Robótica: FRC cresce e Brasil passa a realizar dois regionais

Com aumento do número de equipes em 78% em três anos, SESI decidiu realizar duas competições. Brasil pode chegar no mundial com até 9 equipes

A arena de FRC ocupou a famosa quadra de vôlei do SESI da Vila Leopoldina, em São Paulo

Quando você entra na arena ou passa pelos pits da FIRST Robotics Competition (FRC), vê estudantes de 15 a 18 anos manuseando ferramentas e furadeiras, desenvolvendo programações de ponta, apresentando projetos sociais que impactam estados e até regiões inteiras. Você vê parte de uma geração com ideias inovadoras e sede de transformar o mundo por meio dos conhecimentos adquiridos na robótica.

O Serviço Social da Indústria (SESI) começou a realizar os torneios dessa modalidade no Brasil em 2022. Desde então, até essa temporada 2024/2025, houve um crescimento expressivo de 78% no número de equipes de FRC no país – de 42 equipes para 75 – e foi esse “boom” que incentivou a instituição a realizar um segundo torneio regional da categoria em São Paulo este ano. O evento que acontece entre os dias 22 e 23 de março reúne 33 equipes que representam Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e até Argentina.

“Mais do que uma competição, a FRC se tornou um verdadeiro movimento global, formando futuras gerações de engenheiros e cientistas e aproximando jovens de carreiras no setor tecnológico. Como o lema da competição destaca: "It’s more than robots" (É mais do que robôs)”, reforça a coordenadora da FRC do SESI, Luciana Baroni.

Com essa segunda competição, o número de vagas para o mundial de robótica que acontece em Houston (EUA) dobra e a comitiva brasileira cresce para conquistar mais espaço e prêmios lá fora.

Mas de onde veio essa competição e qual objetivo? Criada em 1992 pelo engenheiro e inventor Dean Kamen, a FRC nasceu com o objetivo de estimular o interesse de jovens pela ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM). A competição desafia estudantes a projetar, construir e programar robôs em aproximadamente seis semanas para completar missões complexas em arenas de competição. Além disso, os estudantes também são incentivados a desenvolver habilidades de comunicação, captação de recursos e colaboração com a comunidade.

No Brasil, a #1156 Under Control é uma das pioneiras. Há 23 anos, o time do colégio Marista Pio XII, de Novo Hamburgo (RS), participa de torneios regionais e internacionais, logo, antes mesmo do SESI se tornar um operador oficial da categoria no país, inclusive, os primeiros integrantes contribuíram bastante com a instituição nesse processo. Apenas nos últimos três anos, a Under impulsionou mais de 800 times da FIRST.

Nesta temporada, a equipe conquistou uma vaga para o torneio mundial com o prêmio Impact, no regional de Brasília, mas vieram competir em São Paulo para aprimorar outros pontos. “Não estávamos tão bem na arena, com nosso robô, então fomos pesquisar e melhorá-lo. Aqui estamos nos saindo bem melhor, no topo do ranking”, explicou a estudante Giovanna Isoppo, 17 anos, integrante da #1156.

Ela e a companheira de equipe Virgínia Pieri entraram na equipe por meio de um curso preparatório oferecido pelos antecessores na escola entre o 9º do ensino fundamental e o 1º ano do ensino médio. Após a conclusão e conforme o desempenho, os estudantes são convidados para integrar o time e já competem com conhecimento adquirido no curso.


“Trabalhamos sob os blues banners – principais prêmios – conquistados pela nossa equipe, que ficam pendurados no laboratório e somos incentivados sempre a darmos o nosso melhor, independentemente do histórico porque o que vai garantir a perpetuação da equipe é o esforço de cada competidor dentro das temporadas”, conta Giovanna. Este é o segundo ano da estudante nas competições.


Na temporada 2023/2024, elas foram para a etapa mundial em Houston pela primeira vez. Lá a equipe chegou a ir para os playoffs e isso chamou atenção das equipes americanas. “A gente conseguiu mostrar que estamos cada vez mais chegando no páreo e fomos reconhecidos. Tem um off season na Califórnia bastante importante que só participam equipes convidadas. Nós nos inscrevemos e no ano passado, em setembro, eles nos chamaram exatamente pela nossa performance no mundial. Isso foi uma conquista para nosso time”, detalha Virgínia.

Para etapa final desta temporada, em Houston, o robô já está atualizado e pronto para trazer novos prêmios e novos convites internacionais.

Virgínia e Giovanna, representaram a equipe #1156 Under Control nos pits enquanto os colegas estavam na arena

Mato Grosso traz segunda maior delegação para São Paulo

Depois do estado anfitrião, o Mato Grosso é o estado que mais trouxe equipes para o torneio regional de FRC em São Paulo. Nove times vieram de ônibus para a competição, como a #10291 Mutum-X, de Nova Mutum (MT). A equipe recém-criada tem menos de um ano e o regional de São Paulo é a primeira competição grande que participam. Ketlen Pereira, 16 anos, é a responsável pela parte social e pelo marketing da equipe e disse que, dentre os prêmios e vagas para o mundial, a equipe está de olho no prêmio de novatos.

“Nos encaixamos nos critérios do prêmio Rookie All-Stars. Somos novos, mas elaboramos e executamos um projeto social junto com as prefeituras das cidades vizinhas e, com isso, levamos a robótica para mais de mil crianças. Nós também capacitamos professores de escolas municipais que já foram nossos professores e que falam como estão orgulhosos das nossas trajetórias profissionais”, lembra a estudante da Escola Estadual da Polícia Militar Tiradentes. Ela está no segundo ano do Novo Ensino Médio e descobriu a robótica por meio do curso técnico que faz no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI).

O regional de FRC em São Paulo é a primeira competição grande da Ketlen e da equipe Mutum-X

Enquanto em outros lugares é comum vermos competidores de FIRST LEGO League Challenge (FLLC) migrando pra FIRST Tech Challenge (FTC) ou FRC, Ketlen e os colegas da Mutum-X fizeram o caminho inverso. Eles começaram na FRC e conheceram a FLLC depois, em outros torneios pequenos. “Vimos as crianças gritando, cantando, dançando e fomos atrás para entender o que era. Depois descobrimos alguns kits de LEGO na nossa escola e nesse momento percebemos que o nosso papel era disseminar esse conhecimento para os mais novos e começar a incentivar os estudantes desde pequenos”, conta a competidora. Eles se dedicaram, assistiram várias partidas, estudaram a FLLC para conseguir passar a diante e deu tão certo que até realizaram um off season na cidade deles para essa categoria.

Agora, a expectativa é conquistar uma vaga para o mundial, mas mesmo que esse não seja o resultado, Ketlen espera voltar com mais força para continuar ensinando robótica pelo Mato Grosso junto com as escolas, as prefeituras e o SENAI.

Regional de São Paulo pode classificar quatro equipes para Houston

Neste domingo (23), quatro equipes podem se classificar para etapa mundial em Houston, Texas (EUA), que acontece entre 16 e 19 de abril. Fique de olho nos resultados aqui na Agência de Notícias da Indústria!

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