O Conselho Temático de Infraestrutura da Confederação Nacional da Indústria (Coinfra) recomenda a privatização das Companhias Docas o mais rapidamente possível. Segundo o presidente do Coinfra, Olavo Machado, o setor público já se mostrou incapaz de administrar os portos e responder com agilidade às oportunidades de mercado.
“O setor privado tem mais condições de investir e mobilizar recursos para darmos a tão esperada eficiência que os exportadores e importadores brasileiros precisam. Não temos mais tempo para abrir mão de instrumentos que vão nos dar competitividade”, disse Olavo Machado durante reunião do Conselho nesta quarta-feira (26), em Brasília.
Dados da CNI mostram que a execução orçamentária de investimentos da União, nos seis primeiros meses deste ano, foi 34% menor do que no mesmo período do ano passado. Foram investidos apenas R$ 13,8 bilhões, o menor valor dos últimos sete anos. No Ministério dos Transportes, os investimentos foram 38% inferiores do que entre janeiro e junho de 2016. E 80% deles foram para rodovias.
O representante da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), Adalberto Coelho, advertiu para o uso político do comando dos portos no Brasil. “Já tivemos pessoas sem o preparo necessário para administrar o porto de Salvador. Corremos o risco de um ter um bom gestor numa hora e um gestor péssimo no outro”, lembrou.
O superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Luiz Henrique Tessutti Dividino, falou dos avanços no porto nos últimos seis anos, que acabou de instalar 14 novos guindastes. Ele lembrou que há desafios com o inchaço da máquina e a burocracia no próprio porto. Além disso, também lamentou que o porto não tem a capacidade de portos desenvolvidos. “Em Paranaguá, nós fazemos nove manobras, em Santos são 30. Isso não é nada comparado com os portos asiáticos ou com Roterdã”, disse.
NEGOCIAÇÃO COM ARMADORES – O chairman da LOG Z, Nelson Carlini, alertou o setor empresarial para a concentração das empresas de navegação marítima no mundo. Segundo ele, três grandes grupos, que representam 10 empresas, movimentam 80% das cargas do mundo. “Diante disso, recomendo que o setor empresarial brasileiro faça como os japoneses e se organizem, senão, as indústrias vão virar subsidiárias”, ressaltou Nelson Carlini.
Uma forma de organização, segundo a proposta de Carlini, seria a criação de cooperativas de compra de frete e serviços nos moldes dos Freight Forwards e Non Vessel Operator Common Carrier (NVOCCs), com o setor privado unido autorizando e negociando suas cargas.
“Atualmente vemos a consolidação crescente das empresas de navegação, o que diminui as alternativas para os donos de carga. Se por um lado as empresas conseguem um serviço especializado e regular, por outro têm menos alternativas e estão pagando fretes mais caros. Isso ocorre porque os grandes armadores estão engolindo os concorrentes. A ponta de lá se organizou para sobreviver, vocês têm que se organizar”, aconselhou.