O Brasil precisa estruturar uma estratégia nacional de digitalização da economia, a exemplo do que têm feito Alemanha, China, Estados Unidos, França e Índia. Este é o primeiro passo para que a 9ª economia do mundo protagonize também a revolução industrial em curso, segundo o indiano Soumitra Dutta, ex-reitor e atual professor da Escola de Negócios SC Johnson College, da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos.
“Nenhuma empresa cria valor sozinha, ela precisa de um ecossistema colaborativo de inovação. É preciso ter coordenação e abordagem integrada para desenvolver habilidades e ter foco em áreas estratégicas. Criar os incentivos certos para que as empresas inovem - hoje isso não acontece. O Brasil precisa ter uma marca forte, associada à tecnologia e inovação”, afirmou.
Durante palestra no Encontro Nacional da Indústria (ENAI), em Brasília, Dutta contextualizou os efeitos da transformação 4.0 sobre a indústria e a sociedade. Entre os vários exemplos da sofisticação do avanço tecnológico, ele citou a nova capacidade de a inteligência artificial interpretar dados ambíguos e desestruturados, típicos do raciocínio humano, a partir da observação dos processos de aprendizagem de pessoas e também da interação com outras máquinas. Dutta também explicou como a experimentação e o uso da tecnologia pela Amazon, nos Estados Unidos, e pelo Ali Baba, na China, abalou as estruturas tradicionais do varejo.
Em solo americano, por exemplo, a Amazon lançou um mercado em que o cliente entra, escolhe o produto e leva para casa sem precisar passar no caixa. Isso porque a tecnologia de sensores, visão computacional e internet das coisas automaticamente inclui os itens no carrinho digital do aplicativo da empresa. As compras são debitadas no cartão de crédito.
“A base de todas essas possibilidades são os dados. Estes são os novos motores da indústria. A competitividade será medida pela sua capacidade de lidar e trabalhar com dados dentro da sua organização e na sua economia”, afirmou.
Por isso, lembrou ele, a estratégia nacional de digitalização tem ocupado lugar de destaque entre as potências industriais, ainda que as empresas e os próprios governos saibam que navegam por território desconhecido. Para o Brasil, o chamado de Dutta é de audácia. “A mudança é significativa, rápida e não está desacelerando. Não sintam como se estivessem para trás. Sejam audazes nesse tempo de mudança. Lidem com o risco da melhor maneira possível e tomem a dianteira. O Brasil é e deve ser um líder natural não apenas na América Latina, mas no mundo”, disse.
Assista ao vídeo:
Encontro Nacional da Indústria (ENAI) - Organizado desde 2006, o Encontro Nacional da Indústria (ENAI) reúne empresários de todo o país para debater questões estratégicas para o desenvolvimento do Brasil. Neste ano, o evento conta com a participação de mais de 2 mil representantes do setor industrial. Acompanhe a cobertura completa na Agência CNI de Notícias e as fotos no Flickr da CNI.