O ex-presidente da Eletrobras José da Costa Neto avalia que o país precisa reformular seu modelo elétrico para aprimorar a segurança energética, aumentar a sustentabilidade ambiental, reduzir o preço da energia e eliminar a inadimplência. Ele participou nesta terça-feira (12) no Conselho Temático de Infraestrutura (Coinfra) da Confederação Nacional da Indústria (CNI), ocasião em que ressaltou a importância da Eletrobras para o setor elétrico brasileiro e se posicionou contrariamente a descotização das usinas que tiveram suas concessões prorrogadas.
“O Brasil precisa de uma Eletrobras forte, como protagonista não só no cenário nacional, mas também no cenário internacional”, opinou Costa. Ele defendeu a reestruturação da organização da estatal, para que a empresa se concentre nas atividades de geração e transmissão, e implemente uma governança mais forte, a partir da privatização das distribuidoras, fusão de algumas empresas e busca permanente da inovação, eficiência e rentabilidade. “Se for privatizada, a Eletrobras deve manter esta mesma filosofia, com a pulverização do capital e defendendo os interesses maiores nacionais”, destacou o ex-presidente da estatal.
O conselheiro Cláudio Frischtak, da Inter B Consultoria, por sua vez, foi enfático ao defender a privatização da Eletrobras, mas concordou com a tese defendida por Costa do fortalecimento da estatal. “O setor público está amarrado, não consegue funcionar mesmo com os melhores gestores. A privatização se tornou imperativo, dada à forma como o sistema funciona”, afirmou. “O modelo estatal parece que foi feito para não funcionar. Vivemos em um sistema em que as forças políticas usam o sistema com interesses partidários e particulares”, acrescentou.
O presidente do Coinfra, Olavo Machado Junior, observou que fortalecer o setor elétrico é imprescindível, uma vez que a energia é fator de segurança para qualquer país. “O principal caminho para o nosso país ter alguma possibilidade de renovação é por meio da infraestrutura”, frisou.
O governo federal anunciou em agosto, no âmbito do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), que pretende privatizar a Eletrobras. Na avaliação da CNI, a proposta está na direção correta, mas ainda existem importantes estudos a serem feitos e detalhes que precisam ser esclarecidos.