Diante do déficit de US$ 105 bilhões no saldo comercial brasileiro e das crescentes barreiras não-tarifárias no mundo, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) propôs ao governo a criação dos Adidos de Indústria e Comércio, um reforço das embaixadas no exterior na defesa do interesse da indústria nacional.
A sugestão da CNI é que sejam transferidos oito funcionários do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio (MDIC) com conhecimento técnico para identificar essas barreiras, regulamentos técnicos e quaisquer outros obstáculos à entrada de produtos brasileiros nas principais economias do mundo.
“As barreiras são pouco transparentes e difíceis de serem monitoradas. Por isso, economias voltadas às exportações mantêm mecanismos sofisticados para identificá-las e eliminá-las. Os Adidos de Indústria e Comércio têm esse objetivo”, diz o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi.
PROPOSTA - Os Adidos de Indústria e Comércio deverão ser um canal entre o setor privado e o governo no exterior, além de representar e defender in loco os interesses da indústria em seus mercados prioritários, sem se sobrepor às funções do corpo diplomático. A proposta prevê a criação de oito vagas de Adidos distribuídos pela América do Sul, Estados Unidos, Europa e Ásia, a exemplo do que já fazem grandes economias desenvolvidas (Estados Unidos, Coreia do Sul e Canadá) e em desenvolvimento (China, África do Sul e Indonésia).
A CNI se baseia no sucesso dos Adidos Tributários e Aduaneiros, criados em 2000, e dos Adidos Agrícolas, em 2008, que acumulam excelentes resultados na expansão internacional do agronegócio brasileiro. Entre os casos de sucesso, os Adidos Agrícolas conseguiram acesso aos mercados americano e japonês para a carne suína; aumento do número de plantas habilitadas a exportar carne de frango para a China; e intensificação das negociações para a habilitação de plantas para exportação de carne bovina para a Rússia.
Se chancelados, os Adidos de Indústria e Comércio terão uma vasta agenda de atuação. Poderão mapear os instrumentos de redução de impostos nos Estados Unidos, além de medidas discriminatórias como as cotas no mercado americano; mapear detalhadamente o controle de divisas existentes na Venezuela; acompanhar a exigência de declarações juramentadas na Argentina e os subsídios na China.
Com dados concretos em mãos, o governo brasileiro terá um poder maior de barganha com outros governos para uma possível derrubada de barreiras comerciais e na negociação de acordos de livre comércio. Também será mais fácil defender o interesse da indústria na Organização Mundial do Comércio (OMC).