FRC América Latina: brasileiros são premiados em competição de robôs gigantes

Três times SESI/SENAI competem no mundial com projeto de inovação. Equipe Nióbio leva prêmio de habilidade do robô e uma de suas competidoras segue na disputa global de aluno destaque

Megazord, do SESI/SENAI de Jundiaí, é uma das 120 semifinalistas entre 882 times da categoria Innovation Challenge

O Brasil marcou presença - e, mais uma vez, brilhou! - na competição regional da América Latina da FIRST Robotics Competition (FRC), temporada 2020/2021, realizada na última terça-feira (11) por transmissão ao vivo no canal da FIRST in Florida

Cinco equipes brasileiras foram contempladas na premiação, sendo três de escolas do Serviço Social da Indústria (SESI)/Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e duas de instituições de ensino do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.

Seguem para a competição global, em junho, os vencedores regionais das seguintes categorias: a estudante Vanessa Mendes Vieira da Silva, da SESI/SENAI Nióbio 7566, premiada na Dean’s List; o mentor Bruno Nunes Toso e a sua equipe Under Control 1156, que venceram o Woodie Flowers e o Chairman’s. Eles deverão passar por mais uma rodada de apresentações aos juízes do mundial, na primeira quinzena de junho, e o resultado será divulgado no dia 26.

“Fiquei muito feliz. Nossa equipe tem 16 integrantes e quatro mentores, que indicaram a mim e a outro colega [para a categoria]. Tivemos entrevistas em março por videochamada, fiquei bem nervosa. O time escreveu redação para os finalistas, na hora do anúncio, até escaparam umas lágrimas”, confessa Vanessa, 17 anos, que até o 9º ano estudou em escola pública.

Vanessa, da equipe Nióbio, concorre com estudantes do mundo todo à categoria Dean's List, de aluno destaque

Em 2019, quando entrou no SESI de Campinas para fazer o ensino médio integrado com o curso técnico de programação no SENAI, ela teve o primeiro contato com os robôs.

“Foi um choque, porque não conhecia nada de robótica. Em março fizeram um tour no fab lab, e eu falei ‘quero ser parte disso’. No primeiro ano, não era titular da equipe, mas aí depois consegui. E, mesmo não podendo viajar, a gente teve contato com juízes de fora pela internet. Mudou a minha percepção das coisas, amadureci”, acredita.

Categoria projeto de inovação tem três semifinalistas SESI

Além do Dean’s List, do Woodie Flowers e Chairman’s, as três equipes do SESI/SENAI se classificaram como uma das 120 semifinalistas entre 882 times do mundo todo da FIRST Innovation Challenge, novidade desta temporada. Os estudantes identificam um problema global e desenvolvem uma solução inovadora, com projeto e protótipo. Nesta terça-feira (18), a Megazord comemorou a classificação para a final, que terá 20 equipes.

Integrates da equipe Nióbio, que estreou na FRC em 2019

A Nióbio levou ainda a Skills Competition, que, neste formato on-line, substituiu a partida em quadra. Participaram 1.302 equipes de diferentes países, divididas em 52 grupos. Os robôs completaram missões pré-estabelecidas pela organização e eles enviaram os vídeos para avaliação.

Única representante da América Latina e do Caribe na lista dos 52 campeões, ela venceu no seu grupo, Manganese, que contava com competidores do México, Singapura, Turquia, Israel e Estados Unidos. Os times são patrocinados por grandes empresas, como General Motors, Apple, Xerox, GE Energy, Toyota, que acabam utilizando o torneio para identificar talentos.

FRC: tecnologia industrial com robôs gigantes

A FRC é a categoria mais complexa entre as competições de robótica da FIRST, que combina esporte, ciência e tecnologia. Nela, alunos de 14 a 18 anos do ensino médio constroem e programam robôs de grande porte, que chegam a 54 kg e 1,5 metro de altura, e realizam várias tarefas na arena.

No Brasil, há 16 equipes ativas e cada uma reúne dezenas de estudantes. Eles devem arrecadar recursos para a inscrição, desenvolver uma marca, construir e competir com o robô. A agilidade, o design e a quantidade de objetos transportados pelos dispositivos são quesitos avaliados pelos juízes nos torneios.

Assim, os jovens desenvolvem habilidades de programação, engenharia, trabalho em equipe e até cidadania, já que um dos critérios avaliados é o impacto na comunidade através da ciência e tecnologia. Todos os participantes ficam elegíveis a aplicar para 80 milhões de dólares em bolsas de estudo universitárias.

Octopus com kit entregue às equipes inscritas: peças e regras para executar o desafio

Aprendizados na pandemia

Bruno Nunes Toso, 24 anos, é veterano na competição. Ele entrou na equipe Under Control em 2011 e, mesmo depois de sair do colégio e começar a faculdade, não deixou a robótica. Mentor de cerca de 30 estudantes do time, ele reconhece que esta temporada teve o diferencial de ser totalmente remota, o que exigiu adaptabilidade.

“Com o trabalho on-line, conseguimos aproveitar para desenvolver outras habilidades como equipe. Na parte de programação, por exemplo, houve evolução. Chegamos em um nível muito industrial, com a máquina mais complexa, tanto que vencemos na categoria Design. Na hora de montar o robô, já tínhamos o projeto pronto, estruturado, e foi mais organizado”, lembra Bruno.

O estudante de Engenharia de Controle e Automação acredita que, neste ano, os colegas valorizaram mais o desenvolvimento do projeto e os aprendizados do que a competição em si. Os alunos ainda montaram kits arduíno para distribuir em escolas públicas e municipais. 

*Matéria atualizada em 19/05

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