Indústria e inovação ajudaram Brasil a enfrentar coronavírus

Última reunião de 2020 da Mobilização Empresarial pela Inovação explorou oportunidades para tornar o país mais competitivo durante e depois da pandemia

Capaz de se adaptar e inovar com agilidade, a indústria brasileira mostrou a força e resiliência durante a pandemia do novo coronavírus. Em pouco tempo, conseguiu recuperar o ritmo da produção, como mostram os indicadores do terceiro trimestre de 2020. Com estrutura diversificada e a resposta rápida à crise, a indústria garantiu o abastecimento do país.  

“A pandemia confirmou a importância da inovação, da ciência, da tecnologia e da indústria para a sobrevivência das pessoas, dos negócios e dos governos”, destacou o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, na abertura do Diálogos da MEI, último encontro virtual de 2020 da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), realizado nesta quinta-feira (10). “Temos um país forte”, lembrou Braga de Andrade.

Apesar da pandemia, 2020 foi um ano produtivo para a MEI. Sem reuniões presenciais, a Mobilização ampliou o público que acompanha e participa de seus debates – foram mais de 54 mil pessoas alcançadas, em lives e encontros on-line. Em junho, a MEI foi palco do anúncio da parceria entre a CNI e a empresa israelense SOSA,  firmada para acelerar no país a adoção da inovação aberta entre as indústrias e startups brasileiras. 

Logo na abertura da reunião, uma boa notícia. O empresário Pedro Wongtschowski, presidente dos conselhos de administração da Ultrapar e da EMBRAPII, e o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) anunciaram que a Câmara dos Deputados aprovou, na quarta-feira (9), o regime de urgência para a tramitação do PLP 135/2020, de autoria do parlamentar, que protege o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) de contingenciamentos e de perder recursos na virada de um ano fiscal para o outro.

A defesa do FNDCT e da correta aplicação de seus recursos em pesquisa e desenvolvimento tem sido uma das principais bandeiras do trabalho da MEI nos últimos anos. O PLP já foi aprovado pelo Senado e deve ser votado pela Câmara ainda em 2020. 

Presidente da Frente Parlamentar Mista de Ciência, Tecnologia, Pesquisa e Inovação, Izalci Lucas também ressaltou a importância de o país investir na formação profissional e na popularização da ciência. “Nosso maior desafio é popularizar a ciência, a tecnologia e a inovação. Nós já somos convencidos, precisamos convencer os outros”, afirmou o senador.

Oportunidades para inovação em tempos de pandemia

Na reunião, foram apresentados dois estudos inéditos: um sobre oportunidades de inovação aberta em tempos de pandemia e o segundo sobre recomendações para o Brasil se tornar mais competitivo no contexto internacional.

O relatório Indústria 4.0: Modo Covid-19 – uma análise das tendências, tecnologias, startups e atividades da indústria pesada que definem a indústria 4.0 aplicada à Covid-19 consolida o primeiro mapeamento desenvolvido pela parceria da CNI com o SOSA e mostra como as tecnologias desenvolvidas no âmbito da Indústria 4.0 são grandes aliadas para a superação dos desafios impostos pela pandemia, como a saúde e a segurança dos trabalhadores, automação e otimização das linhas de produção e aplicação de dados e inteligência às cadeias de suprimentos. 

“A pandemia resultou em desafios em todo o planeta, não apenas no Brasil. Contudo, hoje temos a oportunidade de sair da crise mais fortes do que antes devido à tecnologia e à inovação”, destacou Uzi Scheffer, CEO do SOSA.

O estudo apresenta 50 startups que, juntamente com indústrias de diversos segmentos, desenvolveram soluções para ajudar as indústrias a avançar no uso de inteligência artificial, análise de dados e aprendizado de máquina e automação, combinação de sensores e dispositivos conectados para criar métodos inovadores de produção, mais enxutos e à prova de pandemias. “Precisamos desenvolver as condições para que os líderes da indústria brasileira acessem tecnologias globais e recebam o suporte necessário”, convidou Scheffer. 

A necessidade de melhorar o ecossistema de inovação brasileiro

O segundo estudo apresentado no Diálogos da MEI mostra que o Brasil ocupa a 4ª posição entre os cinco países do BRICS (Brasil, China, Índia, África do Sul e Rússia) em inovação e é o último em instituições e infraestrutura.

O levantamento, coordenado pelo especialista em inovação, Soumitra Dutta, presidente do Portulans Institute, analisa aspectos como o atual sistema de ciência, tecnologia e inovação do Brasil, os desafios para a competitividade global e as perspectivas de crescimento econômico, os impactos da pandemia de Covid-19, recomendações de organizações internacionais e da indústria local.

Para avançar posições e ser mais competitivo no xadrez global, o Brasil precisa derrubar barreiras não-digitais para seu desenvolvimento digital, avançar em áreas-chave como aprimoramento de instituições e infraestrutura, políticas de inovação, incentivos a talentos e tecnologia e abraçar rapidamente um modelo de inovação que priorize as pessoas. “Eis um imperativo estratégico”, avisou Dutta.

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