Copa do Mundo impulsiona lucros das indústrias de latas, embalagens pet e de reciclagem

Apenas no primeiro trimestre deste ano, foram produzidas 1 bilhão de latinhas a mais que no mesmo período do ano passado

Em 2013, foram comercializadas mais de 21 bilhões de latinhas no Brasil

Olho no lance e latinha na mão. A cena comum em qualquer partida de futebol é ainda mais frequente durante a Copa do Mundo, em que ela, a lata, ganhou autorização especial para entrar nos estádios. Enquanto os craques marcam emocionantes gols no mundial, milhões de latinhas de alumínio e embalagens pets são consumidas. A indústria agradece, e não é por menos.

O setor se preparou - e muito bem - para atender ao aumento da demanda durante a competição. Apenas no primeiro trimestre deste ano, foram produzidas 1 bilhão de latinhas a mais que no mesmo período do ano passado. Um crescimento de 18%, segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade (Abralatas). Número que se torna ainda mais impressionante quando se leva em conta a média mensal de produção, que é de 1,8 bilhão por mês no Brasil.

De acordo com o diretor executivo da Abralatas, Renault Freitas, as vendas do setor podem chegar a R$ 23,5 bilhões em 2014. Ele falou ao Portal da Indústria sobre a expectativa de crescimento. Ouça clicando aqui.

As latas têm alto consumo e um ciclo de vida mais curto que outros produtos de alumínio. E com tantas latinhas por aí, o que seria delas ou do meio ambiente, não fosse a reciclagem. A boa notícia é que segundo a Associação Brasileira do Alumínio (Abal) , a reciclagem tem levado o Brasil à liderança mundial na atividade, consecutivamente, desde 2001. Em aproximadamente 30 dias, uma latinha de alumínio para bebidas pode ser comprada, utilizada, coletada, reciclada, envasada e voltar às prateleiras para o consumo.

De olho na ampliação desse mercado com a Copa, a Novelis, líder mundial em laminados de reciclagem de alumínio, começou a se preparar em 2011. Apenas na unidade que fica em Pindamonhangaba (SP), foram investidos US$ 35 milhões na expansão da capacidade de reciclagem. Somando-se a produção de chapas de alumínio, o valor chega a US$ 340 milhões. Foi a maior expansão da Novelis na América do Sul, na última década.

De acordo com o gerente de Reciclagem da empresa, Luide Reis, a Novelis reciclou mais de 70% das latas coletadas no Brasil em 2012, o que representa quase 14 bilhões de unidades. A capacidade é de processar 390 mil toneladas de sucatas de alumínio por ano, o que inclui as latinhas de bebida. A Novelis tem hoje 1.800 funcionários no país, com unidades em Pindamonhangaba (SP), Santo André (SP) e Ouro Preto (MG). Otimista, Luide acredita que os investimentos realizados serão compensados agora com a Copa e, depois, com as Olimpíadas. Ouça clicando aqui.

Bom para a economia e para o meio ambiente. A reciclagem utiliza apenas 5% da energia elétrica e libera somente 5% das emissões de gás de efeito estufa quando comparado com a produção de alumínio primário.

 

A Novelis tem o maior centro de reciclagem de alumínio da América do Sul

CATADORES NOS ESTÁDIOS - Mas e pra fazer as latinhas chegarem até a indústria da reciclagem? É aí que começa um trabalho essencial dos catadores que, hoje, segundo estimativa do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), são 800 mil em todo o país. Durante a Copa do Mundo, eles também estão dentro dos estádios recolhendo, dentre outras coisas, as latinhas de bebidas.

A iniciativa surgiu a partir de uma parceria do MNCR com a Coca-Cola Brasil e a Federação Internacional de Futebol (Fifa). Para se ter uma ideia, apenas no jogo de abertura do Mundial, na Arena Corinthians, em São Paulo, os catadores recolheram 14 toneladas de sucata, incluindo vidro, metal, plástico e papel. Só de latinhas foram 700 quilos.

As organizações ligadas ao MNCR levam cerca de 170 mil toneladas de materiais recicláveis todos os meses de volta para a cadeia produtiva. Alguns materiais com maior escala de produção são negociados diretamente com a indústria. Outra parte é vendida a intermediários. Segundo o MNCR, os catadores são responsáveis pela coleta de 90% de tudo que é reciclado hoje no Brasil.

GARRAFAS PET - Se as latinhas recicladas ajudam a economia e estão na linha do desenvolvimento sustentável, as garrafas pet não ficam atrás. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Pet (Abipet), só em 2012 o Brasil reciclou 331 mil toneladas de garrafas pet, um dos maiores números do mundo. Com isso, o faturamento do setor superou R$ 1,6 bilhão.

Durante a Copa, a expectativa da Abipet é de aumento da atividade recicladora. No caso do pet, a demanda pelas embalagens é maior que a capacidade de coleta, principalmente pela falta de coleta seletiva no país. Apesar de não ter uma estimativa oficial, a Abipet também aposta em crescimento do faturamento por causa do Mundial. Mais de 400 empresas atuam na reciclagem de pet no Brasil.

RECICLAR É PRECISO – Para o especialista da Gerência de Meio Ambiente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) Wanderley Coelho Baptista, a reciclagem é fundamental para a sociedade, para o país e para a indústria. "Além da importante questão ambiental, o processo gera demanda de mão de obra e riqueza desde a separação até o beneficiamento", afirma.

Wanderley ressalta ainda que a reciclagem está baseada inclusive na legislação brasileira. “É também uma demanda legal porque esses materiais não podem ser jogados em aterros sanitários. Precisam ser reaproveitados ou reciclados. E a indústria está trabalhando para que a reciclagem possa crescer durante a Copa”, disse.

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