Gestão eficiente da saúde é prioridade das empresas, destaca gerente-executivo do SESI

Emmanuel Lacerda esteve no Café Exame, realizado nesta terça-feira (10), em São Paulo, com a presença de gestores de empresas, planos de saúde e seguradoras

"Gastos com saúde dos trabalhadores representam 12% da folha de pagamento das empresas" - Emmanuel Lacerda

Melhorar a eficiência na gestão de saúde dos trabalhadores é prioridade das empresas. Os gastos com saúde ocupacional e planos de saúde representam, em média, 12% da folha de pagamento e representam o segundo maior custo para as indústrias, ficando atrás apenas da própria folha de pagamento. A afirmação é do gerente-executivo de Saúde e Segurança na Indústria do Serviço Social da Indústria (SESI), Emmanuel Lacerda, durante o Café Exame, realizado nesta terça-feira (10), em São Paulo. O evento, promovido pela revista Exame em parceria com o SESI, reuniu 70 gestores de empresas, planos de saúde e seguradoras. 

“Os custos com saúde ocupacional, que envolve o atendimento a questões legais, e com saúde suplementar pressionam indústrias. Em todo o Brasil, o setor tem aproximadamente 11 milhões de trabalhadores e dependentes assegurados”, destacou Lacerda. Segundo ele, já há empresas que gastam com planos de saúde o equivalente à folha de pagamento. E os custos não param por aí. “Isso sem falar do impacto da queda da produtividade das indústrias com as faltas ao trabalho”, acrescentou.

Lacerda disse que ferramentas digitais, com informações sobre a saúde dos trabalhadores, são fundamentais para empresas gerirem custos e aumentarem a efetividade de investimentos em segurança e saúde. Com adoção de novas tecnologias, como a plataforma SESI Viva+, será possível canalizar investimentos para ações de promoção de saúde de melhor custo-benefício para cada realidade industrial e prevenir custos com uso de planos e afastamentos. “Investir em gestão da saúde, com programas efetivos de prevenção de riscos de doenças e acidentes e inteligência deve ser prioridade para redução de custos e riscos legais”, disse.

A opinião foi compartilhada pelo redator-chefe da revista Exame, José Roberto Caetano, que destacou que a tecnologia poderá ajudar a enfrentar os desafios da saúde no futuro, como o envelhecimento da população. Ele disse ainda que a Exame costuma trazer ao debate reflexão sobre o Brasil e sobre seus desafios. “Contribuímos para debates importantes para nossa caminhada, apesar das dificuldades, rumo a um país melhor”, afirmou.

"Tecnologias irão ajudar a enfrentar desafios futuros, como o envelhecimento da população" - José Roberto Caetano

TECNOLOGIAS – No debate sobre oportunidades no setor de saúde com as novas tecnologias, o presidente do Hospital Sírio-Libanês, Paulo Chapchap, disse que as tecnologias trouxeram um extraordinário benefício à medicina, sobretudo em precisão de diagnósticos e menos complicações em cirurgias. Além disso, plataformas de interação entre médicos e pacientes ajudam no avanço da telemedicina e contribuem para equacionar o problema da carência de especialistas em determinadas regiões e ociosidade deles em outras. “A sociedade brasileira tem o desafio de aplicar novas tecnologias para baratear os custos com saúde. Apenas 25% das unidades de saúde são informatizadas no país”, ressaltou.

Para Luiza Mattos, sócia da área de saúde da consultoria Bain & Company, é preciso preparar profissionais para tratar dados fornecidos por plataformas de gestão de segurança e saúde no trabalho. Para isso, ela defendeu que tecnologias devem ser geridas integrando todos os elos da cadeia da saúde para atender de forma mais efetiva o maior número de pessoas. “Precisamos aproveitar os benefícios da tecnologia em rede para redução de custos”, afirmou.

O CEO da startup Docway, Fábio Tiepolo, disse que há muitas barreiras para entrada do processo de digitalização na gestão da saúde, sobretudo porque os investimentos dão retorno no longo prazo. Ele propôs que a atuação nos desafios da saúde se dê por problemas específicos e não por uma atuação no todo. “Também é preciso caminhar no sentido de aumentar a responsabilidade dos indivíduos sobre os cuidados com a própria saúde e reduzir custos nos planos de saúde a pessoas que adotam hábitos saudáveis”, assinalou.

Em debate sobre novas tecnologias em saúde, executivos defenderam melhor gestão das informações e disseminação de inovações para reduzir custos

MAPEAMENTO GENÉTICO – No debate sobre tendências em novos medicamentos e tratamentos, foi destacada a importância do mapeamento genético para acelerar o desenvolvimento de medicamentos mais eficazes para a prevenção e o tratamento de doenças. Guilherme Yamamoto, médico geneticista e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP),  contou que a Islândia é o país mais avançado, com quase toda sua população com o DNA mapeado.

"Os Estados Unidos começaram a acelerar esse processo, após perceber que estava para atrás de outras economias desenvolvidas. No Brasil, temos o mapeamento genética de apenas 1.324 pessoas”, informou Yamamoto.

O presidente da Pfizer no Brasil, Carlos Murillo, ressaltou a importância dos novos medicamentos para o aumento da expectativa de vida do ser humano que, entre 2000 e 2010, aumentou em cerca de dez anos. “Os países precisam olhar a questão não apenas do ponto de vista de custos, mas do valor econômico real do medicamento, dos custos econômicos e sociais por não usá-los”, destacou. 

“Em média, o Brasil atrasa em três anos, em relação aos demais países da América Latina, a autorização para novos medicamentos entrarem no mercado. A regulamentação precisa se adequar a novas tecnologias e tendências mundiais”, afirmou Murillo. A Pfizer integra a Mobilização Empresarial de Inovação, coordenada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que pretende aumentar o número de empresas inovadoras no país.

A avaliação é compartilhada pelo presidente da Amgen no Brasil, Mauro Loch, que destacou avanços na autorização de comercialização de medicamentos com base em moléculas biológicas. “Mas é preciso agilizar o processo para moléculas sintéticas”, defendeu.

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