BRICS avançam em agenda proposta pelo Brasil

Reunião em Joanesburgo termina com acordos para estabelecer escritório do banco do Brics no Brasil e fomentar a aviação regional. Para a indústria, entendimentos contribuem para negócios e investimentos

Para a CNI, acordos resultam de uma postura pragmática do governo e do setor privado

Depois de dois dias de reunião de chefes de Estado e governo em Joanesburgo, a 10ª Cúpula do BRICS – grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – termina com duas importantes conquistas para o setor produtivo brasileiro. A primeira é um acordo para a abertura de um escritório regional do banco do Brics, o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês), no Brasil. A segunda é uma cooperação entre as economias do bloco na área de aviação regional.

Na avaliação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), os acordos são importantes para fomentar negócios e ampliar investimentos entre os países. “O Brasil adotou uma estratégia pragmática. Esses acordos têm potencial para ampliar o investimento em infraestrutura no país e criar oportunidades de exportação no setor aeronáutico”, disse o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi.

ESCRITÓRIO NO BRASIL – A criação do NDB foi formalizada em 2014, durante a sexta reunião de cúpula do grupo, em Fortaleza. O banco do BRICS foi inaugurado em julho de 2015, com sede em Xangai, com o objetivo de financiar projetos de infraestrutura de países do bloco e de outras economias em desenvolvimento. Agora, a expectativa é que o escritório regional das Américas seja inaugurado no Brasil ainda em 2018.

Para a CNI, o novo escritório estreitará as relações do banco dos Brics com o setor privado brasileiro. Na prática, essa aproximação contribuirá para que as empresas busquem financiamento para projetos de infraestrutura voltados ao desenvolvimento sustentável.

AVIAÇÃO REGIONAL – Os países do BRICS também assinaram um memorando de entendimento para fomentar a aviação regional. A partir desse documento, que vinha sendo trabalhado há dois anos, os países podem desenvolver projetos para ampliar as oportunidades de negócios. A CNI considera que, como quatro dos cinco países do grupo são continentais, o seu mercado para voos domésticos oferece potencial para as exportações brasileiras de aeronaves, por exemplo.

POSTURA PRAGMÁTICA – A CNI avalia que os acordos fechados em Joanesburgo resultam de uma postura pragmática do governo e do setor privado brasileiros. Geralmente, reuniões como a do BRICS são marcadas pela adoção de documentos e medidas de caráter mais político do que econômico.

Os acordos também são fruto dos trabalhos do Conselho Empresarial do BRICS, criado em 2013. Secretariado pela CNI e liderado pela Embraer, esse conselho coordena esforços do governo e dos empresários para a criação de oportunidades reais de negócios.

AGENDA DE ACORDOS - Mesmo com os avanços, a indústria brasileira defende a elaboração de uma agenda mais consistente na área comercial e de investimentos. O Brasil, por exemplo, ainda não assinou acordo de investimentos com nenhum país dos BRICS.

Em 2019, o Brasil sediará, pela terceira vez, a reunião de cúpula dos BRICS. A expectativa é que o encontro permita o avanço nessa agenda mais pragmática de acordos. “O novo governo brasileiro terá uma oportunidade única de avançar a agenda de acordos com os demais países do bloco. As prioridades são os acordos de investimento e a expansão do acordo comercial do Mercosul com a união aduaneira liderada pela África do Sul”, disse Abijaodi.

FACILITAÇÃO DE VIAGENS – Uma outra pauta defendida pela indústria brasileira é a de facilitação de viagens de negócios entre os países do Brics. Hoje, não há uma harmonização a respeito do assunto, uma vez que cada país define a sua política de visto com os demais.

O Brasil, por exemplo, tem isenção de visto de negócios para a África do Sul e a Rússia, para visitas de até 90 dias. No caso da China, há a exigência de visto, que dura cinco anos e permite múltiplas entradas. No caso da Índia, o visto é eletrônico e permite a estadia por 60 dias, mas apenas duas entradas.

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