A descarbonização da economia vem sendo considerada por especialistas como única saída para enfrentar a crise climática e seus efeitos, colocando o mundo em uma trajetória que limite o aquecimento global a 1,5 °C. Na região Amazônica, a redução de emissão de gases de efeito estufa nas atividades produtivas tem especial relevância, tanto pelo potencial de receita como pelos benefícios ambientais e sociais envolvidos - mitigação dos efeitos das mudanças do clima, conservação e restauração da floresta, criação de empregos, acesso a novos mercados e melhoria da qualidade de vida das populações locais.
Um estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) aponta, por exemplo, que somente no estado do Pará, a renda gerada pelos produtos da biodiversidade (açaí, cacau-amêndoa, castanha-do-pará, palmito, borracha, entre outros) pode saltar de R$ 5,4 bilhões para R$ 170 bilhões em 2040.
Para discutir as oportunidades da descarbonização da economia para a Amazônia Legal, o Instituto Amazônia+21 e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) realizam na quarta-feira (28) a Jornada Negócios e Sustentabilidade. Serão debatidos meios, projetos e ações para a região se beneficiar da corrida global pela descarbonização, apresentando o potencial de negócios para investidores, empresários e outros interessados e oportunidades de melhoria de vida para as comunidades tradicionais.
O evento será transmitido pelo canal da CNI no YouTube e vai reunir executivos, técnicos e especialistas de empresas nacionais e internacionais, federações estaduais da indústria e associações setoriais, organismos internacionais, empresas do mercado financeiro, poder público e academia. Confira aqui a programação.
“Nosso objetivo com a Jornada de Negócios Sustentáveis é promover a troca de conhecimento, experiências, boas práticas e identificar novas tendências para a promoção de negócios sustentáveis na Amazônia Legal. É também um espaço de diálogo para identificar oportunidades e desafios, dialogando com as demandas locais, o potencial econômico da região e a agenda ESG”, explica o diretor do Instituto Amazônia+21, Marcelo Thomé.
Bioeconomia, energia e agricultura são atividades com potencial de descarbonização
Na Amazônia, o potencial da descarbonização se aplica principalmente a projetos que envolvem bioeconomia, transição energética e agronegócio. No segmento da bioeconomia, isso pode ocorrer por meio de negócios inovadores desenvolvidos a partir dos recursos provenientes da vasta biodiversidade, que resultam em fármacos, vacinas, enzimas industriais, novas variedades vegetais e animais, bioplásticos, biocombustíveis, produtos químicos de base biológica, cosméticos, alimentos e fibras.
Em energia, as oportunidades envolvem a utilização de energia solar, a substituição de combustíveis fósseis por biomassa, produzindo biocombustíveis a partir dos resíduos de origem animal, vegetal, industriais ou urbano, e o desenvolvimento da cadeia do hidrogênio sustentável.
Na agricultura, por meio da conversão da produção tradicional para uma agricultura de baixo carbono, como, por exemplo, a integração lavoura-pecuária-floresta. Nesse caso, os benefícios vão além da redução das emissões de gases de efeito estufa. As atividades desencadeiam novas economias de base florestal e contribuem para a redução do desmatamento e a conservação e a restauração florestal.
Thomé também aponta a importância do combate às atividades ilegais, ao desmatamento e às queimadas para garantir a competitividade da atividade produtiva legal e melhorar a imagem do país no comércio internacional.
“Além disso, a regularização fundiária é fator chave na criação de um ambiente favorável aos negócios sustentáveis e o manejo florestal sustentável é elemento essencial em qualquer estratégia de conservação das florestas”, diz.