Nesta quinta-feira (31/10), as Pequenas e Médias Empresas (PMEs) do Brasil ganharam um recurso a mais para inovar e garantir o retorno financeiro do seu esforço nesse sentido. Trata-se da publicação Caminhos para aprimorar a gestão e a apropriação de PI por PMEs inovadoras, lançada durante a conferência Gestão da Propriedade Intelectual para a Inovação: tendências e desafios globais. O evento foi promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com a Câmara Internacional de Comércio (ICC) e aconteceu em São Paulo.
Elaborado pela ICC em parceria com a CNI e outras instituições, empresas e organizações, o estudo trata de um nicho que representa 99% das empresas e 52% dos empregos formais no Brasil. É o primeiro de uma série de cinco volumes que, juntos, formarão a Agenda Positiva para a Inovação da ICC. Em entrevista ao canal de propriedade intelectual da CNI, o presidente da ICC David Koris justifica a escolha das PMEs, comenta a escolha do Brasil para sediar a conferência de lançamento do estudo e fala sobre os desafios que os países têm para consolidar uma cultura de inovação e propriedade intelectual:
Porque as PMEs foram escolhidas como tema do estudo?
O mundo está enfrentando desafios econômicos. As empresas transnacionais discutem o tempo todo sobre como resolver os problemas do planeta com tecnologia. Acreditamos que o desenvolvimento dessas soluções tecnológicas requerem muitos pensamentos que, por sua vez, precisam ser produzidos pelo maior número de pessoas qualificadas.
Nesse sentido, pequenas e médias empresas e as start-ups são o sangue novo das grandes organizações. Não são negócios exclusivos, mas são altamente relevantes para a inovação das companhias de grande porte. Se uma nação quer avançar tecnologicamente e colaborar em nível global para a resolução dos problemas do mundo, incentive a criação de pequenas empresas e dê a elas o conhecimento que precisam para se estabelecer e ir adiante.
Quando um PhD em química sai da universidade hoje, o que ele sabe sobre começar um negócio? É por isso que temos as PMEs como alvo neste primeiro estudo. Queremos evidenciar a importância desses negócios para a economia global.
É a primeira reunião da ICC, organização sediada na França, no Brasil. É um sinal de que o país está na rota dos debates internacionais sobre propriedade intelectual?
Sem dúvida. Estamos reunidos aqui hoje porque o Brasil ocupa um lugar de destaque no mercado global de inovação e propriedade intelectual, e tem um potencial incalculável para se tornar um dos líderes da economia formada por esses dois motores.
Quais são os desafios do Brasil para conquistar esse lugar no mercado global?
O Brasil tem problemas que são comuns à maioria dos países. Boa parte das economias têm uma estratégia errada para se desenvolver nesse aspecto, incluindo algumas consideradas mais avançadas em termos de proteção ao conhecimento. As nações que efetivamente tiveram sucesso nessa estrada começaram tendo uma estratégica específica para a propriedade intelectual. Isso ajuda muito a ter a atenção necessária do governo, a dar a devida importância ao desenvolvimento da tecnologia e à proteção intelectual. É a melhor maneira de garantir investimentos sistemáticos.
Também existe um desafio no campo da educação?
Fundamentalmente, é preciso educar as crianças sobre a inovação. Na China, alunos da 4ª série do ensino básico já aprendem muito sobre isso. Por outro lado, temos PhDs saindo das universidades que não sabem nada sobre o assunto. Esse abismo entre as duas realidades só mostra como ainda existem muitas oportunidades para avançar na consolidação de uma cultura inovadora e com ênfase em propriedade intelectual. Diante dos bons exemplos que temos, por que não se inspirar e ir além?