Busca por US$ 1,3 trilhão até a COP30 mobiliza CNI e instituições financeiras em encontro no RJ

Evento no Museu do Amanhã apresentou iniciativas como o Eco Invest e a SB COP, voltadas à inovação financeira e ao protagonismo empresarial no financiamento climático

“O amanhã é hoje.” A frase, repetida na abertura do evento COP30 | O Roteiro de Baku a Belém, ganhou ainda mais força simbólica ao ser dita no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (21). O encontro reuniu lideranças do setor produtivo, governo e instituições multilaterais para debater soluções de financiamento climático, com destaque para iniciativas como o Eco Invest, que buscam mobilizar capital privado para projetos sustentáveis no país.

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, destacou a importância de transformar compromissos em ações concretas.


“Quem não está cansado de ouvir que o Brasil é o país do futuro? O amanhã a gente constrói hoje, com ações e entregas. A indústria é responsável por 30% das emissões globais, mas não tem voz nas negociações. Precisamos chegar na COP com propostas realistas, para que o setor privado seja parte ativa das soluções”, afirmou Ricardo Alban.


Para garantir a participação do setor privado nas negociações climáticas, a CNI lançou a Sustainable Business COP (SB COP), iniciativa inspirada no B20 que reúne líderes de mais de 60 países e representa quase 40 milhões de empresas. Além de apresentar recomendações para a COP30, que será realizada em novembro, em Belém (PA), a SB COP pretende identificar e divulgar soluções que já deram certo globalmente, promovendo uma atuação prática e estratégica do setor privado nas discussões sobre clima.

O presidente da SB COP, Ricardo Mussa, reforçou a importância da representatividade empresarial em Belém. “Nunca chegamos a uma COP com tamanha presença do setor privado. Precisamos focar no que está funcionando, porque só assim poderemos avançar”, disse.

Desafio do financiamento climático

O papel do financiamento climático foi destacado como essencial para viabilizar projetos sustentáveis de grande escala. A secretária de Relações Exteriores do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito, explicou a criação do Círculo de Ministros de Finanças da COP30, que atualmente reúne ministros de 37 países e busca articular soluções para mobilizar US$ 1,3 trilhão por ano em recursos externos para países em desenvolvimento.

O círculo responde a um chamado feito durante a COP29, em Baku, que reforçou a necessidade de ampliar os recursos climáticos para países em desenvolvimento, combinando fontes públicas e privadas, a fim de atingir a meta de pelo menos US$ 1,3 trilhão por ano até 2035.

Segundo Rosito, a agenda estratégica do grupo concentra-se em cinco prioridades: reformar bancos multilaterais de desenvolvimento, expandir o financiamento concessional e fundos climáticos, criar plataformas nacionais e fortalecer capacidades domésticas para atrair investimentos sustentáveis, desenvolver instrumentos financeiros inovadores para mobilizar capital privado e consolidar marcos regulatórios para o financiamento climático.

“O Círculo de Ministros de Finanças da COP30 representa uma contribuição essencial para o Roadmap de Baku a Belém, reunindo líderes globais para construir uma arquitetura financeira climática inclusiva, equitativa e orientada para resultados, alinhada às prioridades domésticas e internacionais do Brasil”, afirmou Rosito.

Eco Invest: iniciativa brasileira com apoio internacional

O presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn, destacou o papel do Eco Invest Brasil, iniciativa do governo brasileiro com apoio do BID e do governo do Reino Unido, para atrair capital privado ao país. “O objetivo com o Eco Invest é atrair capital privado ao país por meio de inovações financeiras, como blended finance e instrumentos de proteção contra a volatilidade cambial. Nossa colaboração pretende aumentar os investimentos no Brasil, criando empregos, oportunidades e benefícios tangíveis para os brasileiros”, disse Ilan.

Lançado em 2023, o programa combina blended finance, fundo de liquidez e derivativos de câmbio para mobilizar capital estrangeiro a projetos sustentáveis. A expectativa é alcançar US$ 10,8 bilhões (cerca de R$ 60 bilhões) até 2027, majoritariamente do setor privado, e o mecanismo pode ser replicado globalmente, reforçando a agenda da COP30.

Construindo soluções hoje

A convergência entre setor público, setor privado e instituições multilaterais, expressa na SB COP e reforçada por iniciativas como o Eco Invest, demonstra que compromissos climáticos podem se transformar em ações concretas. Para Alban, Mussa e Goldfajn, a mensagem é clara: o futuro do clima não espera. A COP30 em Belém surge, assim, como uma oportunidade para o Brasil exibir projetos estruturados, investimentos escaláveis e parcerias internacionais, tornando o país uma vitrine de soluções que integram sustentabilidade econômica e ambiental.

Relacionadas

Leia mais

O que esperar da COP30? - Vander Costa, da CNT (Ep.#9)
COP30: Empresários focam em soluções de sucesso da agenda verde
O que é a SB COP?

Comentários