Brasil ficará isolado se não buscar novos acordos comerciais

CNI entende que a perda de competitividade da indústria brasileira e a queda nas exportações de semi e manufaturados sinaliza que o Brasil precisa dar mais atenção às negociações internacionais

A indústria brasileira acompanha com preocupação a série de acordos comerciais que estão à mesa e o governo brasileiro assiste às discussões distante da realidade. Chile, Colômbia, México e Peru, parceiros brasileiros na América Latina que juntos possuem 35% do PIB latino-americano e 3% do comércio mundial, se uniram recentemente na Aliança do Pacífico. O Chile possui preferênciais tarifárias com 62 países e a Colômbia, com 60 mercados. O México tem acesso preferencial a 50 e o Peru, a 52. Todos eles têm acordos de livre comércio com os Estados Unidos e a União Europeia. O Brasil tem 22 acordos preferenciais, a maioria pouco relevante.

A parceria Transpacífica (TPP, na sigla em inglês) se tornou prioridade do presidente Barack Obama e unirá sob um mesmo chapéu as economias da Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Cingapura, Estados Unidos, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru e Vietnã, que correspondem a quase 25% do comércio mundial. Para dar corpo ao tratado, Japão e EUA reconheceram que há áreas sensíveis, como a agrícola para os japoneses e a de manufatura para os americanos. Mesmo assim, decidiram negociá-las.

Os Estados Unidos também vão firmar acordo com a União Europeia. A Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP em inglês), com mais de 25% do comércio mundial, não será apenas uma aliança política. Americanos e europeus indicaram que estão dispostos a negociar barreiras regulatórias. Quem discute barreiras regulatórias discute as não-tarifárias, que são as mais importantes na relação EUA-Europa.

Os acordos TPP e TTIP reorganizarão a estrutura e o fluxo do comércio internacional pelo acesso tarifário preferencial, inclusão de temas como investimentos, propriedade intelectual e a redução de barreiras técnicas. O resultado de todos esses acordos é a união do Norte num cinturão que engloba o comércio pelo Pacífico e pelo Atlântico, e isola ainda mais o Mercosul, que tem menos de 2% do comércio mundial e, naturalmente, o Brasil.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) entende que a perda de competitividade da indústria brasileira e a queda nas exportações de semi e manufaturados sinaliza que o Brasil precisa dar mais atenção às negociações internacionais. O país corre o risco de perder mais espaço em seus mercados exportadores se não entrar no jogo mundial e buscar novas parcerias no comércio internacional.

Relacionadas

Leia mais

Falta de acordos comerciais preocupa empresários brasileiros
Novo sistema facilita acesso aos acordos comerciais do Brasil, avalia CNI
CNI defende que países do Mercosul permitam flexibilidade para negociar acordos comerciais

Comentários