A modernização das relações do trabalho deve ser vista como um meio de criar competitividade para as empresas brasileiras. É preciso que empresas, governo, tribunais da Justiça do Trabalho, trabalhadores e sindicatos enxerguem as relações trabalhistas com foco na sustentabilidade das empresas, no trabalho produtivo e na autonomia sindical, com respeito ao que for negociado entre as partes em detrimento ao legislado.
A defesa foi feita nesta sexta-feira (26), por representantes da indústria e do comércio no seminário "Os 70 anos da CLT", promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com a Federação do Comércio de Bens e Serviços do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP), em São Paulo.
O presidente do Conselho de Relações do Trabalho da CNI, Alexandre Furlan, defendeu a modernização da Consolidação das Leis do Trabalho, a CLT, criada em 1943. "Uma legislação que faz 70 anos, criada quando o Brasil era rural, precisa de modernização. Precisamos implementar condições favoráveis de competitividade para as empresas para que possam se manter, expandir e contratar mais, formalizando trabalhadores e garantindo direitos àqueles que hoje não os tem", disse Furlan.
Furlan citou que os gastos da empresa com o trabalhador, em qualquer setor, ultrapassam em até 183% os valores recebidos efetivamente pelos empregados, devido a custos acessórios e encargos trabalhistas. "O custo do trabalho é um problema, assim como a produtividade, que não cresce na mesma proporção dos custos", afirmou.
PRODUTIVIDADE - Ele lembrou que, nos últimos 10 anos, o crescimento econômico brasileiro deveu-se a 26% do PIB em ganhos de produtividade e 74% em aumento de salários, inversamente proporcional à Coréia do Sul, onde o trabalhador da indústria é três vezes mais produtivo que o brasileiro.
O vice-presidente da Fecomércio-SP Márcio da Costa afirmou que é preciso criar e manter entre empresas, sindicatos de trabalhadores e governo uma relação positiva e um diálogo permanente para se avançar na agenda de mudanças das relações do trabalho. "A CLT foi um avanço, mas não reflete mais a realidade das novas tecnologias e as peculiaridades dos sistemas produtivos atuais", comentou.
Costa argumentou que as leis têm de contemplar novos mecanismos de negociação que garantam às empresas e aos trabalhadores a segurança necessária, é um tema decisivo para a inserção do Brasil na economia mundial.