Setor de gás precisa se modernizar

Em artigo publicado no jornal O Globo, o presidente-executivo da Associação Brasileira do Alumínio, Milton Rego, defende que aprovação de marco regulatório será reforma fundamental

Depois da aprovação da Lei do Saneamento, fundamental para dar vida digna às famílias e tirar do atraso parte considerável do país, temos a chance de estabelecer mais uma reforma fundamental. O Congresso deve votar em agosto o Projeto de Lei 6407/13, que tramita em regime de urgência e que institui o novo Marco Regulatório do Mercado de Gás Natural.

A modernização do segmento vai beneficiar o consumidor doméstico, a indústria e a economia nacionais. Hoje, pagamos uma das tarifas mais caras do mundo. Isso acontece porque a lógica que rege o segmento não permite concorrência.

A Petrobras detém o monopólio da produção de gás e da sua distribuição até os estados da Federação, por meio de grandes gasodutos. Dentro dos estados, a distribuição está nas mãos de empresas que dominam sozinhas o mercado local – muitas delas, com participação acionária dos governos. O que essas empresas fazem é simplesmente estabelecer um fee (ou pedágio, como quiserem) sobre os investimentos nas tubulações e no preço que pagam à Petrobras.

É um ótimo negócio para elas, mas é péssimo para o Brasil. Basta observar o desempenho das ações dessas empresas e compará-las ao Ibovespa. O modelo até fazia algum sentido quando foi implantado, uma vez que era preciso incrementar a universalização do serviço. Mas, agora, é somente uma âncora que impede de nos mover na direção de um gás a custo competitivo e perpetua um privilégio inaceitável.

O preço da molécula de gás no Brasil para uso industrial gira em torno de US$ 14 por milhão de BTUs – o dobro do custo na Europa (US$ 7) e sete vezes o dos Estados Unidos (US$ 2). O gás é um insumo fundamental para muitos setores industriais. Para a cadeia produtiva do alumínio, que represento, o gás corresponde atualmente, depois do custo da matéria-prima, ao maior desembolso tanto para as refinarias de alumina, quanto para as recicladoras, inibindo, inclusive, o aumento do uso de matéria-prima reciclada.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) produziu um estudo mostrando o impacto da competitividade do gás sobre segmentos industriais que o utilizam intensivamente, como a indústria do alumínio. Uma projeção aponta que se o preço da molécula fosse US$ 7 por milhão de BTUs, ou seja, se hoje a tarifa caísse pela metade, isso elevaria o faturamento das empresas consumidoras em 40% em 2030.

O  PL 6407 fornece as bases para a reforma do mercado do gás, permitindo o ingresso de novos players nesse jogo até aqui de cartas marcadas. A ideia é fomentar a concorrência, atrair investimentos, ampliar a oferta do insumo, com o estabelecimento de tarifas competitivas, fundamentais para o país crescer e gerar mais empregos.

A Associação Brasileira do Alumínio (ABAL), ao lado de dezenas de associações de classe, participou ativamente das discussões que culminaram na redação final do PL 6407, e tem convicção de que o Congresso fará a opção que colocará o Brasil na direção do crescimento e no passo das economias mais competitivas.

*O artigo foi publicado no  jornal O Globo, nesta segunda-feira (10).

Milton Rego é presidente-executivo da Associação Brasileira do Alumínio

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