Para aumentar a competitividade da economia brasileira é preciso aumentar a abertura ao comércio internacional de serviços, em paralelo com a agenda de reformas domésticas. Essa foi a conclusão dos especialistas que participaram do seminário Competitividade em Serviços e Inserção Internacional: uma Abordagem Setorial, realizado pela Câmara de Comércio Internacional (ICC, da sigla em inglês) nesta quarta-feira (14), em São Paulo. O evento ocorreu durante o lançamento da Comissão de Comércio Internacional da ICC e teve a Confederação Nacional da Indústria (CNI) como parceira.
De acordo Lucas Ferraz, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e membro de cátedra da Organização Mundial do Comércio (OMC), países como China e Índia fizeram um processo em que se priorizou a abertura comercial unilateral e, como sequência, trabalharam em agenda de reformas pressionada pela própria abertura comercial. “Há relação direta entre a eficiência em serviços e a maior inserção em cadeias globais de valor”, destacou Ferraz.
“No Brasil, ainda temos grandes desafios em relação à produtividade, que é quatro vezes inferior à norte-americana; e em relação a barreiras comerciais, já que a importação de serviços no país é três vezes mais cara que a compra de fornecedor nacional”, completou.
O diretor de Políticas e Estratégia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), José Augusto Fernandes, afirmou que, mesmo com os desafios em relação à produtividade e à maior abertura ao comércio internacional de serviços, o Brasil teve crescimento no comércio internacional de serviços maior que a média mundial. Enquanto que a média global de aumento do comércio de serviços foi de 16% entre 2002 a 2008, no país o crescimento médio anual foi de 18,5%. “Além disso, boa parte das exportações brasileiras de manufaturados embute serviços”, disse o diretor da CNI. De acordo com dados da FGV, 50% das exportações mundiais correspondem a serviços.
O presidente da Comissão de Comércio da ICC, Daniel Godinho, destacou a importância de se criar política transversal que atenda à diversidade do setor de serviços. “Cada setor exige uma estratégia diferente. A parceria do setor privado com o governo poderá ajudar o país a mirar nas políticas a serem adotadas, para maior inserção nas cadeias globais de valor”, ressaltou Godinho.
O secretário de Comércio e Serviços do Ministério da Indústria, Comércio e Serviços, Marcelo Maia, reconheceu que há desafios para se alavancar a inserção do Brasil no comércio internacional de serviços, a começar pela maior clareza na regulamentação. “É preciso começar pelo próprio conceito de ‘exportações de serviços’, que teria isenção de tributos”, comentou. No entanto, Maia destacou que o país fez avanços em relação ao comércio eletrônico, setor em que desenvolve parceria com a China, e a adesão recente à Associação Latino-americana de Exportadores de Serviços.