Um cenário repleto de desafios

Em artigo publicado na Revista Indústria de dezembro, o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, escreveu sobre as expectativas para a economia brasileira em 2022, ainda em meio à pandemia da Covid-19

O surgimento da variante ômicron do coronavírus comprova que ainda é cedo para fazer previsões sobre o fim da pandemia. Essa imprevisibilidade continua sendo um importante fator de risco para a economia global.

Embora seja muito preocupante, a Covid-19 não é o único problema enfrentado pelo mundo. Há outros elementos que aumentam as incertezas e devem influenciar o desempenho econômico de todos os países no próximo ano.

Em meio ao cenário adverso, o Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta um crescimento de 4,9% para a economia mundial e de apenas 1,5% para o Brasil em 2022.

Um dos focos de atenção do mundo é a queda do ritmo de crescimento da China, em razão da crise do setor imobiliário e das dificuldades no abastecimento de energia naquele país.

As estimativas do FMI indicam que o gigante asiático deve crescer 5,6% no ano que vem, abaixo dos 8% projetados para 2021. Isso pode reduzir as exportações brasileiras, pois a China é, atualmente, o nosso principal parceiro comercial.

Outra fonte de instabilidade global é o aumento da inflação, que vem sendo causado, especialmente, pela desorganização das cadeias internacionais de suprimentos. Com a escassez de diversos produtos, como semicondutores, os preços estão subindo em todas as partes do planeta.

No Brasil, a aceleração da inflação, que já supera os 10% no acumulado de 12 meses, levou a um novo ciclo de aumento dos juros. Os preços e os juros altos comprometem o consumo das famílias e desestimulam os investimentos das empresas.

As adversidades externas, somadas a uma série de deficiências internas, prejudicam a recuperação da economia brasileira. Os indicadores da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram que o faturamento do setor industrial vem caindo nos últimos meses e fechou outubro com uma queda de 12,8% em relação ao mesmo mês do ano passado.

O fraco desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo e no terceiro trimestres de 2021 confirma que estamos enfrentando muitas dificuldades para superar, de vez, a crise trazida pela pandemia.

Para reverter esse quadro adverso, precisamos de ações efetivas que criem um ambiente mais favorável à produção e promovam a competitividade das empresas. Isso requer a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 110/2019, que promove a reforma da tributação sobre o consumo.

São necessárias, ainda, a modernização e ampliação da infraestrutura e a redução da burocracia nos processos de importação e exportação. É igualmente importante definir uma política robusta de apoio aos investimentos em ciência, tecnologia e inovação, além de ações que visem ao fortalecimento da indústria e à inserção internacional das nossas empresas.

Essas medidas são fundamentais para o país afastar as incertezas, atrair mais investimentos e criar empregos de qualidade. Com as políticas apropriadas, poderemos vencer a crise, voltar a crescer de forma consistente e retomar o caminho do desenvolvimento econômico e social.

*Robson Braga de Andrade é empresário e presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O artigo foi publicado na Revista Indústria Brasileira.

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