Em setembro, Beto Studart completa um ano à frente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC). Empresário de vasta experiência no setor químico e na construção civil, Beto trouxe novo fôlego à estratégia de aproximação entre sindicatos e empresas no estado. Prova disso é que as ações do Programa de Desenvolvimento Associativo cresceram cinco vezes depois da sua chegada à federação. Até agosto de 2015, capital e interior cearenses organizaram 48 atividades, com mais de 800 participantes, contra nove cursos ao longo de todo o ano de 2014. A isso ele atribui, por exemplo, o aumento expressivo de filiações aos sindicatos ligados à FIEC. "As ações do PDA chamam a atenção das empresas não-associadas e é muito importante que continuemos investindo nisso para que as indústrias vejam que, juntas e integradas aos seus setores, são muito mais fortes", afirma. Confira a seguir os principais trechos da entrevista concedida à Agência CNI de Notícias.
Agência CNI de Notícias – Em setembro, o senhor completa um ano à frente da FIEC. Que balanço o senhor faz das ações direcionadas ao desenvolvimento associativo, uma das linhas prioritárias de seu mandato?
Beto Studart – Como qualquer federação, a razão de ser da FIEC, formada por 39 sindicatos industriais, é agir de maneira coordenada em função dos interesses dos setores econômicos que representamos. Desde o início da nossa gestão, fortalecer os vínculos com os sindicatos tem sido um conceito transversal que perpassa várias ações, inclusive as desenvolvidas pelo SESI, SENAI e IEL. Queremos dar o suporte necessário não apenas ao crescimento, mas à sustentabilidade de seus respectivos setores.
O primeiro balanço demonstra resultados positivos: do início da nossa gestão até agora, registramos um aumento de 10% no número de empresas associadas aos diversos sindicatos.É importante ressaltar a participação do Programa de Desenvolvimento Associativo (PDA) nesse processo, principalmente pelo papel de agregar empresas, empresários e seus gestores. Um cenário que evidencia isso é que saímos de nove cursos realizados pelo PDA em 2014, com 233 participantes, para um total de 48 cursos, envolvendo 878 pessoas, até agosto de 2015. Isso aproxima muito os associados e desperta a atenção dos futuros associados.
Agência CNI de Notícias – Atualmente a economia brasileira e a indústria, em especial, enfrentam um momento de crise. Além de cobrar ação dos governos federal e estadual, indústrias e entidades de representação precisam inovar na sua forma de agir. Como tem sido esse processo para a FIEC?
Beto Studart – Em tempos de crise, é preciso realmente inovar em diversos aspectos, visando esforços estratégicos, focados, sem desperdícios. Sob essa premissa, alinhamos as ações do SESI, SENAI e IEL para aproximá-los às demandas concretas das nossas indústrias. Criamos núcleos estratégicos, como os de Economia, Energia, Meio Ambiente e Inovação, todos com ações transversais, envolvendo sindicatos, setores e instituições de interesse da indústria.
Por meio do nosso Núcleo de Economia, estamos desenvolvendo o Programa de Desenvolvimento da Indústria - PDI, como parâmetro para nortear ações realizadas nos próximos anos. Com apoio da Federação das Indústrias do Paraná – FIEP, o trabalho é estruturado em três eixos principais para promover a definição de estratégias. São eles: Prospecção de Futuro para a Competitividade Setorial; Inteligência Competitiva; e Cooperação e Ambiência para o Desenvolvimento. Essas expertises vão nos ajudar a identificar e trabalhar caminhos para o desenvolvimento do nosso estado. Áreas como a construção civil, metalmecânica, saúde, energia, logística, água e tecnologia da informação, após estudos realizados por especialistas, foram identificadas como prioritárias. Ainda neste mês, começaremos a traçar as rotas estratégicas, que apresentam as possibilidades para cada um dos setores, identificando as grandes tendências, as áreas mais promissoras para a indústria do Ceará, assim como as necessidades de inovação e os grandes marcos industriais a serem instalados no estado.
Outra iniciativa que vale ressaltar é a atuação dos nossos Conselhos Temáticos, que se concentram nas suas áreas, mas nos trazem também um termômetro com a sociedade, pela participação plural. São onze Conselhos, que reúnem-se periódica e sistematicamente.
Agência CNI de Notícias – Além de inovar na gestão, como o senhor acha que sindicatos, federações e CNI podem estar mais próximos das indústrias representadas? Que ações a FIEC tem adotado nessa direção?
Beto Studart – O próprio PDA é um importante instrumento para essa aproximação, uma vez que é constituído de ações que estão diretamente ligadas à realidade das empresas e ajudam em áreas como gestão, capacitação de gestores, discussão de temas e formações práticas, contribuindo para a profissionalização das empresas. Temos também a troca de experiências entre líderes sindicais, que favorece o intercâmbio de informações e visa modernizar a gestão e a estruturação de uma rede que pode contribuir para o fortalecimento das cadeias produtivas. A cada mês, realizamos o Fórum Ideias em Debate, cujo objetivo é fomentar reflexões acerca de temas relevantes e ampliar o conhecimento e mobilização de industriais de todos os setores.
Assim, no Ideias em Debate, promovemos palestras abertas ao público com personalidades de diversas áreas, para trazer informações atualizadas visando o fortalecimento do setor produtivo e desenvolvimento de toda a sociedade. Também formalizamos uma parceria com o Banco do Nordeste (BNB) e lançamos o Cartão Empresarial BNB/FIEC, que estará disponível para as 2.200 empresas associadas aos 39 sindicatos filiados à FIEC, sem custo de anuidade. É um produto de capital de giro, que também pode ser utilizado como cartão de crédito facilitado e pré-aprovado, em condições favoráveis aos nossos industriais.
Agência CNI de Notícias – Em 2015 a FIEC ampliou significativamente a oferta de ações do Programa de Desenvolvimento Associativo, por meio dos sindicatos, para as indústrias de diversas regiões do estado. Que resultados dessa estratégia já podem ser sentidos? Em que medida a criação de uma área sindical na FIEC contribui para esse processo?
Beto Studart – Em 2015, o PDA já realizou 41 cursos em Fortaleza e sete no interior do estado, com a participação de quase 900 pessoas. Municípios maiores, onde a indústria tem participação relevante, como Juazeiro do Norte, Marco e Limoeiro do Norte, receberam cursos da grade do PDA, reunindo empresários, gestores e profissionais de indústrias associadas e não-associadas das diversas regiões cearenses.
Percebemos que as ações do PDA chamam a atenção das empresas não-associadas e é muito importante que continuemos investindo nisso para que as indústrias vejam que, juntas e integradas aos seus setores, são muito mais fortes. Outro resultado dessa estratégia é que contribuímos para diminuir as diferenças regionais, oferecendo no interior as mesmas oportunidades para as empresas e empresários disponíveis na capital.
Outro destaque, este em fase de implementação, é o Núcleo Integrado de Apoio ao Sindicato, local onde conviverão, no mesmo espaço físico, várias atividades de suporte às ações sindicais, como relações trabalhistas, assuntos legislativos, meio ambiente e desenvolvimento associativo para facilitar a interlocução com os sindicatos. É uma grande iniciativa na qual o PDA tem papel fundamental. Quando apoiamos os sindicatos, seus líderes, seus empresários e empresas que compõem os setores que movimentam a economia do Ceará, nós estamos desenvolvendo a indústria, nos fortalecendo para crescer e vencer juntos os desafios.