Indústria de cosméticos tem apoio dos Institutos SENAI de Inovação para ser mais competitiva

Soluções desenvolvidas na rede aumentam capacidade de empresas do segmento a disputar mercado e se tornam referências em comunidade científica internacional

O Brasil é o quarto maior mercado de cosméticos do mundo e a inovação é fundamental para as indústrias sobreviverem em um ambiente altamente competitivo. Pesquisas com tecnologias químicas, realizadas na rede de Institutos SENAI de Inovação, ajudam as empresas do segmento a oferecerem a seus consumidores produtos de qualidade global, além de se tornarem referência na comunidade científica. É o caso de estudo realizado pelo Grupo Boticário em parceria com o Instituto SENAI de Inovação em Eletroquímica, em Curitiba. 

Os pesquisadores do instituto e da empresa utilizaram um microscópio eletroquímico de varredura, usado normalmente para medir corrosão em metais, a fim de testar cosmético antienvelhecimento da marca. Foi possível medir a corrente eletroquímica de células in vitro de uma pele artificial tratada por um produto cosmético com ativos que proporcionam o aumento dessa corrente, auxiliando no tratamento antienvelhecimento. Os resultados foram apresentados em congresso científico em Zurich, na Suíça. 

“O que a gente buscou nesse projeto foi desvendar mecanismos ou soluções tecnológicas em ativos que pudessem estimular o sistema bioelétrico da pele, que envelhece com o tempo”, explica Gustavo Dieamant, gerente de pesquisa científica e tecnológica do Grupo Boticário ao detalhar a pesquisa. “Normalmente se comprova a ação de substâncias (como cosméticos) em modelos in vitro, em cultura de células, mas ainda estava distante comprovar a bioeletricidade em vivo. Foi aí que encontramos o Instituto SENAI de Inovação, que pôde solucionar perfeitamente a nossa necessidade", completa.

Com variadas linhas de pesquisa, o Instituto desenvolve produtos revolucionários como tintas que se regeneram duas horas após o risco, auto limpantes e inibidoras de corrosão; sensores miniaturizados para reconhecimento e monitoramento do meio ambiente ou baterias de celular que duram 100 dias. “O Instituto SENAI de Inovação em Eletroquímica tem várias áreas de atuação para o segmento industrial, na área de corrosão, sensores eletroquímicos, novos tipos de baterias, estudos de biocorrosão e adaptação de técnicas como essa que surgiu com o Boticário, que era específica para a corrosão”, explica o diretor do centro, Dr. Luiz Carlos Ferracin. 

A competência do corpo técnico e a estrutura dos Institutos SENAI de Inovação surpreende quem visita as instalações, como a gerente de New Development da Avon, Cristiane Miyazato, que esteve em oito centros da rede do SENAI, inclusive em Curitiba. “Os produtos cosméticos hoje têm de ser muito benéficos em relação à saúde e não apenas à aparência e à beleza. E esses produtos vão surgir de centros de excelência como dos Institutos SENAI de Inovação”, avalia ela. 

ETANOL DE SEGUNDA GERAÇÃO – A pesquisa química também responde às preocupações, cada vez maiores, com a preservação do meio ambiente. Leva, por exemplo, ao desenvolvimento de produtos químicos verdes (produzidos a partir de matérias-primas sustentáveis) e de soluções industriais sustentáveis para tratamento de solos, efluentes e reuso de água. Essa é a linha de projeto, já patenteado, desenvolvido no Instituto SENAI de Biomassa, em parceria com a empresa GranBio, que permite a identificação rápida da melhor variedade de cana para a produção de etanol de segunda geração – feito a partir da celulose em vez do açúcar da cana. 

“Um dos grandes problemas do futuro é pensar como é possível gerar energia sem impactar a cadeia de alimentos, como é possível, de forma alternativa, gerar combustível de forma diferente do que o Brasil vem fazendo desde os anos 1970”, sintetiza a Dra. Carolina Andrade, diretora do instituto, localizado em Três Lagoas (MS). A GranBio, companhia produtora de biocombustíveis e bioquímicos, foi a primeira a operar uma planta industrial de etanol de segunda geração no Brasil.

O projeto patenteado produz um kit de marcadores de DNA que mostram, antes mesmo do plantio, a melhor variedade da cana energia para ser utilizada na produção do etanol de segunda geração. “É um método mais avançado de seleção da cana. Em vez de esperar crescer, você seleciona a cana nos estágios iniciais do desenvolvimento, o que permite direcionar o plantio para ter maior produtividade”, completa Carolina. 

Soluções sustentáveis de padrão internacional com uso da química e da biotecnologia industrial também são especialidades de dois centros de excelência localizados no Rio de Janeiro: os Institutos SENAI de Inovação em Biossintéticos e em Química Verde. Um processo inédito no mundo para reuso de água de utilização industrial está sendo desenvolvido no Instituto SENAI em Biossintéticos em parceria com a Universidade de Montfort, na Inglaterra. A pesquisa pretende aumentar a pureza da água para permitir uma maior gama de novos usos. “Além disso, o processo deve ser mais barato do que os existentes atualmente, que são poucos e caros”, explica o diretor do centro, Dr. Paulo Coutinho. 

PARCERIAS - Para promover a inovação no Brasil, parcerias que envolvam o governo, iniciativa privada e universidades são fundamentais. "Ninguém inova sozinho.", destaca o diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi. E é por isso o que o SENAI investe no fortalecimento da rede formada por 25 Institutos SENAI de Inovação em todas as regiões do país. Assista:

A SÉRIE - Acompanhe todas as matérias da série especial da Agência CNI de Notícias Institutos SENAI de Inovação: o caminho para a inovação:

19/06/2017Institutos SENAI de Inovação revolucionam forma de inovar no Brasil

20/06/2017 Com tecnologias avançadas, Institutos SENAI de Inovação produzem novos materiais que mudam a vida das pessoas

21/06/2017Institutos SENAI de Inovação desenvolvem tecnologia para a indústria do futuro

21/06/2017 Robô autônomo para inspeção em águas profundas é inovação brasileira de padrão internacional

22/06/2017Projetos dos Institutos SENAI de Inovação ajudam a diminuir riscos e garantir a segurança de trabalhadores

23/06/2017 - Indústria de cosméticos tem apoio dos Institutos SENAI de Inovação para ser mais competitiva

Relacionadas

Leia mais

Robô autônomo para inspeção em águas profundas é inovação brasileira de padrão internacional
Inovações disruptivas criam oportunidades de negócios para a indústria brasileira
Inovação é imperativo para o crescimento da indústria e do país, afirma CNI

Comentários