Histórias reais: ex-competidores mostram que o Ciclo da Robótica não tem fim

Da arena pra vida! Esse é o lema de vários juízes e técnicos da robótica que voltam às competições, após o ensino médio, com uma nova função, mas com a mesma paixão

Juízes que participaram do Festival SESI de Robótica

Só quem viveu sabe! Só quem é e já foi da robótica entende o quanto ela significa. Eu, que nunca fui robotiquer, mas me vi completamente apaixonada por essa competição, conversei com três pessoas que representam muitos #roboticlovers pelo Brasil e pelo mundo para contar sobre o ciclo da robótica.

O ciclo começa na escola, ainda criança ou adolescente, competindo nos torneios regionais, nacionais e, quiçá, internacionais de robótica. Então, chega o dia da graduação. Você atinge a idade máxima e não pode mais competir. Mas a robótica ainda respira dentro de você e te guia nos seus próximos passos. Já na faculdade, adulto, dá um jeito de participar e viver a adrenalina das competições, daquilo que faz parte da sua essência. Seja como treinador, juiz ou alguma outra forma.

Este é apenas um resumo básico das histórias contadas a seguir. Luiz Gabriel, Karolyne e Wellingthon são exemplos vivos desse ciclo que a robótica tem na vida das pessoas. De histórias de quem entra nela para nunca mais sair.


“Eu fui técnico entre 2007 e 2010 e pude manter contato com algumas crianças que estiveram no FLL e elas contam: ‘Eu aprendi tanto com aquela experiência!’. E eu fico tipo ‘uau! Muito obrigado!’. Fico feliz por podermos oferecer a eles, pelo menos, algumas habilidades que eles precisam para guiar eles pela faculdade e, espero que, ao longo da vida.” — Lee Magpili, senior designer da Lego.

Lee Magpili, designer da LEGO, no seminário "Aprendendo na escola a resolver questões complexas do trabalho" do Festival SESI de Robótica

“Hora de retribuir”

Luiz Gabriel Vieira Costa, de Cachoeira de Minas (MG), diz que começou na robótica por “acidente” quando tinha uns 11 anos. “Um amigo meu, que já fazia aula de robótica, foi dormir lá em casa um dia e disse que no dia seguinte, cedo, ele teria treino e me chamou. Eu fui e me apaixonei vendo o que eles estavam fazendo. Eles estavam aplicando na prática o que aprendiam em sala de aula e aquilo me fascinou.”

Entre 2011 e 2012, Luiz começou a fazer robótica e a integrar a Tilt, uma equipe de garagem que, segundo ele, vivia de "patrocínio". “Os nossos pais ralavam, vendiam brigadeiro, vendiam coisas pela cidade, pelas festas juninas… faziam o que dava para que a gente conseguisse treinar e competir.” Uma história que exemplifica a simplicidade deles é de quando foram convidados para competir no primeiro torneio internacional de FLL no Brasil.

“Vieram times dos Estados Unidos, Chile, Estônia, Dinamarca… e foi engraçado que, naquela época, 2014, estavam trocando o controlador do robô do NXT para o EV3. A gente foi com o NXT, que era o que tínhamos, era o que sabíamos fazer, enquanto todo mundo estava com o outro. Nós não tínhamos suporte com um mentor específico, recebíamos ajuda, praticamente, mensal, mas nada fixo. Eu, que antes só fazia uma coisa ou outra, acabei assumindo a posição de programador logo no primeiro torneio internacional do time, e nós, enquanto todo mundo estava com o EV3, ganhamos o desafio do robô com o NXT. Foi um momento muito emocionante!”

Em 2016, a Tilt participou do Nacional, terminou bem qualificada e acabou ganhando vaga para disputar o Mundial na Índia, representando o Brasil. E o resultado foi a classificação de 12º entre 76 equipes. Depois, em 2017, foi a vez de ir para Washington, D.C., participar do FIRST Global Challenge, onde sua vida mudou completamente. Quando viveu a experiência por lá, viu que conseguia se comunicar com as pessoas em inglês, começou a cogitar ir estudar nos Estados Unidos depois de se formar na escola.

