Facility, fundo do Instituto Amazônia +21, recebe aporte de R$ 2 milhões da ABDI

Investimento foi anunciado na COP29, em Baku, no Azerbaijão. Recurso vai fomentar negócios inovadores na Amazônia

O Instituto Amazônia+21 anunciou, nesta sexta-feira (15), que a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) aportou R$ 2 milhões na Facility de Investimentos Sustentáveis, plataforma de financiamento de negócios sustentáveis na Amazônia. A informação foi divulgada na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29), em Baku, no Azerbaijão. 

A organização é uma iniciativa de empresários da região e conta com o suporte da Confederação Nacional da Industria (CNI) e das nove federações das indústrias dos estados da Amazônia Legal – Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima, Pará, Maranhão, Amapá, Tocantins e Mato Grosso.


“A Facility de Investimentos Sustentáveis tem por objetivo criar um grande fluxo de investimentos destravando capital para financiar empreendimentos sustentáveis na Amazônia, essa plataforma oferecerá segurança jurídica dando conforto e informação para o investidor e a ABDI decidiu ser uma das primeiras investidoras no Fundo Catalítico Amazônia”, disse o presidente do Instituto Amazônia+21, Marcelo Thomé.


A ferramenta Facility de Investimentos Sustentáveis funciona por meio de um blended finance. A intenção inicial é captar R$ 600 milhões nos primeiros três anos. Ao longo de 10 anos, a meta é chegar a R$ 4 bilhões. A CNI foi a primeira instituição a investir no fundo, ao comprar uma das dez cotas pioneiras no valor de R$ 2 milhões.

“Sou amazônica. Só fui conhecer comodidades urbanas, como chuveiro, energia elétrica, aos 14 anos. Então, eu sei que não é romântico viver na maior floresta, com as maiores riquezas do planeta e passar fome. Queremos atrair tantos outros para que possam financiar projetos para que os amazônidas continuem olhando para a floresta em pé, tenham compreensão que é importante ela ficar de pé, mas que eles tenham recursos para desenvolver seus projetos”, afirmou Perpétua Almeirda, diretora de Sustentabilidade da ABDI.

Como funciona o financiamento misto

O blended finance é uma forma de financiamento misto, unindo recursos que podem ser comerciais, públicos, de fomento e filantrópicos, para viabilizar projetos de impactos positivos sociais e ambientais. 

Com esse valor, o Instituto Amazônia+21 espera os seguintes impactos:

- Desenvolvimento de uma economia de alto valor agregado, justa e inclusiva no bioma;
- Redução do desmatamento, das emissões, da poluição e aumento da conservação da biodiversidade;
- Desenvolvimento socioeconômico e a melhoria das condições de vida das populações locais;
- Ampliação e diversificação da oferta de bens e serviços no território.

A Facility de Investimentos trabalhará simultaneamente com quatro plataformas em setores como bioeconomia, energia renovável e turismo sustentável. São elas:

- Plataforma de investimentos que destinará capital para empresas, projetos e iniciativas em setores estratégicos da economia verde;
- De assistência técnica para estruturação de projetos financiáveis e de impactos positivos sociais e ambientais;
- De engajamento multistakeholder para promover a cooperação entre todos os atores;
- De conhecimento para criação de dados e de informações quantitativas e qualitativas sobre a Amazônia.

Investimento alavanca capital 

Entre os benefícios para os doadores, estão a alavancagem de capital em até sete vezes e a participação na governança da ferramenta. Já para os investidores comerciais, estão previstos retornos financeiros semelhantes às taxas e ao prazo do mercado tradicional.

Além disso, doadores e investidores estarão contribuindo no combate à mudança climática e na conservação do meio ambiente e da biodiversidade.
Atualmente, o portfólio da Facility de Investimentos Sustentáveis já conta com as seguintes iniciativas:

- Projetos de 96 startups voltados para o desenvolvimento da bioeconomia na Amazônia. As iniciativas, selecionadas pelo programa Inova Amazônia, do Sebrae, receberão assistência técnica e financeira.

- O Centro de Bioeconomia e Conservação da Amazônia, em Porto Velho (RO). Com uma área de cerca de mil hectares, o local receberá o plantio de pelo menos 100 espécies de plantas amazônicas que devem ser estudadas. Além do plantio, o centro deve reunir vitrines tecnológicas, áreas de restauração da Floresta Amazônica, laboratórios e escritórios: tudo voltado para pesquisa e produção de mudas e sementes da Amazônia.

- O Projeto de Habitação Social, em parceria com a Caixa Econômica Federal, que prevê a construção, em prova de conceito, de oito unidades habitacionais sustentáveis em palafitas e uma estrutura social de 300m² com o uso de madeira engenheirada (processada industrialmente para otimizar o seu desempenho para uso na Construção Civil). O potencial de médio e longo prazo inclui um plano de desenvolvimento urbano sustentável do bairro, com arquitetura financeira híbrida para viabilizar sua implementação e escala de produção de moradias sustentáveis.

- Estudo para a conversão de lixões em aterros sanitários na região da Amazônia Legal.

Saiba mais sobre o Instituto Amazônia+21

Criado em 2021, o Instituto Amazônia+21 tem o objetivo fomentar negócios sustentáveis e de apoiar empresas e novos empreendimentos na região amazônica, e busca conectar oportunidades locais com fundos de investimentos e organizações interessadas em financiar ou participar das iniciativas.

O portfólio de serviços do instituto contempla difusão de práticas ESG, mensuração de resultados e impactos de projetos, consultoria técnica, assessoria para captação e aplicação de investimentos, articulação de parcerias voltadas à incorporação de tecnologias e à inovação.

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