Um violão que ajuda a aprender a tocar e uma placa solar feita em plástico pet foram alguns dos produtos desenvolvidos em 15 centros inovadores visitados, entre 21 e 25 de maio, em cinco estados, por um grupo de 40 executivos e representantes de instituições públicas e privadas. Eles participaram da 8ª imersão a ecossistemas de inovação, organizada pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL) com apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii).
Um dos locais visitados foi o Instituto SENAI de Inovação em Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), no Recife, que busca agregar valor à rica cultura pernambucana por meio do programa Cimmus - Criatividade e Inovação para a Indústria da Música. Um dos instrumentos desenvolvidos foi o violão digital. Conectado a um aplicativo, do qual recebe informações de cifras obtidas em ferramentas como o Spotify, o instrumento indica, por meio de luzes de led, “o caminho” nas cordas a ser seguido pelo usuário para tocar a música escolhida.
Os participantes da imersão também conheceram, em Belo Horizonte, o processo de impressão de placas solares flexíveis feitas em plástico pet. Desenvolvida pela empresa Sunew, a placa tem apenas 0,3 milímetros de espessura e pode ganhar qualquer tipo de formato. Tanto que deu origem a um grid em formato de árvore que capta energia do sol e possui saídas USB para recarga de aparelhos eletrônicos e iluminação noturna. As placas recobrem ainda a fachada da sede da empresa Totvs na capital paulista.
REFERÊNCIAS - Durante cinco dias de visita, o grupo conheceu projetos e instalações em grandes centros de pesquisa e desenvolvimento que são referência no país, como a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e o SENAI Cimatec, em Salvador. No campus integrado da capital baiana estão instalados três Institutos SENAI de Inovação, onde foi desenvolvido o Flatfish, robô submarino autônomo que será usado na inspeção de dutos de petróleo em águas profundas, realizado em parceria com a petroleira Shell e o instituto alemão de inteligência artificial DFKI. O SENAI Cimatec agora apoia a empresa italiana Saipem, que irá comercializar o equipamento a produtores de petróleo.
“As visitas foram excelentes, foi realmente surpreendente ver as diversas iniciativas concretas que estão em curso, vimos projetos fantásticos. Tivemos uma visão e uma dimensão do que o SENAI está fazendo e isso é bom para a indústria, para todos nós e para o Brasil, que vai colher muitos frutos”, avalia o diretor de Cultura e Engajamento da Brain/Algar Telecom, João Henrique de Souza Pereira. “No decorrer da semana, percebemos uma série de oportunidades e possibilidades de conexões que a gente não imaginava. Isso certamente vai se desdobrar em parcerias, em projetos em conjunto, na resolução de problemas com auxílio do SENAI e das instituições de apoio à indústria”, completa.
O programa de imersōes busca inspirar e estimular a indústria brasileira a investir em inovação, fator-chave na capacidade das empresas competirem em um mercado globalizado em meio à quarta revolução industrial. A iniciativa é da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), grupo que reúne 200 executivos das maiores empresas brasileiras sob a coordenação da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
“O objetivo é oferecer oportunidade para os executivos terem contato com os ambientes de inovação mais desenvolvidos no nosso país e no exterior. É muito importante que as empresas conheçam as infraestruturas e os locais onde podem fazer parcerias para inovação no Brasil. Temos centros de pesquisa e desenvolvimento e inovação muito avançados. Esses centros muitas vezes são estruturas do SENAI credenciados pela Embrapii”, explica a diretora de Inovação da CNI e superintendente nacional do IEL, Gianna Sagazio. “Conhecendo essas oportunidades, as empresas podem fazer projetos de inovação, parcerias, inclusive de inovação aberta, para que possam avançar e serem mais inovadoras”, diz.
TORRES EÓLICAS – Durante a semana de imersão, os visitantes também conheceram os Institutos SENAI de Inovação em Sistemas Embarcados, em Santa Catarina; de Materiais Avançados, em São Paulo, e de Metalurgia e Ligas Especiais, em Belo Horizonte. Referência no desenvolvimento de novas ligas metálicas para empresas como Votorantim e Usiminas, o Instituto mineiro desenvolve, no momento, em parceria com a Gerdau, novos tipos de aço mais resistentes a fadiga para torres de energia eólica, que chegam a ter mais de 80 metros de altura.
O grupo esteve ainda em centros pesquisa e desenvolvimento de empresas, como da Embraer em Belo Horizonte, o primeiro a ser montado, no Brasil, fora da sede em São José dos Campos. Dos 15 centros visitados, 12 são credenciados junto à Embrapii. “Esta iniciativa é a oportunidade que as empresas têm de se distanciar um pouco do dia a dia dos seus laboratórios e escritórios e prospectar oportunidades de negócios junto com centros de tecnologia de grande competência tecnológica, com gente de ponta, que conhece muito bem a fronteira tecnológica e consegue transformar isso em realidade de negócios”, avalia a coordenadora de planejamento da Embrapii, Ana Arroio.
Foi exatamente o que fez o especialista em processos tecnológicos da Fibria Celulose, Ricardo Miguel Penchel, responsável pela prospecção tecnológica na empresa. A 8ª imersão da MEI surgiu no momento certo para ele, que estava com a tarefa de mapear os centros brasileiros que pudessem complementar o setor da Fibria responsável por pesquisa, desenvolvimento e inovação. “Uma das metas de projeto que temos este ano é tentar mapear os ecossistemas de inovação no Brasil, quem são as instituições e, em um segundo momento, talvez chegar às startups. Temos uma carteira de projetos muito ampla e buscamos parcerias em inovação aberta ou fechada para complementar nossas habilidades e competências nesses projetos”, explica.