Hoje, aos 21 anos, Luiz está no último ano da faculdade de Engenharia Mecânica, mora em Tampa, na Flórida, e no último mundial de robótica, em Houston, trabalhou como juiz. “Toda vez que tem torneio eu sempre ajudo. Na maioria das vezes como juiz de design de robô, mas sempre estou me voluntariando, sempre mantendo esse contato, justamente porque, pela minha história, dá pra ver quão importante a robótica foi na minha vida. Eu acho que agora é a hora de retribuir.”

Aprendizados para a vida

A história de Karolyne Martins com a robótica começou em 2013, quando ela tinha 14 anos e estudava no Colégio SESI Cianorte, no Paraná. Ela ajudou a fundar a equipe 7th Connection, pela qual competiu por duas temporadas, tendo participado de um torneio internacional, em Belo Horizonte, logo no primeiro ano de existência do time.

A robótica foi importante para desenvolver habilidades relacionadas ao trabalho em equipe, já que tínhamos um propósito em comum, no que diz respeito a aprender a agir em situações difíceis, como acontecia durante eventos, já que estávamos ali competindo também”, contou Karol, que hoje, aos 22 anos, atua como juíza de arena nas competições de robótica.


“A robótica foi essencial para desenvolver melhor o lado de se relacionar com as pessoas, saber se portar, saber falar com propriedade e de forma sucinta e de se expressar melhor", fala Karol. 


Karol diz que mesmo agora, como juíza, ela segue aprendendo com cada temporada, cada evento e cada equipe que avalia. “É incrível ajudar e ser juíza, pois já estive ali como competidora, sei o que eles sentem, o nervosismo e tudo mais. Sei que participar de tudo isso transforma vidas.”

Engenheira civil, ela afirma que a robótica foi “extremamente importante durante a graduação”. “Me ajudou bastante na parte de desenvolver trabalhos em grupos, buscar soluções para problemas, apresentar os trabalhos e ideias”, disse Karol. Apesar de não querer incluir a robótica na sua carreira profissional, ela garantiu que quer sempre se voluntariar a ajudar nas competições.

“Cada temporada é um tema novo, desenvolver projetos e soluções para problemas reais… isso é importante demais! Criar esse tipo de pensamento nas crianças, de ver um problema e pensar uma solução aplicável e útil para a sociedade, isso a gente carrega para sempre!”

É sobre manter a chama acesa

O mais novo entre os personagens desta matéria é o técnico da equipe Osíris, de Curitiba (PR). Wellingthon dos Santos Matte tem 20 anos e, quando era competidor, integrou a equipe Doctors Machines, de 2016 a 2020. Depois de se “aposentar” das disputas, ele pensou que estava na hora de dar um passo além. “Peguei o desafio de ser técnico e juntar pessoas cujo interesses batessem”, contou.


“A robótica me deu a oportunidade de conhecer coisas que eu não tinha a mínima noção de como era antes. Me ajudou a fazer com que eu tivesse mais propósito na minha vida, tanto profissional quanto pessoal.”


Wellingthon criou a Osíris, uma equipe de garagem, em 2020, no ano da pandemia do novo coronavírus, e relatou que a maior dificuldade foi não conseguir ir até as escolas. “Anunciamos nas redes sociais, conversamos com professores, diretores das escolas e pedimos indicação. E a quem participava do processo, nós já perguntávamos se tinha alguém para indicar.”

Wellignton 2016 (primeiro à direita) // Wellignton em 2022 (da frente a esquerda)

“Eu criei a Osíris porque eu queria dar um passo a mais dentro da FIRST, dentro dos torneios, e principalmente porque eu queria retribuir um pouco do que eu recebi e poder oferecer uma experiência ainda melhor do que a que eu tive”, disse ele. “O principal da nossa equipe é que os prêmios e as conquistas são consequências porque a nossa prioridade são as pessoas que estão dentro do time.”

