Se eleito, Geraldo Alckmin diz que fará reformas no primeiro semestre de mandato

Ex-governador de São Paulo e nome do PSDB na corrida presidencial pretende enfrentar reformas macro e microeconômicas no início do governo

O candidato afirmou que pretende zerar o déficit público em dois anos e reduzir a máquina estatal, além de defender privatizações e parcerias público-privadas

O pré-candidato à Presidência da República Geraldo Alckmin (PSDB) disse que, se vencer as eleições, fará reformas estruturantes ainda no primeiro semestre do governo. Entre as prioridades estão a simplificação tributária, com unificação de impostos; revisão do modelo de representação política e a reforma do sistema previdenciário.

Alckmin foi o primeiro político a apresentar suas propostas no Diálogo da Indústria com os Candidatos à Presidência da República, que acontece ao longo desta quarta-feira (4), em Brasília, organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O tucano, ex-governador de São Paulo, disse ainda que pretende zerar o déficit público em dois anos, condição apontada por ele para que o Estado volte a ter condição de investimento. Além disso, defendeu a redução da máquina estatal, assim como a realização de privatizações e parcerias público-privadas. Para isso, o representante do PSDB reiterou a necessidade de garantir a segurança jurídica no país, por meio de marcos legais seguros e agências reguladoras fortes e apartidárias.

O pré-candidato afirmou que pretende reduzir o imposto de renda de empresas como incentivo à retomada e atração de investimentos, o que, segundo o candidato, é o que garantirá a geração de empregos e renda no país. Seu governo, afirmou, dobrará a renda do trabalhador brasileiro. Alckmin destacou que sua equipe buscará melhorar a educação básica no Brasil e relacionou a qualidade da educação à baixa produtividade.

Ele destacou ainda que ampliará a agenda de acordos comerciais e que seu governo defenderá os interesses do produto brasileiro no exterior.

Geraldo Alckmin afirmou que pretende reduzir o imposto de renda de empresas como incentivo à retomada e atração de investimentos, o que, segundo o ele, garantirá a geração de empregos e renda no país


Confira os principais pontos da apresentação de Geraldo Alckmin aos empresários: 

  • Política fiscal

    “Não tem mais como empurrar para frente seis anos de déficit primário. Nós estabelecemos dois anos para zerar o déficit e vamos tentar fazê-lo antes disso. Em São Paulo, no ano passado, não aumentamos um imposto e fizemos um superávit primário de R$ 5,3 bilhões, enquanto outros estados fizeram déficits de R$ 6 bilhões. O presidente da República vai ser quem vai reduzir o tamanho do Estado. Com conta desequilibrada, não vai ter crescimento, investimento, emprego. Boa política fiscal recupera a capacidade de investimento do Estado.”
     
  • Acordos comerciais

    “Vamos defender o produto brasileiro por terra, mar e ar no momento em que o mundo está tendo um ataque equivocado de protecionismo. Vamos estabelecer um grande trabalho para conquistar mercados. Vamos acelerar acordos comerciais que estão caminhando, como o Mercosul, União Europeia, Canadá e Japão. Além disso, vamos abrir nova negociação com os 11 países do Pacífico que integram o TPP. Uma política internacional voltada especificamente à conquista de mercados.”
     
  • Reforma da Previdência

    “Não há o menor sentido em ter dois regimes de Previdência. O trabalhador da indústria, do comércio, da agricultura, todas áreas, se aposentam, em média, com R$ 1.391. E ninguém passa de R$ 5 mil. O setor público pode escolher. Tem média de R$ 8 mil, R$ 17 mil e 27 mil reais. Hoje o déficit é de R$ 18,5 bilhões e é crescente. A reforma é para ontem. Temos fazê-la rapidamente, no primeiro semestre. Quanto mais rápido fizermos, mais rápido recuperaremos a confiança."
     
  • Tributação

    “Precisamos simplificar o modelo tributário, temos um verdadeiro manicômio tributário. Cinco tributos: IPI, ISS, ICMS e duas contribuições PIS e Cofins no mundo inteiro é um IVA (imposto sobre valor agregado). Se aplicarmos uma transição ano a ano, podemos simplificar o modelo tributário. Com um modelo tributário melhor, é possível ir reduzindo a carga tributária.”
     
  • Imposto corporativo

    “Eu vou reduzir o imposto de renda da pessoa jurídica, o imposto corporativo. Nós temos que estimular novos investimentos. 'Venha para cá. Invista aqui.' Temos de estimular as empresas a reinvestirem no seu negócio. Quando nós diminuirmos o imposto, vamos estimular as empresas para que cresçam, prosperem, ganhem escala.”
     
