34 milhões de brasileiros sem acesso a água têm desvantagem na prevenção ao coronavírus

Dados da CNI mostram que abastecimento de água é interrompido mais de 200 mil vezes ao ano e o tempo médio de cada interrupção é de 196 horas, o que representa oito dias sem fornecimento contínuo de água

Uma das principais formas de prevenção à transmissão da Covid-19 está na higienização das mãos. Contudo, essa simples conduta depende diretamente da disponibilidade do abastecimento de água. No Brasil, mais de 34 milhões de brasileiros ainda não têm acesso à água encanada. E mesmo aqueles que dispõem do serviço, muitas vezes sofrem com interrupções ou paralisações no acesso à água encanada.

Levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que o abastecimento de água no Brasil é interrompido mais de 200 mil vezes ao ano e o tempo médio de cada interrupção é de 196 horas, o que representa cerca de oito dias sem fornecimento contínuo de água. Os problemas ocorrem por situações como racionamento e escassez, por alterações na pressão da rede, quedas de energia e reparos no sistema.

“A interrupção temporária e esporádica do abastecimento de água pode representar um aspecto inerente à prestação do serviço por conta de necessárias manutenções no sistema. No entanto, a elevada ocorrência por período prolongado sinaliza a baixa qualidade na prestação dos serviços”, destaca a especialista em Infraestrutura da CNI Ilana Ferreira.

O levantamento da CNI mostra também que o tempo médio de interrupção na prestação dos serviços de abastecimento de água das companhias privadas é de 13 horas, enquanto no caso das companhias estaduais a média chega a 256 horas.

O caminho para reverter o problema passa pela aprovação do novo marco legal do saneamento básico (Lei 4.162/2019), que está em discussão no Senado. O projeto prevê a concorrência no setor, normas de referência regulatórias e exige capacidade econômico-financeira dos operadores, além de metas de atendimento e qualidade.

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