“O nome da equipe diz muito sobre o que a gente faz. Deus dá fertilização do solo e do renascimento. Nós damos condições ideias para os integrantes desenvolverem e acreditamos que a pessoa entre e sai melhor, com uma nova visão”, explicou o estudante de Engenharia de Controle e Automação, na Universidade Tecnológica Federal do Paraná.


Eu quero ter impacto na vida dos jovens que passam por aqui, que isso ajude eles de alguma forma, que eles possam lidar melhor com algumas situações no futuro. O principal fator é que eles vão sair se entendendo melhor como pessoa, como lidar com os outros, que tipo de competição eles devem ter na sociedade, qual o propósito depois de viver isso.”


“Da robótica, teve gente que saiu querendo fazer Engenharia à Medicina, à Biologia, à História, por exemplo. Eu acho que a robótica fortalece muito as bases e dá convicção do que quer para o futuro.”

Na edição Replay do Festival SESI de Robótica, Wellignton ganhou o 1º lugar do prêmio de técnico destaque. 

Os outros frutos da robótica!

Wellington, Karolyne e Luiz Gabriel são exemplos de como a robótica pode mudar suas perspectivas de vida. No 2º ano do Ensino Médio, Luiz deixou a Tilt consciente do que queria no futuro, batalhou, está realizando seu sonho, mas sem esquecer da robótica. Em 2020, junto de dois amigos do Rio de Janeiro, Luiz criou uma startup, a Share, que é uma empresa de educação que usa a robótica como uma ferramenta de ensino.

“A nossa visão a longo prazo é mudar a educação. O Hotel Urbano (Hurb), por exemplo, nos contratou para dar aula de robótica para filhos de funcionários. Uma vez por mês, nós vamos à sede deles no Rio dar aulas de robótica para as crianças, usando conceitos de matemática, física, tudo aquilo que a gente aprende junto com a robótica. Assim, a gente mostra dentro da empresa, como as crianças aprendem com a robótica, que existem outras formas de ensinar, formas mais eficientes. A gente quer mudar a educação.”

Além disso, eles têm como objetivo criar, no site da Share, um espaço para ser como uma enciclopédia da robótica, onde qualquer pessoa interessada no tema possa encontrar todas as informações que precisa, onde as pessoas consigam achar conteúdo sobre os três pilares principais, na sua visão: “programação, diferentes linguagens de programação; mecânica, diferentes plataformas, formas de construir as coisas; e, o mais importante na minha visão, como praticar tudo isso.” 

O material será, totalmente, feito por voluntários. “É uma enciclopédia que está sendo criada pela comunidade para a comunidade.”

Como ser juiz nas competições de robótica?

Se você deseja ser juiz(a) nas competições de robótica você precisa: ser maior de idade e se candidatar para a função em algum torneio regional. Não há necessidade de comprovação de graduação e não há convite ou convocação para a vaga.

A candidatura é feita no sistema de inscrição. No mesmo momento em que é lançada a inscrição das equipes para os regionais, há também uma opção para inscrição de juízes, onde é possível escolher o regional no qual a pessoa quer participar e futuramente ser selecionada ou não.

REDES SOCIAIS - Acompanhe a cobertura completa do Festival aqui na Agência CNI de Notícias e nos perfis do Torneio no Instagram e Facebook. Todas as fotos estão no Flickr da CNI

SAIBA MAIS - Acompanhe todos os detalhes no site do Festival de Robótica

Sim, nós somos multimídia!

Banco de Mídia da Indústria traz sonoras de porta-vozes, imagens em vídeo e fotos, e infográficos sobre os temas das pesquisas e de diversos assuntos de interesse da indústria. O acesso é gratuito, basta fazer uma breve inscrição.

Relacionadas

Leia mais

Estilo é com os robotiquers: esses são os melhores figurinos do Festival SESI de Robótica
GALERIA: Abraços, lágrimas e missão cumprida. Termina o Festival SESI de Robótica
Conheça os vencedores das categorias técnicas do Festival SESI de Robótica 2022

Comentários