Instituto SENAI de Inovação inicia identificação de plantas aquáticas para produção de biocombustível

Equipe já encontrou e catalogou seis espécies interessantes para o desenvolvimento do projeto Macrofuel: Aproveitamento Energético de Bio-Óleo Pirolítico de Macrófitas Aquáticas para Produção de Biocombustível

"É fundamental essa parceria para entendermos na prática a realidade das indústrias para apresentarmos soluções para os problemas que elas enfrentam", afirma Mangialardo

Como parte do projeto “Macrofuel: Aproveitamento Energético de Bio-Óleo Pirolítico de Macrófitas Aquáticas para Produção de Biocombustível”, desenvolvido em parceria com o grupo chinês CTG Brasil, 2º maior gerador privado de energia do país, a equipe de pesquisa do Instituto SENAI de Inovação em Biomassa, localizado em Três Lagoas (MS), já iniciou a coleta das plantas aquáticas nos reservatórios de Ilha Solteira e Jupiá para fazer a identificação de algumas espécies para a produção de biocombustível.

Segundo o pesquisador industrial do Instituto de Biomassa, Hélio Mirá de Assis, além de solucionar um problema ambiental nos reservatórios de usinas hidrelétricas da região, o projeto avalia o aproveitamento energético do bio-óleo proveniente dessa macrófitas – plantas aquáticas. “Das espécies que já foram coletadas nos reservatórios, nós já temos a identificação de seis, que estão catalogadas. Além disso, verificamos todas as características físico-químicas dessas espécies, que são interessantes para o nosso trabalho de produção de biocombustível”, informou.

Hélio Assis acrescenta que a equipe identificou os constituintes químicos e o perfil térmico gravimétrico, ou seja, que permite aponta como essa planta aquática vai se comportar em um ambiente de alta temperatura, onde ela vai permanecer com baixo tempo de residência.

“É essa característica a mais importante para o processo subsequente, que é o de pirólise rápida para a produção do bio-óleo. Neste primeiro momento, estamos caracterizando o material, verificando como ele se comporta, para, posteriormente, determinar qual é o equipamento que vou utilizar para produzir o bio-óleo a partir dessa macrófita”, revelou Assis.

O pesquisador industrial ressalta que a etapa atual está em identificação de espécies, caracterização físico-química delas e o conhecimento dos constituintes dessa biomassa.

“A partir disso, vamos poder produzir o bio-óleo, sendo em primeira etapa na escala bancada e na segunda etapa em escala piloto. O bio-óleo é a matéria-prima para produzir o biocombustível, pois, primeiro, temos de produzimos o bio-óleo, que tem uma característica que é uma desvantagem, ou seja, ele tem uma alta instabilidade. Esse material reage entre si e precisa ser estabilizado, por meio de uma reação catalítica, e, a partir dessa reação, já tenho o biocombustível”, relatou.

Conforme o pesquisador, a sequência, em linhas gerais, é entender quais são as biomassas, produzir o bio-óleo e, depois, fazer uma reação para produzir o biocombustível. “A partir do bio-óleo, podemos fazer uma purificação e obter monômeros para a produção de polímeros, compostos ativos que têm como função ação bactericida. Ou seja, são inúmeros subprodutos que posso extrair desse bio-óleo, além da fase sólida que é o carvão. Há outros leques, como a produção de bio-óleo para fertilizantes, herbicida, bio-carvão, combustível sólido de alto desempenho e carvão ativo para sistema de purificação de água”, detalhou.

PARCERIA - A parceria entre o Instituto do SENAI e a CTG Brasil foi assinada no dia 11 de julho deste ano e, na avaliação do diretor-regional do SENAI, Rodolpho Caesar Mangialardo, o projeto representa um divisor de águas dentro da instituição. “Esse ano comemoramos 40 anos em Mato Grosso do Sul e temos por base a educação profissional para as indústrias, mas há alguns anos já percebemos que a inovação e a tecnologia têm de andar juntas com essa formação profissional. Então nós estruturamos o ISI Biomassa para enxergar o que mais poderíamos fazer dentro das indústrias”, explicou.

"Das espécies que já foram coletadas nos reservatórios, nós já temos a identificação de seis, que estão catalogadas", conta Hélio Mirá de Assis

Para ele, esse contrato buscando uma solução com as macrófitas é um dos frutos dessa busca pela inovação. “Essas plantas aquáticas prejudica a geração de energia nas hidrelétricas. Foge um pouco dessa linha do SENAI de investimentos em energia solar e energia eólica, mas acho que devemos olhar com bons olhos esse projeto, que é tão importante. É fundamental essa parceria para entendermos na prática a realidade das indústrias para apresentarmos soluções para os problemas que elas enfrentam”, completou.

Segundo a diretora do ISI Biomassa, Carolina Andrade, o projeto prevê investimentos de R$ 4,6 milhões, utilizando recursos do SENAI, da CTG Brasil e da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). “Já começamos algumas ações, mas é um projeto que deve durar três anos dada sua complexidade, porque vamos sair de uma planta e vamos chegar a um óleo para uso nos motores da própria empresa. Então há uma série de etapas e todas serão conduzidas aqui dentro do ISI Biomassa”, detalhou.

O diretor de operação e manutenção da CTG Brasil, César Teodoro, destacou que a pesquisa e a inovação são uma mola propulsora do desenvolvimento, daí a escolha de trabalhar com o SENAI para buscar uma tecnologia inovadora.

“Buscamos com a inovação trazer a melhoria no desenvolvimento de algo que atualmente nos preocupa e trazendo o crescimento junto à comunidade e a participação do SENAI. As macrófitas são um problema hoje e agora queremos encontrar essa solução e mais, outros subprodutos que possam trazer uma situação bastante favorável”, salientou Teodoro.

Ele reforçou que a ideia inicial não abrange a comercialização direta do bio-óleo, visto que o foco é desenvolver uma metodologia de produção de biocombustível líquido para geração de energia. “O primeiro passo é um diagnóstico desse produto e a possibilidade de expandir de forma externa, com certeza utilizaremos junto à comunidade.  O projeto é para os reservatórios de Jupiá e Ilha Solteira, mas dependendo dos resultados obtidos, poderemos expandir para outras unidades”, acrescentou.

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