Número de mulheres empreendedoras cresce 16% em dez anos

O Brasil possui mais de 7,3 milhões de mulheres empreendedoras. Isso representa 31,1% do total de 23,5 milhões de empreendedores que empregam no país, segundo dados de um estudo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), divulgado em 2015

O Brasil possui mais de 7,3 milhões de mulheres empreendedoras. Isso representa 31,1% do total de 23,5 milhões de empreendedores que empregam no país, segundo dados de um estudo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), divulgado em 2015.

Entre 2003 e 2013, a quantidade de donas de negócios subiu 16% no país. A busca por qualificação técnica por parte da mulheres segue o mesmo caminho. Se, em 2005, elas eram responsáveis por 20% das matrículas em cursos técnicos do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), em 2015, eram 33%. Áreas antes dominadas pelos homens contam com presença cada vez maior delas. As mulheres já são maioria em cursos dos setores de têxtil e vestuário, alimentos e bebidas e couro e calçados.

A Agência CNI de Notícias conversou com três mulheres empreendedoras e que, com a ajuda do SENAI e do Serviço Social da Indústria (SESI), conseguiram incrementar seus negócios. Conheça um pouco da história delas:

NO MUNDO DA MODA - Desde criança, a carioca Larissa Hajj, 28 anos, se interessa pelo mundo da moda. Bem cedo, aos 16, começou as aulas de noções básicas de moda. “Quando chegou a hora de escolher uma faculdade, eu não tive dúvidas. Fui direto para o SENAI”, lembra.

A opção foi pela graduação em Design de Moda no SENAI CETIQT (Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil), no Rio de Janeiro. Nesse período, Larissa fez vários trabalhos como figurinista, dentre eles no filme brasileiro Uma Professora Muito Maluquinha , na escola de samba Beija-Flor, além de vários comerciais de televisão.

Mesmo antes de terminar o curso no SENAI CETIQT, começou outro na mesma instituição. Ao optar pelo curso superior em Artes, com Habilitação em Indumentária, ela buscava mais conhecimento. Logo em seguida, Larissa fez ainda uma pós-graduação em gestão empresarial.

Foi então que ela decidiu abrir seu próprio negócio: a Larah Rio, uma loja de roupas femininas. Filha de pai libanês, ela diz que sempre teve veia empreendedora. Ouça clicando aqui.

De lá pra cá, se passaram quatro anos. A loja multimarcas também tem peças exclusivas feitas por Larissa, com uma nova minicoleção a cada semana. Quando pensa em sua trajetória, a empreendedora afirma que o SENAI foi fundamental para descobrir o que realmente queria para sua carreira. “Meus professores sempre me incentivaram. Mesmo depois de formada, eles me orientavam sobre modelagens, materiais e tecidos”, diz.

OPORTUNIDADE PARA CRESCER - Aos 28 anos, pode-se dizer que Nayana Pedreira tem bom faro para os negócios. Hoje diretora administrativa da Aromarketing, em Lauro de Freitas (BA), ela conta que a empresa possuía apenas quatro funcionários em 2002. Hoje, são 75. “Em termos de faturamento, a gente cresceu 80 vezes. Claro, o negócio era muito pequeno na época”, diz.

A Aromarketing é uma empresa que trabalha com produtos personalizados para perfumar ambientes. Eles desenvolveram projetos de produtos para marcas como Riachuelo e Tok&Stok, por exemplo. Há também uma marca própria para venda no varejo: a Aquaroma, que também oferece produtos para perfumar ambientes.

Nayana é responsável pela área comercial, de marketing e vendas e também pela área financeira. “Meu sócio toca a indústria, a fábrica em si e toda a operação industrial, e eu faço a parte de marketing, desenvolvimento de produto, lógico que com equipes que trabalham comigo em cada setor”, explica.

Sempre em busca de novos mercados, Nayana conseguiu ainda mais incentivo do SENAI e do SESI. No SENAI, além do trabalho nos laboratórios de análise microbiológica, a empresa também começou uma parceria para a criação de produtos inovadores. “Estamos desenvolvendo um projeto com o SENAI que une aromatização, mecânica e elétrica, especializações em que ainda não temos know-how”, diz.

Do SESI, Nayana levou para a Aromarketing o modelo de Saúde e Segurança do Trabalho. “É algo muito bacana porque existe todo um know-how de cuidado com o trabalhador, qualidade de vida, saúde. Um programa de segurança, de riscos. A gente tem um acompanhamento médico de trabalho mensal”, afirma.

Sobre ser empreendedora, Nayana diz que é preciso duas coisas. “Vontade e paixão. É preciso acreditar muito e ter capacidade de execução. Botar a mão na massa, trabalhar mesmo, e conseguir o resultado que você imaginou ter e que não vem à toa, vem mediante muito trabalho”, finaliza.

Marinete fez o curso de Pintura Residencial no SENAI

MERCADO IMOBILIÁRIO - Aos 14 anos, Marinete Pereira da Silva já ganhava seu próprio dinheiro. Durante o ensino médio, fez um curso de manicure oferecido pela prefeitura da cidade de Colinas do Tocantins (TO), onde morava. Até quase os 30 anos, era cuidando das mãos de outras mulheres que Marinete garantia a renda. Caçula de 10 irmãos, ela perdeu os pais ainda na adolescência.

Entre idas e vindas, inquieta, ela mudou para Belém, Fortaleza, voltou para o Tocantins e, então, decidiu largar tudo e tentar a sorte em Portugal. Aos 37 anos, lá estava Marinete atravessando o Atlântico atrás de uma vida nova em Lisboa, onde ficou por nove anos. No início, vivia de “bicos”, mas depois conseguiu um emprego fixo em uma fábrica de calçados. Foi lá que ela conheceu o futuro marido, o português Fernando Jorge de Jesus Santos, que trabalhava na mesma fábrica.

Com o dinheiro que ganhavam, eles compraram um terreno aqui no Brasil, em Colinas do Tocantins, onde havia alguns cômodos construídos. “Vimos que dava para construir outros, reformamos o que já estava pronto, construímos mais e, assim, estavam prontas oito quitinetes para aluguel”, diz.

A crise econômica na Europa e problemas de saúde fizeram Marinete e o marido se mudarem de vez para o Brasil em 2012. Ao chegarem aqui, Jorge procurou o curso de Pedreiro no SENAI e, ela, de promotora de vendas. Depois veio a oportunidade de fazer o curso de Pintura Residencial, também no SENAI. Marinete não pensou duas vezes. “Alugávamos as quitinetes e, toda vez que saía um inquilino, era difícil conseguir um bom pintor. E eles cobram muito caro. Então pensei em fazer o curso, fiz e gostei”, conta.

A partir daí, Marinete estava habilitada para colocar a mão na massa cuidando do próprio negócio mais de perto. Ela passou a pintar todas as oito quitinetes sempre que necessário e até a fazer serviços particulares. Em parceria com o marido pedreiro, o negócio foi ampliado. “Construímos mais duas unidades e agora temos 10. O Jorge constrói e, quando termina, eu cuido da pintura”, fala. “Graças a Deus tenho sempre o pensamento positivo de que tudo vai dar certo”, finaliza.

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