Regras para terceirização devem equilibrar obrigações trabalhistas com estímulo à atividade produtiva

Segundo pesquisa realizada pela CNI, sete em cada dez indústrias do país utilizam serviços terceirizados e seis em cada dez seriam afetadas negativamente caso fossem impedidas de terceirizar

Sérgio Longen, presidente da Federação das Indústrias do Mato Grosso do Sul (FIEMS), que apresentou a Sondagem Especial: Terceirização 2014

Poucas empresas no mundo contemporâneo conseguem executar todas as etapas do processo produtivo. A produção, assim, passa a ser organizada em redes de produção, com elos da cadeia sendo executados para empresas terceirizadas. Na indústria brasileira não é diferente. Segundo a Sondagem Especial: Terceirização 2014, realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com 2.330 empresas, sete em cada dez indústrias do país utilizam serviços terceirizados e seis em cada dez seriam afetadas negativamente caso fossem impedidas de terceirizar.

Os dados da pesquisa foram apresentados a empresários, especialistas e juristas no Seminário Terceirização e o STF: o que esperar?, realizado pela CNI, em parceria com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), a Confederação Nacional do Sistema Financeiro (Consif) e a Confederação Nacional do Comércio (CNC), nesta segunda-feira (1º), em São Paulo. “A terceirização é uma ferramenta essencial para as empresas serem competitivas”, disse Sérgio Longen, presidente da Federação das Indústrias do Mato Grosso do Sul (Fiems), que apresentou a Sondagem.

INSEGURANÇA – Longen afirma que uma eventual proibição da tercerirização no Brasil poderia levar ao colapso de cadeias produtivas e ameaçar a sobrevivência das empresas e a manutenção de empregos. De acordo com a pesquisa da CNI, na indústria de transformação, por exemplo, 57,4% das empresas teriam a competitividade prejudicada ou teriam de paralisar uma ou mais linhas de produção se forem impedidas de terceirizar.

Para reverter a situação de insegurança jurídica atual, Longen defendeu a aprovação de regras claras e transparentes, que se pautem pelo equilíbrio entre as obrigações trabalhistas com o estímulo à atividade produtiva, em substituição à Súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que define que não se pode terceirizar a chamada atividade fim da empresa. “A indústria é a favor da competitividade, portanto, é contrária à desproteção e à precarização do trabalho”, ressaltou.

RESPONSABILIDADE - O presidente do Conselho de Relações do Trabalho da CNI, Alexandre Furlan, lembrou que 75% das indústrias fiscalizam, de forma voluntária, se suas terceirizadas cumprem com as obrigações trabalhistas com seus funcionários, recolhendo as contribuições para o INSS e o FGTS. Paralelamente, 74% das empresas monitoram o cumprimento das normas de saúde e segurança do trabalho (SST) por parte das terceirizadas. Assim, reforçou Furlan, não se justifica a afirmação de que terceirizar significa "precarizar" as relações do trabalho. "O trabalhador precarizado é aquele que está entre os 40 milhões informais que existem no Brasil. São com esses que as instituições deveriam se preocupar", disse no encerramento do seminário.

 

Relacionadas

Leia mais

Indústria, comércio e setor financeiro se mobilizam para defender a regulamentação da terceirização
Expectativa do consumidor cai 1,1% em agosto, informa pesquisa da CNI
Terceirização não precariza o trabalho e estimula economia

Comentários