Um único aparelho simboliza como a tecnologia já transformou a vida em sociedade e como colocamos em prática ideias que antes só cabiam à ficção científica. O celular, na verdade, para o especialista em big data Ricardo Cappra, já faz de nós ciborgues. “Esse aparelho, que não sai de perto de nós, já tem parte do nosso cérebro. A tendência é que a tecnologia seja colocada para dentro do corpo”, aposta ele, que foi um dos palestrantes do Fórum IEL de Carreiras realizado em Vitória, no Espírito Santo, nesta quinta-feira (5).
Mais de 1 mil estudantes de ensino médio e universitários tiraram dúvidas e conheceram um pouco mais sobre o potencial e as mudanças que as carreiras e profissões vêm sofrendo em função dos avanços da inteligência artificial, big data, robótica, entre outras tecnologias, na maneira como vemos o trabalho, consumo e relacionamentos, por exemplo. “A Amazon comprou a rede de mercados Wholefoods. Com cruzamento de dados, a empresa consegue te avisar, no momento que você deixa o mercado, se você esqueceu de comprar algo que precisava. Essa inteligência vem de dados”, exemplificou Cappra.
“Gosto de dizer que o mundo é Beta, ou seja, tudo que sai hoje será transformado amanhã. Além disso, tudo terá e já têm a ver com dados. E estamos começando a descobrir o que fazer com eles. Nem as grandes empresas e CEOs sabem bem ao certo. Por isso, é tão importante que as pessoas reflitam sobre isso. Há oportunidades e riscos”, afirmou Carla Mayumi, pesquisadora e ativista digital.
ECONOMIA FREELANCER - Mariana Castro, jornalista e autora do livro Empreendorismo Criativo - o propósito como ferramenta de inovação trouxe uma outra dimensão da inovação. O trabalho, como o conhecemos, também vai mudar. Aliás, como ela demonstra no livro, já mudou. “Acredito que além de termos mais de uma profissão ao longo da nossa vida, o futuro do trabalho envolve muito mais relacionamento entre pessoas e empresas por meio de projetos do que por contratos fixos”, explicou. Esse fenômeno tem sido chamado de gig economy ou economia freelancer.
Para ela, a flexibilidade desse novo ambiente, aliado ao propósito permite o desenvolvimento de novas ideias, produtos e serviços. Outra provocação feita por ela diz respeito à postura empreendedora. Segundo Castro, é importante trazer para dentro dos ambientes “tradicionais” de trabalho o engajamento, a audácia e a criatividade de startups. “Vi, apurando as histórias para o livro, a importância do propósito para um negócio. Lucro mas não é mais a única motivação para ter um negócio. Por isso mais pessoas estão inventando novas empresas”, avaliou.
Fabiana Pires, 17 anos, acompanhou todas as palestras do dia. A capixaba cursa processos administrativos no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e saiu com uma visão mais integrada sobre os temas. “A gente recebe a informação muito espalhada. Gostei das apresentações porque consegui ver onde aplicamos essas tecnologias e como isso vai mexer com a minha formação”, afirmou a estudante.