Edital de Inovação para a Indústria seleciona mais nove projetos de combate ao novo coronavírus

Soluções que propõem aumento de testes rápidos e uso de inteligência artificial, entre outras, vão receber R$ 9 milhões. SENAI, Embrapii e ABDI investirão R$ 30 milhões para prevenir, diagnosticar e tratar efeitos do Covid-19

O Edital de Inovação para a Indústria selecionou mais nove projetos de combate ao novo coronavírus, que vão receber R$ 9 milhões para serem desenvolvidos e devem surtir efeitos em até 40 dias. Na lista de aprovados estão propostas de uso de inteligência artificial para controlar a propagação da doença; fabricação de um monitor de fácil manuseio para diagnóstico rápido de pacientes com deficiência pulmonar; produção de testes rápidos de detecção do vírus; desenvolvimento de um sistema de desinfecção para transportes públicos, entre outras.

A categoria Missão Covid-19, criada para a seleção de projetos destinados a prevenir, diagnosticar e tratar os efeitos do Covid-19, investirá R$ 30 milhões aportados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), pela Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).

Na primeira chamada, foram selecionados seis projetos para receber R$ 10 milhões investidos pelo SENAI e pelo Serviço Social da Indústria (SESI). Nessa chamada, foram aprovadas, entre outras soluções, a adaptação de respiradores mecânicos veterinários para uso em humanos, como forma de ampliar o número de ventiladores pulmonares no sistema de saúde brasileiro. Ainda restam R$ 11 milhões a serem investidos.

“Esperamos que os projetos selecionados contribuam para diminuir o impacto do contágio do coronavírus no país e prover ao sistema de saúde recursos para aumentar nossa capacidade de atender e tratar os pacientes com agilidade e qualidade”, afirma o presidente da ABDI, Igor Calvet.

“As soluções selecionadas ajudam a combater o coronavírus de forma inovadora, em uma demonstração de que o ecossistema brasileiro de inovação é capaz de dar respostas fundamentais ao país”, afirma o diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi. “A rede de inovação e de tecnologia do SENAI vai dar todo o apoio para que as iniciativas produzam seus efeitos benéficos o mais rapidamente possível”, completa.

“O avanço rápido da covid-19 pelo mundo nos alerta sobre a necessidade de unir esforços na luta contra a pandemia. O Edital com a ABDI e o SENAI é mais um exemplo da atuação em parceria que trará importantes resultados”, afirma o diretor de Planejamento e Gestão da Embrapii, José Luis Gordon. “Investir em inovação e tornar viável o desenvolvimento de tecnologias de diagnóstico, prevenção e tratamento da covid-19 no país são prioridade para Embrapii neste momento. Nossas Unidades Embrapii têm equipes preparadas e equipamentos de ponta para atuar no enfrentamento”, diz ele.

As seguintes propostas serão implementadas com apoio dos 27 Institutos SENAI de Inovação e 60 Institutos SENAI de Tecnologia:

Projeto

Empresa Proponente

Rede SENAI de Apoio à Produção de Álcool Gel 70%

Adecoagro Vale do Ivinhema

Monitor de capnografia autônomo e baixo custo para monitorar pacientes

MDI Indústria e Comércio de Equipamentos Médicos

Têxtil funcional com propriedades antivirais

Diklatex Industrial Têxtil

Tecnologia de Não Tecidos Anti-Covid-19

JGB Equipamentos de Segurança

Formulação sinalizadora para detecção de coronavírus

Scienco Biotech

Sistema de Esterilização de Transporte Público por UVC254

Sii Industria e Tecnologia

Processamento avançado e Inteligência Artificial no combate ao Covid-19

Repsol

Desenvolvimento de testes em ELISA e Lateral Flow para diagnóstico do Covid-19

Rio Paraná Energia S.A.

Human Filter

Cerdia Brasil Indústria e Comércio

Entre os projetos selecionados está proposta apresentada pela MDI Indústria e Comércio de Equipamentos de desenvolver um monitor de capnografia autônomo de fácil manuseio e portabilidade para acompanhamento e diagnóstico rápido de pacientes com deficiência pulmonar. Os capnógrafos analisam e registram a pressão de gás carbônico expirado pelo paciente, o que pode ajudar os médicos na correta aferição da função pulmonar, podendo liberar leitos mais cedo ou identificar pacientes que necessitem de apoio ventilatório urgente. O equipamento deverá ser portátil e adaptável para diferentes ambientes, o que deve ajudar durante o período de superlotação previsto nos hospitais.

Outro projeto aprovado, da Repsol, pretende criar um ambiente de supercomputação e inteligência artificial para dar apoio ao desenvolvimento e operação de soluções nas áreas de ciências biológicas, exames de imagem e predição de comportamento da pandemia. Uma das ideias é permitir acesso à infraestrutura computacional e software de análise de sequências genéticas do centro de supercomputação e inovação industrial do SENAI-Cimatec, localizado em Salvador, para pesquisadores engajados em soluções contra a covid-19. O projeto também vai desenvolver uma ferramenta computacional de apoio ao diagnóstico de exames de imagem para identificação do vírus, entre outras iniciativas.