  • Reforma política

    “Temos 35 partidos, mas não temos 35 ideologias. Você tem 35 pequenas empresas mantidas com dinheiro público. Nas democracias modernas, dois ou três partidos têm 70% das cadeiras. Só na Câmara dos Deputados temos 25 partidos. Veja como a política piorou. Precisamos democratizar os partidos e permitir que novas lideranças tenham espaços nele. Amanhã, não teremos mais 35 partidos, mas sete, oito”
     
  • Energia

    “O setor elétrico foi um dos mais prejudicados pelo intervencionismo do governo anterior. Precisamos trazer investimento para o setor de energia e privatizar com um bom modelo discutido com a sociedade e com o parlamento. Vamos defender o livre mercado e integrar o que hoje está fragmentado, como geração, distribuição de energia. Vamos estimular energias renováveis, como a solar e a eólica, há muita oportunidade. O grande problema do custo da energia é tributário.”
     
  • Insegurança jurídica

    “Esse é um grande problema. Insegurança jurídica passa pela questão dos Três Poderes. Há uma crise de legitimidade nos poderes. São independentes, mas devem ser harmônicos. Temos excesso de judicialização. Não somos o país do resultado, somos o país da regra. Precisamos de boa legislação no sentido de não deixar espaços para interpretações.”
     
  • Regulação

    “É preciso ter bons marcos regulatórios e agências a mil quilômetros de distância de partidos. O governo que venceu as eleições que governe. O trabalho das agências reguladoras ultrapassa o mandato de quem ganhou. Precisamos ter agências profissionalizadas, apartidárias.”
     
  • Educação

    “Há uma tendência de falar sobre a educação de 3º grau, mas estudos mostram que a educação básica é central. Se o Brasil sobe 50 pontos no Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), teremos um ganho de 1% no PIB em função do ganho de produtividade. Por isso, no primeiro ano de governo, vamos subir a pontuação do Brasil em 50 pontos nesse exame”

Amaro Sales, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (FIERN)

"Eu acredito que o pré-candidato Geraldo Alckmin reúne todas as condições para implementar as mudanças que nós necessitamos. As reformas política, tributária e previdenciária precisam ser feitas, se não, não haverá governabilidade. O que me chamou a atenção é que ele traz uma agenda desenvolvimentista, positiva e de geração de emprego. Se ele conseguir realizar 20% do que ele coloca no discurso, o Brasil sairá muito rápido dessa crise em que se encontra hoje. No discurso, ele traz o sentimento de esperança, mesmo sabendo que não vai bem nas pesquisas. Mas entendemos que, tecnicamente, para a indústria, seria um excelente nome para governar o país."

José Conrado de Azevedo Santos, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA)

“A gente fica satisfeito de ver uma exposição igual à do Geraldo porque ele demonstra experiência e competência. É o que esperamos para o governo do país. Ficamos esperançosos porque ele transmite tranquilidade para governar. A gente precisa de uma pessoa inovadora, mas que tenha essa experiência. O Geraldo Alckmin tem o perfil. E ele demonstrou que deve seguir a agenda de reformas que o Brasil precisa, apresentadas nos estudos da CNI.”

Jamal Bittar, presidente da Federação das Indústrias do Distrito Federal (FIBRA)

“O discurso do Alckmin foi extremamente animador. Eu vejo o candidato como referência de gestão pelo o que fez em São Paulo. Ele consolidou um modo de governar competente e com proposições interessantes para a indústria, no sentido do comprometimento com a estabilidade do país, a volta do crescimento, o estímulo à produção e a preocupação com emprego. Pode parecer um discurso que não é inovador, mas ele é confiável. Alckmin tem boas propostas para o país e capacidade de aplicá-las com eficiência.”

Cláudio Petrycoski, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP)

“Gostei muito da exposição do Geraldo Alckmin. Gostei de todas as propostas dele. Pelo menos é o que nós empresários gostaríamos de ouvir. Temas como descentralização e desburocratização são importantes. Ele deu exemplos do que fez no estado de São Paulo, o que significa ele pode aplicar a nível federal. A reforma tributária foi uma tema que me chamou atenção, ao dizer que vai tentar implementar a cobrança mais simples, com impostos como o IVA (Imposto de Valor Agregado). Ele também falou sobre a reforma da Previdência, trazendo dados e informações técnicas que o sistema atual é insuportável tanto economicamente quanto financeiramente.”


DIÁLOGO DA INDÚSTRIA COM OS CANDIDATOS À PRESIDÊNCIA - Há duas décadas, a CNI apresenta à sociedade e aos candidatos à Presidência da República um conjunto de propostas para o crescimento econômico e social do Brasil. Neste ano, o setor industrial sabatina seis pré-candidatos ao Palácio do Planalto. Acompanhe a cobertura completa na Agência CNI de Notícias e no Flickr da CNI.

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