emprego, renda e divisas para o país, permitindo ganhos de escala e competitividade para suas empresas. Cada R$ 1 bilhão exportado pela indústria no Brasil, por exemplo, mobiliza 36 mil empregos”, diz o diretor da CNI, Carlos Abijaodi.