A produção e o emprego na indústria brasileira voltaram a cair em junho. O indicador de evolução da produção ficou em 47,7 pontos e o de número de empregados no setor foi de 47,6 pontos no mês passado, informa a Sondagem Industrial, divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta quarta-feira (26). Os indicadores da pesquisa variam de zero a cem pontos. Quando estão abaixo dos 50 pontos indicam queda na produção e no emprego.
A utilização da capacidade instalada recuou para 65% e está 3 pontos percentuais abaixo da média histórica de 68% registrada desde 2011 para os meses de junho. Com a elevada ociosidade no parque industrial, a disposição para investir continua baixa. O índice de intenção de investimento ficou em 46,6 pontos. O indicador varia de zero a cem pontos. Quanto menor o índice, menor é a propensão para o investimento.
Apesar do quadro negativo, as perspectivas dos empresários são positivas e indicam uma melhora do cenário no curto prazo. Os indicadores de expectativas mostram que a indústria espera o aumento da demanda, das exportações e da compra de matérias-primas nos próximos seis meses. Mas o indicador de expectativa em relação ao número de empregados continua em 48,8 pontos, abaixo da linha divisória dos 50 pontos que separa o aumento da queda. Ou seja, mesmo com a perspectiva de recuperação, a indústria deve manter as demissões nos próximos seis meses.
"A combinação dos resultados efetivos dos últimos meses com os de expectativa sugere que a indústria caminha em direção à recuperação, mas que essa trajetória é de dificuldades, com volatilidade nos dados mensais e lentidão no processo de retomada do crescimento", avalia a CNI.
PROBLEMAS E SITUAÇÃO FINANCEIRA - A pesquisa destaca que os principais problemas enfrentados pela indústria no segundo trimestre do ano reforçam o quadro de lenta recuperação da atividade. "A falta de demanda e a inadimplência dos clientes continuam se destacando entre os principais problemas apontados pelos empresários", diz o estudo.
A elevada carga tributária, com 45,2% das menções, lidera o ranking dos principais obstáculos à atividade industrial no segundo trimestre. Em seguida, com 39% das respostas, aparece a demanda interna insuficiente. Em terceiro lugar, com 21,9% das assinalações, vem a inadimplência dos clientes, seguida pelas taxas de juros elevadas (21,8% das respostas) e pela falta de capital de giro (18,9% das menções).
Ainda de acordo com a Sondagem Industrial, os indicadores de condições financeiras das empresas melhoraram um pouco no segundo trimestre, mas seguem abaixo da linha divisória dos 50 pontos e apontam um quadro adverso. O índice de satisfação com a situação financeira ficou em 44 pontos, valor 4,5 pontos superior ao do segundo trimestre de 2016. O índice de satisfação com o lucro operacional subiu 3,8 pontos em relação ao mesmo trimestre do ano passado e ficou em 38,7 pontos.
ACESSO AO CRÉDITO - As condições de acesso ao crédito também estão melhorando lentamente, mas continuam mais difícil que o usual, observa a pesquisa. O indicador de facilidade de acesso ao crédito está em 34,1 pontos, valor 5,1 pontos acima do registrado no segundo trimestre do ano passado. Mesmo assim, está abaixo da linha divisória de 50 pontos, o que revela dificuldade de acesso ao crédito.
Esta edição da Sondagem Industrial foi feita com 2.281 empresas de todo o país. Dessas, 940 são pequenas, 828 são médias e 513 são de grande porte.
SAIBA MAIS - Acesse a página da Sondagem Industrial pra conhecer todos os detalhes da pesquisa.