Senai de MS faz transferência de tecnologia na qualificação de 770 trabalhadores em Angola

Capacitação visa atender demanda de uma indústria sucroenergética do Grupo Odebrecht no país africano

O Senai de Mato Grosso do Sul iniciou, neste mês de janeiro, um projeto inédito de qualificação profissional em Angola, na África, para atender a demanda de uma indústria sucroenergética do Grupo Odebrecht naquele país, utilizando a mesma tecnologia de formação de mão de obra já disponibilizada no Estado. A capacitação de 770 trabalhadores angolanos na cidade de Cacuso é o complemento de uma parceria iniciada em 2010 no Estado, quando o Senai qualificou 60 angolanos para atuar na usina que o grupo está construindo na África.

Segundo o diretor-regional do Senai, Jesner Escandolhero, os profissionais sul-mato-grossenses estão reproduzindo em Angola a experiência bem sucedida já obtida na realização de cursos em 2010 para atender a indústria sucroenergética do mesmo grupo. "O trabalho reforça a parceria do Senai e a Odebrecht por meio da experiência que se desenvolveu no atendimento à empresa desde que se instalou no Estado", reforçou, completando que a expertise do Senai de Mato Grosso do Sul na qualificação profissional para a indústria sucroenergética é reconhecida nacionalmente pelas empresas do segmento.

De janeiro a setembro deste ano são realizados na cidade de Cacuso, localizada a 350 quilômetros de Luanda, capital de Angola, os cursos de operador de processo da indústria sucroalcooleira, analista de laboratório industrial, mecânico industrial, eletricista industrial, instrumentista industrial, caldeiraria, soldador (MAG/MIG e TIG) e torneiro mecânico, além das NRs (Normas Regulamentadoras) 10, 11, 12, 13, 20, 23, 31 e 35. "É grande a satisfação de executarmos um projeto desse nível com inúmeras qualificações e grande número de alunos sendo atendidos em outro país. Estamos levando a qualificação de qualidade do Senai para fora do Brasil", declarou o gerente do Senai, Guilherme Branco.

A equipe

Longe da família desde o dia 15 de janeiro deste ano, os nove instrutores do Senai de Mato Grosso do Sul enviados a Angola para qualificar 770 trabalhadores de uma indústria sucroenergética do Grupo Odebrecht naquele país já iniciaram os cursos e estão considerando a experiência enriquecedora. Os instrutores são unânimes em destacar a vontade de apreender dos alunos africanos e não deixam de elogiar a receptividade e a atenção dos anfitriões. "Os alunos são extremamente educados e focados. As aulas estão a todo vapor e a produtividade deles é consideravelmente alta. O melhor é ver a fome de conhecimento que eles têm. Isto é realmente animador", declarou Daniel Diego Reynolds, instrutor da área de controle e automação.

Já o instrutor da área química Patriqui Giordani reforça a alegria dos angolanos. "Mesmo tendo desigualdades, nada entristece esse povo. As diferenças culturais são evidentes em gestos e expressões, mas a alegria e o calor humano se assemelham aos do brasileiro. Está sendo ímpar a oportunidade que o Senai está me proporcionando", disse, acrescentando que em 2010, quando teve o primeiro contato com os angolanos em Mato Grosso do Sul, já imaginava que a equipe do Senai seria bem recebida na África. "Estou revisando os meus conceitos e valores de vida", garantiu.

Para o instrutor da área de açúcar e álcool Neldson Mattos Shinjo, o primeiro contado com os alunos angolanos serviu para reforçar tudo aquilo que já havia escutado sobre eles. "A educação, a simplicidade e a vontade de aprender são impressionantes. Quando dominam um determinado assunto, fazem questão de demonstrar, quando não sabem, prestam atenção redobrada", avaliou.

A também instrutora da área química Hellenicy Vitor Rezende acrescenta que está recebendo importantes lições de vida. "Cada dia aprendo com os angolanos a ser mais prestativa, simpática e alegre", destacou, destacando que os alunos africanos são totalmente diferentes dos brasileiros. "Aqui eles têm fome de conhecimento e ouvir um aluno dizer que nunca tinha conseguido resolver uma divisão e, minutos depois da orientação, está no quadro solucionando a operação que antes era impossível. Isso é o maior pagamento que um professor pode receber. Então agradeço ao Senai e ao Grupo Odebrecht pela oportunidade", declarou.

Blog

O ineditismo da experiência motivou Hellenicy Rezende a fazer um blog sobre o período em que passará em Angola atuando na capacitação da mão de obra local para trabalhar na usina do Grupo Odebrecht. No endereço eletrônico http://cacuso.blogspot.com.br/?spref=fb, ela relata um pouco do dia a dia em um país tão distante e com uma realidade totalmente diferente da qual estava acostuma no interior de Mato Grosso do Sul.

"Queridos familiares e amigos, só hoje arrumei um horário para escrever no blog, cheguei aqui no domingo (19/01). Fomos muito bem recebidos pelo povo africano e também por todos os colegas brasileiros que se encontram aqui em Cacuso. A primeira coisa que percebi no caminho entre Luanda a Cacuso foi a diferença econômica, existem pessoas muito ricas, mas também existem pessoas muito pobres", conta a instrutora.

Ainda em seu relato, ela fala que tem muitos brasileiros na cidade e, por isso, o cardápio sempre tem arroz, feijão, carnes (frango, peixe e boi) e saladas. Com relação à qualificação dos alunos, a instrutora destaca que todos estão sendo capacitados para trabalhar na usina. "Eles me encantaram já no primeiro dia quando entrei na sala de aula e todos se encontravam em pé e disseram em uma só voz bom dia senhora professora. Aquilo me emocionou, me disseram que eu era muito bem vinda ao país deles, pois que iríamos ajudá-los a aprender novas tecnologias", contou Hellenicy Rezende em seu blog.

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