Por agradar ao paladar do brasileiro, ao longo de décadas, produtores de todo o país tentaram encontrar formas que facilitassem o acesso desse alimento aos consumidores. Depois de décadas de um extrativismo sem controle adequado, principalmente dos tipos juçara e açaí, chegou-se à pupunha como uma opção mais viável economicamente e sustentável ao meio ambiente. Mesmo assim, faltava encontrar uma forma de produzir esse tipo de palmito garantindo maior produtividade – não só em termos quantitativos, mas também qualitativos.
Agora, a produção nacional está prestes a resolver essa questão, por meio de um projeto desenvolvido pela empresa paranaense Vivetech Agrociências, com apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) do Paraná e investimentos do Edital de Inovação para a Indústria.
“A partir de um projeto da empresa, a equipe técnica do Instituto SENAI de Tecnologia (IST) em Metalmecânica, localizado em Maringá, construiu um protótipo que permite um ganho em produtividade excepcional”, explica o analista de Negócios do SENAI, Adilson João Jenck.
Sócio da Vivetech, o engenheiro agrônomo Douglas Steinmacher dá mais detalhes a respeito do protótipo fabricado em parceria com a instituição, que já está em fase de validação e vai facilitar a clonagem das plantas que apresentem as melhores características para consumo.
“Esse equipamento promove o crescimento da planta por utilização do meio de cultura líquida. Com isso, estamos eliminando um grande gargalo da produção, que era o crescimento rápido e uniforme das plantas cultivadas in vitro. Isso traz mais rigor e facilidade de adaptação das plantas quando elas são direcionadas aos produtores, proporcionando um ganho de produtividade de até 40%”, explica Douglas.
No entanto, não é só o produtor que vai se beneficiar com essa nova técnica. “A partir do momento que há esse ganho de produtividade, o consumidor também será beneficiado, pois vai receber um produto com mais qualidade, mais maciez e mais sabor, pois a produção contará apenas com as melhores plantas, escolhidas por meio de seleção natural”, informa.
Todo o processo de melhoria da produtividade, entretanto, começa muito antes de chegar ao equipamento fabricado pela Vivetech com o SENAI, como explica o engenheiro: “a maior dificuldade no cultivo da pupunha é a variabilidade genética, que dificulta o planejamento da produtividade. Algumas plantas podem ter características que dificultam o cultivo, como a existência de espinhos ou baixo perfilhamento, por exemplo”.
Pensando nisso, a Vivetech seleciona as melhores plantas, com as características desejadas para cada região, faz o cultivo in vitro e devolve aos produtores somente aquelas que apresentam condições apropriadas para consumo.
O engenheiro agrônomo estima que deve levar cerca de cinco anos para que a produção de pupunha realizada por meio desse processo, envolvendo o novo equipamento, chegue em larga escala ao mercado.
A escolha da pupunha para a realização desse projeto, por sua vez, não foi obra do acaso. “Desde a graduação, tive experiências práticas sobre as dificuldades no cultivo dessa espécie, que virou objeto de estudo no meu Mestrado e Doutorado também. A vantagem da pupunha em relação a outros tipos de palmito é que se trata de uma palmeira domesticada, que se adapta bem ao cultivo em pleno sol e excelentes características de sabor e maciez. Além disso, a pupunha apresenta perfilhamento ou rebrota, característica que permite colheita de palmito pelo menos uma vez por ano em cada planta”, conclui.