Executivos defendem maior cooperação e parcerias adequadas para garantir segurança hídrica

No Rio Water and Business, gestores apresentaram boas práticas empresariais e mostraram a necessidade de ações que ultrapassem os muros das fábricas

Participantes de evento organizado pela CNI e parceiros afirmaram que ações empresariais para uso eficiente da água devem ultrapassar os muros das fábricas

A Nestlé no Brasil criou um sistema de pagamento diferenciado a produtores de leite que usam a água de forma racional. A iniciativa, chamada de Premium, paga mais aos fornecedores mais sustentáveis em seus processos e tem o intuito de incentivar o novo comportamento em toda a cadeia. Já a indústria química Braskem apostou na parceria com companhias de tratamento de esgoto para inserir a água de reúso em seus processos nos polos industriais de Camaçari, na Bahia, e na Região do ABC Paulista. Com essa aposta, a empresa deixou de ser impactada nos períodos de escassez hídrica que afetou São Paulo, em 2014, e a Região Nordeste, em 2016 e 2017.

Esses são alguns exemplos de como a cooperação entre empresas e seus diversos públicos e a escolha de parceiros adequados são fundamentais para maior efetividade em ações voltadas para segurança hídrica. Eles foram apresentados no Rio Water and Business, realizado nesta terça-feira (27), pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rede Brasil do Pacto Global e Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds).

De acordo com Marcelo Cerqueira, executivo da Braskem, a escassez hídrica está entre os principais riscos climáticos enfrentados pela empresa, que é altamente dependente de água. “Além do reúso do esgoto em outros locais em que temos operação, estamos estudando a viabilidade da dessalinização em fábricas situadas próximo ao mar”, relatou.

Alejandro Okroglic, representante da Philip Morris, destacou que a redução do consumo e o uso eficiente de água nos processos industriais não são suficientes para a superação do problema de escassez. Para ele, é preciso buscar parcerias para realizar ações que tenham impacto maior. Uma das vias começa pelo trabalho de conscientização da própria sociedade. “Se o risco hídrico for bem tratado e houver escolha correta de parceiros, é possível empresas agregarem valor aos seus negócios”, disse.

Debates no Rio Water and Business trouxeram ideias e experiências de sucesso para aumentar a segurança hídrica

REDES SOCIAIS – Cerqueira destacou o papel das redes sociais para conscientizar as pessoas sobre o uso racional da água. “Por meio desses canais, crianças e jovens podem ter conteúdo de qualidade e em rapidez maior do que o aprendido na escola”, comentou. “Com as redes sociais, as grandes empresas, que se relacionam com um público grande e diverso, podem ser um sistema de comunicação, já que possuem informações qualificadas e bons cases para inspirar a sociedade. O desafio está em como se comunicar.”

Na visão de Daniela Redondo, da Coca-Cola, as empresas precisam colocar causas acima da estratégia dos negócios e, para isso, precisam mudar a mentalidade e buscar mais cooperação com os concorrentes. “Na mentalidade corporativa tradicional, as empresas competem em tudo, até em projetos sociais, buscando ser melhor que as outras”, contou. “No entanto, é preciso mudar isso para um modelo de cooperação para que esses projetos ganhem escala e envolvam as pessoas das comunidades.”

O executivo da Ambev Felipe Barolo ressaltou a importância de empresas e sociedade darem valor à água. “Se continuarmos com a visão de que água é commoditie, não vamos mudar de patamar e o desperdício permanecerá”, enfatizou. O representante da consultoria em sustentabilidade Ecolab, Orson Landezma, defendeu a necessidade, para isso, de tornar acessível ferramentas que façam análise de custos e riscos hídricos. “Em 11 anos, iremos precisar de 40% a mais de água. É necessário olharmos para a redução de água e na circularidade do uso desse recurso”, declarou.

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