Com quase 15 anos de atuação, a Mobilização Empresarial da Indústria (MEI), coordenada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), reuniu dezenas de pesquisadores, lideranças empresariais e universidades para debater ações e próximos passos para superar o atraso do Brasil nas áreas de ciência, tecnologia e inovação. O encontro foi nesta quinta (24), no SENAI Cimatec, em Salvador.
“Inovação faz parte da cadeia do valor do conhecimento”, afirmou Gianna Sagazio, diretora de Inovação da CNI.
Para ela, o Brasil precisa estar unido para superar as adversidades e conseguir melhorar no ranking global de inovação, em que o país patina há mais de uma década.
Abaixo, seguem alguns pensamentos do dia de debates:
HORÁCIO PIVA - membro do conselho de administração da Klabin
“A indústria é o destino do Brasil. Não podemos deixar para as próximas gerações com um destino menos ousado”
Piva afirmou que o Brasil não pode encarar investimentos em ciência, tecnologia e inovação como custo. Disse também que é necessário agir politicamente, fazer reformas, baixar juros e criar melhores condições para que haja esse investimento.
LUIZ EUGÊNIO MELLO - diretor científico da Fapesp
“Estamos com níveis muito baixo de investimentos. Precisamos de recursos. Claro, não precisamos só de recursos. Mas os dados de investimentos no Brasil mostram que o país não avança”
Mello disse que há recursos de outras fontes de financiamento que precisam ser trazidas para este cenário. Para ele, a indústria tem de produzir mais patentes. E a academia tem de levar as patentes para a ponta.
RICARDO ALBAN - presidente da Federação das Indústria da Bahia (FIEB)
“Os papers científicos precisam, cada vez mais, sair das prateleiras para serem usufruídos pela nossa população”
Alban lembrou que o Brasil precisa apostar fortemente na transição energética. E isso será um trabalho em que será preciso unir as forças da academia e da indústria. Para ele, o Brasil é celeiro para a nova matriz energética. “Temos de descarbonizar a indústria brasileira e ter uma legislação firme para regular este tema”, acrescentou.
CLÁUDIA CAPARELLI - diretora do IPT Open
“A indústria é o motor para se dar um salto quântico nos métodos tecnológicos”
Claudia defendeu que as patentes deveriam ter mais valor pela sua aplicação prática e não apenas ter valor só pelo fato dela ter sido registrada. E para isso, ela diz que palavras como colaboração, cooperação e integração são a chave para empresas e academia consigam atingir este objetivo.
ROSELI MELLO - diretora de inovação da Natura
“Gerar inovação é causar impacto positivo em toda a cadeia produtiva da nossa indústria”
A diretora fez questão de enfatizar que a inovação tem de atingir desde a extração de produtos até a ponta da cadeia. No caso da Natura, o bem-estar dos nossos consultores, que estão na ponta oferecendo nossos produtos. “As famílias dessas pessoas precisam ter uma vida melhor, ter educação e melhores condições de vida”.
BERNARDO GRADIN - CEO da GranBio
“Inovar é entrar no futuro hoje. E amanhã, de novo.”
Gradin listou 4 ações práticas que deveriam ser adotadas imediatamente:
- Acelerar e divulgar o que está dando certo, como os projetos do SENAI Cimatec
- Criar rede efetiva, um ecossistema com liberdade científica, valorizando a necessidade e a urgência da empresa que inova, e o governo para acelerar as regulamentações necessárias para que CT&I avancem
- Aproveitar o momento de transição energética e de mudança climática
O CEO da GranBio disse também que não dá para trazer a cultura da universidade para a empresa e vice-versa. Para ele, o caminho é a cooperação entre os setores e não convencimento de que um é melhor do que o outro.
EVALDO FERREIRA VILELA - presidente do CNPq
“O Brasil precisa de foco. Precisamos ter um plano nacional de desenvolvimento inclusivo, que enfrente as desigualdades do país, que tenha uma agenda comum de pesquisas e que encare uma produção industrial mais sustentável”
Para Vilela, a falta de foco faz com que as instituições de pesquisa trabalhem com objetivos diferentes. E na visão dele, seria importante ter uma agenda colaborativa e focada para que os esforços se transformem em ações.
HELENA NADER - presidente da ABC
“Precisamos de uma política de estado para educação, ciência, tecnologia e inovação. Espero que esse encontro possa ser um recomeço. Precisamos dividir, a academia e o empresariado, os escassos recursos que foram destinados para CT&I no Brasil”
Helena ressaltou que o Brasil precisa avançar no modelo da sociedade do conhecimento. “Acredito demais na ciência”. Ela disse também que acredita que o estado precisa favorecer a sua indústria.
RENATO JANINE RIBEIRO - presidente da SBPC
“Precisamos renovar a estratégia nacional de ciência, tecnologia e inovação. Atualizar significa ver quais são as áreas que podemos ser vanguarda, produzir excelência e sermos líderes”
Janine citou a Amazônia, como um bioma importante para o mundo, principalmente, pro Brasil. De lá, temos de conhecer, saber manejar e usar para produção sustentável e geração de renda para a população e indústria. Para isso, ele defendeu a realização de parcerias com blocos e países importantes.
PAULO ALVIM - ministro de Ciência, Tecnologia e Inovações
“É preciso convergência para ter uma política e uma agenda de estado para ciência, tecnologia e inovação. E para isso, academia e indústria precisam ser complementares”
Outro ponto que o ministro comentou é a necessidade de dar segurança jurídica para as universidades e as empresas desenvolverem ações de inovação. É preciso avançar na legislação para ter arcabouço legal e condições para se fazer investimentos na área.