A proposta selecionada da Sii Indústria e Tecnologia, por sua vez, tem como objetivo oferecer um sistema de desinfecção para meios de transporte públicos, garantindo a saúde de seus usuários. Será desenvolvido sistema móvel com tecnologia de ultravioleta do tipo C (UV-C) para esterilização durante limpeza dos meios de transporte.

Eficiência na produção de equipamentos de proteção

A empresa JGB equipamentos de segurança foi escolhida com proposta de produção de máscaras cirúrgicas, máscaras PFF2(S), aventais cirúrgicos, campos cirúrgicos e tocas e sapatilhas descartáveis em escala industrial de forma mais rápida e mais barata. O objetivo é ter mais eficiência, atendendo às respectivas normas desses produtos, a fim de suprir a demanda apresentada.

A empresa Diklatex Industrial Têxtil, também selecionada, propôs produzir lotes pilotos de itens hospitalares têxteis com funcionalização antiviral, com possibilidade de reuso. A cadeia consiste na participação de empresa química, que fornecerá os ativos antivirais, na Diklatex, que fará a aplicação desses ativos nos têxteis desenvolvidos para aplicação hospitalar.

Já a Cerdia, produtora de fibras de acetato de celulose, está liderando um projeto em conjunto com outras empresas, com a proposta de produzir 300 filtros do tipo HEPA em caráter emergencial em um prazo de 40 dias. O produto vai atender os ventiladores mecânicos que estão aguardando a importação e aqueles que vão ter a validade vencida na América Latina em 40 dias. O objetivo também é produzir 200 filtros do tipo HEPA em até três meses de forma a permitir um estoque de emergência para adicionais 40 dias, até que o fornecimento seja restabelecido, assim como nacionalizar a produção do filtro do tipo HEPA.

Outra empresa escolhida, a Rio Paraná Energia, vai desenvolver e implementar, nacionalmente, duas alternativas de testes sorológicos – um teste sorológico rápido e outro teste sorológico baseado em ELISA – para a detecção do novo coronavírus. O projeto tem como parceiros a AdvaGen Biotech e a Fundação Oswaldo Cruz.

O projeto selecionado da empresa Adecoagro Vale do Ivinhema pretende criar, com apoio da rede SENAI de Apoio à Produção de Álcool Gel 70%, uma rede de apoio técnico-científico e financeiro à produção de álcool em gel no Brasil, tendo entre os objetivos aumentar a capacidade de produção de álcool em gel 70% no país; apoiar a produção descentralizada, promovendo uma maior eficiência no abastecimento das regiões acometidas pela covid-19; e desenvolver e avaliar o maior número possível de formulações alternativas durante os primeiros 30 dias de projeto.

A proposta aprovada da Scienco Biotech prevê o desenvolvimento de novas moléculas para a detecção do vírus e desenvolvimento de uma formulação/dispositivo sinalizador, para detecção de SARS-CoV2 em superfícies, pacientes e/ou aerossóis, contribuindo para o combate da disseminação desse vírus em âmbito nacional.

SENAI atua em quatro frentes

O SENAI pôs sua infraestrutura a serviço do combate à pandemia de coronavírus em quatro frentes: 1) detecção e diagnóstico, por meio do apoio à maior produção de testes para detecção do vírus; 2) prevenção, com ajuda à fabricação de equipamentos de proteção individual (EPI); 3) tratamento de doentes, ao trabalhar na manutenção de respiradores mecânicos parados e; 4) apoiar a fabricação e desenvolvimento de novos equipamentos.

Os Institutos do SENAI possuem pesquisadores qualificados, equipamentos e infraestrutura de vanguarda para desenvolvimento de produtos e processos inovadores, assim como para a oferta de serviços de consultoria e metrologia. Desde que a rede de 27 Institutos SENAI de Inovação foi criada, em 2013, mais de R$ 1 bilhão foram aplicados em 1.086 projetos concluídos ou em execução. A estrutura conta com mais de 700 pesquisadores, sendo que cerca de 44% possuem mestrado ou doutorado.

Atualmente, 12 centros são unidades Embrapii, e têm verba diferenciada para financiamento de projetos estratégicos de pesquisa e inovação. A rede de 60 Institutos SENAI de Tecnologia, que começou a ser implantada nos anos 1990, possui corpo técnico de cerca de 1.200 especialistas e consultores que prestam serviços buscando melhorar a qualidade de produtos e serviços, a produtividade e a competitividade dos negócios.

A Indústria contra o coronavírus: vamos juntos superar essa crise

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