SENAI inaugura na Bahia centros de inovação modelo para a indústria

Duas unidades atenderão a todos os setores industriais com interesse em automatizar seus processos e utilizar novos materiais

Os institutos baianos integram conjunto de 25 centros de inovação que o SENAI vai implantar até 2015

Começaram a funcionar nesta quinta-feira (27) os Institutos SENAI de Inovação nas áreas de automação industrial, e de conformação e união de materiais, instalados dentro do Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia (Cimatec), ligado ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) da Bahia. Localizadas em Salvador, as duas unidades poderão atender a todos os setores industriais com interesse em automatizar seus processos e também os interessados em utilizar novos materiais, como ligas metálicas, na elaboração de seus produtos. Juntamente com um novo centro de logística, os institutos receberam investimentos de R$ 86 milhões e devem ter novo aporte de R$ 38 milhões até 2015.

A instalação dos novos institutos amplia a atuação do Cimatec iniciada em 2002. Orientado para oferecer suporte tecnológico avançado para a indústria, o centro inicialmente atendeu de forma mais específica o setor automotivo, mas logo depois passou a atuar também nas áreas de polímeros, eletroeletrônica e microeletrônica. O resultado desse esforço voltado às necessidades da indústria são 62 patentes já depositadas, entre produtos, programas de computador e marcas (veja tabela), além de outros 64 projetos de pesquisas em andamento.

Indicadores de PI do SENAI Bahia, entre 2008 e 2013

Indicadores de PI Total
Pedidos de Patentes no INPI 35
Pedidos PCT (OMPI) 7
Registro de Marcas 5
Registro de Software 22
Previsão de pedidos de patentes (EMBRAPII) 27

 

O presidente da Federação das Indústrias da Bahia (Fieb), José Mascarenhas, lembra que as novas estruturas voltadas à inovação também continuarão apoiando a formação de profissionais, desde o nível técnico até a pós-graduação. Ouça o áudio aqui.

Um dos projetos mais ousados, que será realizado com estrutura e equipe do Instituto SENAI de Inovação de Automação, é a criação do primeiro robô autônomo comercial brasileiro. A expectativa é que, em dois anos, a máquina já esteja atuando para a inspeção submarina de estruturas utilizadas no ramo de petróleo e gás. O projeto, que já conta com a parceria de uma multinacional inglesa em operação no Brasil, tem investimentos da ordem de R$ 30 milhões, sendo um terço da empresa, um terço do fundo setorial da Agência Nacional de Petróleo e um terço da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). “O que a tecnologia atual permite [inspeção feita por robôs ligados a navios por cabos] custa, em média, 60 mil dólares por hora”, conta o gerente do instituto de inovação, Herman Lepikson. 

A iniciativa trará também impactos na formação de recursos humanos. Atualmente, 22 profissionais estão envolvidos. Por meio de um convênio com o instituto de pesquisa alemão DFKI (sigla em alemão para Centro Alemão de Pesquisa em Inteligência Artificial), está previsto o intercâmbio entre pesquisadores dos dois países. Ao final de dez anos, estima-se que a unidade reúna mais de cem pesquisadores trabalhando nas áreas de robótica e inteligência artificial. 

Outro projeto importante já em estágio avançado é o desenvolvimento de uma solução para inspecionar linhas de transmissão de eletricidade. A concessionária do setor elétrico Cemig fechou uma parceria com o Cimatec para melhorar o monitoramento do seu sistema. O resultado disso é o protótipo de um robô, no qual é possível acoplar câmeras, sensores de temperatura e outros equipamentos, que percorre os cabos de transmissão a fim de identificar problemas e evitar a interrupção do serviço. Hoje, as empresas brasileiras do setor elétrico utilizam helicópteros para fazer esse rastreamento e sofrem com o custo elevado. 

Em outros países, existem robôs com funcionalidades semelhantes ao desenvolvido no SENAI, mas com peso superior a 50 quilos. Em algumas situações, ao serem instalados nas linhas podem rompê-las. A principal preocupação dos engenheiros responsáveis pelo protótipo desenvolvido no centro de pesquisa em Salvador (BA) foi manter as funções de inspeção e garantir que os cabos se mantenham íntegros depois da ação do aparelho. 

Já no Instituto de Inovação na área de conformação e união de materiais está preparado para projetar, simular e desenvolver processos nas áreas de mecânica e soldagem com o objetivo de reduzir custos e diminuir impacto ambiental.

PARCERIAS INTERNACIONAIS – Os institutos baianos são o terceiro e quarto de um conjunto de 25 centros de inovação que o SENAI vai implantar até 2015. Uma unidade na área de eletroquímica já funciona em Curitiba (PR) desde setembro de 2013 e outra que atua em manufatura integrada foi inaugurada em Joinville (SC) em fevereiro deste ano.

Presente à inauguração, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, explica que os institutos trarão impacto para a competitividade da indústria brasileira. "Esses centros vão ajudar muitas empresas brasileiras na competição com empresas estrangeiras, sejam da Ásia ou da Europa, por exemplo, que contam, na maioria das vezes, com recursos abundantes à disposição para tecnologia e têm grandes laboratórios e profissionais bem qualificados", diz.

Para desenvolver essa rede, o SENAI conta com consultoria do Instituto Fraunhofer, da Alemanha, que oferece apoio para elaborar o planejamento, o dimensionamento e o gerenciamento dos institutos. Já uma parceria com o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) auxiliou na criação de zonas de inovação – ambientes onde empreendedores encontram recursos tecnológicos e financeiros, além de possibilidades de estabelecer parcerias com outros atores interessados em inovar.

Os investimentos chegam a R$ 2 bilhões do SENAI, com R$ 1,5 bilhão de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

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